![Carlos Drummond de Andrade em 1982 — Foto: Rogerio Reis/Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/7n1DTZ-HDRRWT5IYjqfyaFtkvQs=/0x0:3648x2552/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/G/1/7Nto9VT1eAfDB4le67eg/79612532-sc-olhar-rogerio-reis-e-drummond-carlos-drummond-de-andrade-homenagem-aos-80-anos.jpg)
Um texto de Carlos Drummond de Andrade publicado pela Folha de S. Paulo em 2 de agosto de 1979 sobre a luta dos ianomâmis pela sobrevivência em seu território vem sendo compartilhado nas redes sociais, após a revelação da tragédia humanitária pela qual a etnia passa em Roraima. O Ministério da Justiça estima que 570 crianças indígenas morreram pela contaminação por mercúrio utilizado pelo garimpo, desnutrição e fome nos últimos quatro anos.
Na coluna de título "Não deixe acabar com os yanomami", o poeta mineiro já alertava para o impacto do garimpo e da exploração desenfreada da floresta, relatando o aumento de casos de doenças como sarampo, tuberculose e ISTs. Drummond também usa o espaço para defender o projeto de lei que previa a criação do então Parque Indígena Yanomami, hoje Terra Indígena Yanomami, cuja demarcação só foi homologada em maio de 1992.
Em entrevista ao GLOBO, o escritor Ailton Krenak também falou como os ianomâmis já enfrentavam o garimpo desde a década de 1980 e como a situação se agravou nos últimos anos: "O território ianomâmi já estava invadido nos anos 1980. Os garimpeiros foram expulsos no governo Collor, mas voltaram. Tem mais de 20 mil garimpeiros lá, embora o ex-vice-presidente (Hamilton) Mourão tenha dito que este número é inflado. Se ele diz que é inflado, deve saber quantos são. Ele anunciou uma força-tarefa contra o garimpo e deveria prestar contas do que foi feito. O governo Bolsonaro abriu a porteira para o garimpo, que dá muito lucro para governadores, senadores e generais".