Livros
PUBLICIDADE


Salman Rushdie fotografado na passagem subterrânea para a Fonte Bethesda, no Central Park, em 2008 — Foto: Nicole Bengiveno/The New York Times
Salman Rushdie fotografado na passagem subterrânea para a Fonte Bethesda, no Central Park, em 2008 — Foto: Nicole Bengiveno/The New York Times

Jornal marcado por um ataque terrorista em sua sede, em Paris, em 2015, no qual 12 pessoas morreram, o Charlie Hebdo publicou um artigo em seu site na noite desta sexta-feira (12) em apoio ao escritor Salman Rushdie, hospitalizado após ser esfaqueado durante um evento em Nova York. À época do atentado francês, Rushdie foi um dos intelectuais que se levantaram contra o fanatismo religioso: o semanário humorístico foi atacado após publicar uma capa com uma sátira ao Profeta Maomé.

O escritor anglo-indiano vive sob proteção policial desde 1989, quando publicou "Versos satânicos", considerado pelos fundamentalistas ofensivo a Maomé e à fé islâmica. Uma recompensa de US$ 2 milhões foi oferecida pela sua vida, depois que o Ayatollah Khomeini, do Irã, emitiu a fatwa, um decreto religioso, clamando pela morte "do autor do livro (...) e todos aqueles envolvidos em sua publicação que estejam cientes de seu conteúdo". Apesar de a fatwa ter sido oficialmente encerrada em 1998 pelo ex-presidente iraniano Mohammad Khatami, a perseguição ao autor nunca parou.

O texto abre dizendo que, até o momento, não se sabe as razões que motivaram o autor do ataque a Rushdie: "Revoltou-se contra o aquecimento global, contra a queda do poder aquisitivo ou contra a proibição de regar vasos por causa da onda de calor? Nos arriscamos, porém, a dizer que é provavelmente um fundamentalista, que é provavelmente muçulmano e que também provavelmente cometeu o ato em nome da fatwa lançada em 1989 pelo aiatolá Khomeini contra Salman Rushdie, que o condenou à morte".

O texto segue em tom contundente: "A religião nunca esquece porque quer ser eterna e não tem nada a ver com nossas emoções terrenas. A liberdade de pensar, refletir e de se expressar não tem valor para Deus e seus servos. E no Islã, cuja história muitas vezes foi escrita com violência e submissão, esses valores simplesmente não têm lugar, porque são muitas as ameaças contra seu domínio na mente das pessoas".

"Com que direito os indivíduos, a quem não damos a mínima se são religiosos, se arrogam o direito de dizer que alguém deve morrer? Pequenos líderes espirituais medíocres, intelectualmente nulos e muitas vezes culturalmente ignorantes, essas são as pessoas que devem ser combatidas porque são as que não têm respeito. Não a um texto religioso escrito por algum homem esclarecido, mas à inteligência, sensibilidade e criatividade humanas. Simplesmente Humanidade".

O artigo termina questionando o uso da palavra "respeito" quando usada apenas como forma de intimidação em nome de Deus: "A palavra 'respeito' tornou-se uma arma usada para ameaçar e até matar. É por isso que a palavra 'respeito' é sistematicamente brandida pelas religiões. Seus dogmas afirmam coisas absurdas que só podem ser impostas por submissão ou intimidação. Quando você inspira respeito, não precisa emitir fatwas para ter credibilidade. Respeito não é devido, é conquistado. É aí que reside a grande fraqueza das religiões. Eles frequentemente inspiram mais ridículo do que respeito".

Após desferir de 10 a 15 golpes de faca contra Rushdie, o homem identificado como Hadi Matar foi preso pela polícia de Nova York. Ele tem 24 anos e é de Fairview, Nova Jersey. Segundo a polícia, a motivação do crime não foi ainda esclarecida.

Mais recente Próxima
Mais do Globo

Herança dos povos que habitavam a costa do Brasil na época do descobrimento, peça deve ser exposta ao público pelo Museu Nacional em agosto

Ancião sagrado: manto Tupinambá, que foi devolvido ao Brasil pela Dinamarca, 'pediu' para ser trazido de volta; entenda

Três dos 66 passageiros dos dois veículos conseguiram escapar antes que eles caíssem no rio Trishuli

Mais de 60 estão desaparecidos após deslizamento de terra arrastar ônibus no Nepal; vídeos

Armas são invisíveis e silenciosas; relação entre países está cada vez mais tensa

Coreia do Sul vai usar lasers 'Star Wars' contra drones norte-coreanos

Homem e mulher são acusados de tentar enviar informações sigilosas para Moscou; eles podem enfrentar até 15 anos de prisão

Casal acusado de espionar para a Rússia é detido na Austrália

Time ficará uma rodada sem jogar e pode aproveitar período para se adaptar melhor às ideias de Mano Menezes

Criciúma x Fluminense: Intensidade na reta final aponta caminho para reação no campeonato; leia análise

Pesquisador da Universidade de Yale publicou vários livros comentando seus avanços e descobertas ao longo desses anos

Médico que ficou oito anos sem tomar banho revela efeitos no corpo; entenda

O incidente ocorreu nos Alpes italianos; a vítima, de 41 anos, estava de férias com sua família

Mulher cai 150 metros e morre após roupa prender em teleférico, na Itália

Meia alvinegro deixou o gramado logo após sentir a coxa em cobrança de penalidade

Eduardo, do Botafogo, não foi o primeiro: relembre outros jogadores que se lesionaram no momento do pênalti

Vencedores de concorrência digital de quase R$ 200 milhões na pasta eram conhecidos antecipadamente

Licitação da Secom faz reviver espectro da corrupção nas gestões petistas

As prisões são incomuns, mas não inexistentes

Presos por racismo