Livros
PUBLICIDADE

Por Bolivar Torres


Lygia Fagundes Telles, em 1997 Agência O Globo — Foto:
Lygia Fagundes Telles, em 1997 Agência O Globo — Foto:

RIO — Lygia Fagundes Telles morreu no último domingo (3) oficialmente com 98 anos. Mas documentos divulgados nesta quinta pelo genealogista Daniel Taddone apontam que a escritora teria mentido sua idade por décadas. Ao contrário do que ela mesma dizia, Lygia na verdade teria nascido em 1918, o que significa que sua morte ocorreu aos 103 anos. Se isso for verdade, o Brasil deixou de celebrar em 2018 o centenário de uma das maiores escritoras de sua História.

Taddone usou como base para sua afirmação uma suposta certidão de nascimento da escritora e um suposto registro de casamento. Ele usou suas redes para divulgar a sua descoberta, que viralizou nesta quinta-feira, 7.

Ele contou ao GLOBO que os documentos foram garimpados no site FamilySearch, uma organização de pesquisa genealógica que mantém uma coleção de registros, recursos e serviços gratuitos destinados a ajudar as pessoas a aprenderem mais sobre a história de sua própria família.

— Ao verificar a entrada individual de Lygia no FamilySearch, esses registros foram "sugeridos" pelo próprio sistema — conta. — Imediatamente percebi (e outros pesquisadores também) que havia uma grande incongruência no ano de nascimento de Lygia.

Consultados pela reportagem, familiares e amigos de Lygia não negam nem confirmam a revelação. Segundo a neta da autora, Lucia Telles, Lygia não gostava de comemorar aniversário ou de falar sobre sua idade.

— Eu estou vendo essa repercussão — diz Lucia. — Eu não sei se a notícia é real. Nunca falávamos nada disso. Não tinha nem parabéns para ela. Por isso, aqui em casa, não tem importância. Para nós, aqui perto, ela era de 1923 mesmo.

O que ler de Lygia Fagundes Telles: conheça cinco livros fundamentais da escritora

A Academia Brasileira de Letras, da qual Lygia ocupava a cadeira 16, usa a data informada pela autora, 19 de abril de 1923 em seu site. Também imortal da ABL e amiga de Lygia, Nélida Pinõn conta que não sabia que a colega de fardão escondia a idade.

— Na geração dela, as mulheres sempre foram instadas, não a enganar de forma pecaminosa, mas sim para se proteger, porque eram tempos em que ficavam desvalorizadas a partir dos 40 - diz Nélida. - Aliás, até hoje assim. De qualquer modo, eu não sabia e não estou desejosa de perscrutar isso.

Ela lamenta, porém, que o centenário não tenha sido comemorado.

— Mas ela determinou que assim fosse — resigna-se.

Mais recente Próxima
Mais do Globo

Ex-presidente Jair Bolsonaro é quem mais afasta eleitores, diz pesquisa

Datafolha aponta que 56% podem mudar voto para prefeitura de SP por rejeição a padrinho político

Casal teria retomado acordo milionário com serviço de streaming pra realizar novo documentário sobre realeza britânica

'Em pânico': família real teme novo projeto de príncipe Harry e Meghan Markle, diz site; entenda

Idade avançada continua sendo motivo de preocupação para seus colegas exilados, que temem que Pequim nomeie um sucessor rival para reforçar seu controle sobre o Tibete

Dalai Lama diz que está em bom estado de saúde após cirurgia nos Estados Unidos

Mikel Merino deu a volta na bandeira de escanteio para homenagear o genitor após selar a vitória espanhola na prorrogação

Pai de 'herói' da Espanha na Eurocopa marcou gol decisivo contra alemães no mesmo estádio há 32 anos; compare

Com os criminosos foram apreendidos drogas, dinheiro, máquina de cartão de crédito e diversos celulares roubados

Polícia Civil prende em flagrante três homens por tráfico e desarticula ponto de venda de drogas no Centro

Sem citar caso das joias, ex-presidente citou ‘questões que atrapalham’ e criticou a imprensa

Após indiciamento por joias, Bolsonaro é aplaudido em evento conservador ao dizer estar pronto para ser sabatinado sobre qualquer assunto

Embora Masoud Pezeshkian tenha sido eleito com a defesa do diálogo com nações ocidentais, decisões sobre política externa ou nuclear permanecem sob aiatolá Ali Khamenei

Vitória de candidato moderado no Irã pode aliviar, mas tensões nucleares não vão acabar, dizem analistas