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Por Constant Méheut, The New York Times — Paris

Publicado logo depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, o romance “O mago do Kremlin” explora o funcionamento interno do governo Vladimir Putin. Acabou cativando a França, ganhando prêmios e vendendo mais de 430 mil cópias (sendo o quinto mais vendido do país no ano passado). A obra se transformou em um guia para entender os motivos de Putin, cuja versão romanceada afirma: “Há duas coisas que os russos exigem do Estado: ordem interna e poder externo.”

O livro também fez de seu autor, o suíço-italiano Giuliano da Empoli, um cobiçado “kremlinologista”, convidado para almoçar com autoridades francesas e participar do principal noticiário matinal da França para analisar os desenvolvimentos da guerra.

O sucesso ilustrou o poder contínuo da literatura na França, onde os romances há muito moldam o debate público. Élisabeth Borne, a primeira-ministra, declarou que “gostou muito do livro, que mistura ficção e realidade, ecoando os eventos atuais internacionais e a guerra na Ucrânia”.

Em circunstâncias normais, “O mago do Kremlin” poderia ter se tornado um inofensivo debate literário do tipo que periodicamente toma conta da França. Mas não em tempo de guerra. Por isso, o sucesso do romance também levantou preocupações com a ideia de que a obra possa estar moldando a visão da França sobre a Rússia. Seus detratores apontam que o texto transmite um retrato amplamente simpático de Putin, que pode influenciar a política em um país que já é criticado por ser muito condescendente com o líder russo.

“O mago do Kremlin” é construído em torno de um relato fictício de um poderoso assessor de Putin de longa data que reflete sobre a decadência ocidental, a meta dos EUA de colocar a Rússia de “joelhos” e a preferência dos russos por um líder forte.

Na melhor das hipóteses, a popularidade do livro reproduz o que Gérard Araud, ex-embaixador francês nos EUA, chamou de “espécie de fascínio francês pela Rússia”.

Na pior das hipóteses, continuam os detratores, sinaliza visões indulgentes de Putin que são duradouras na França e que podem moldar a posição do país em relação à guerra, como se reflete nos apelos do presidente Emmanuel Macron para que a Rússia não seja humilhada.

— O livro transmite os clichês da propaganda russa, com algumas pequenas nuances. Quando vejo o sucesso que está fazendo, fico preocupada — afirmou Cécile Vaissié, cientista política especializada em Rússia.

Outra visão

Hubert Védrine, ex-ministro das Relações Exteriores da França, descreveu o livro como “incrivelmente crível”.

Da Empoli entregara o manuscrito à editora Gallimard há dois anos. Mas depois a Rússia invadiu a Ucrânia. O romance foi um dos primeiros novos olhares sobre Putin e logo começou a ser o assunto principal em Paris.

Dissecar a política não é uma novidade para Da Empoli. Ex-vice-prefeito de Florença, na Itália, e conselheiro de um primeiro-ministro italiano, já publicou uma dúzia de ensaios políticos em italiano e francês.

Mas Da Empoli queria experimentar a ficção e tinha um “fascínio” com a forma como o poder russo é projetado. Assim, fez do narrador de seu romance, Vladislav Surkov, uma das figuras mais intrigantes do país.

— O desafio do livro é assumir o ponto de vista do diabo — ressaltou o escritor.

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