O escritor Salman Rushdie deu a primeira entrevista desde que foi esfaqueado em uma evento literário, em Nova York, em agosto do ano passado. Para a revista New Yorker, Rushdie disse que tem sorte e seu sentimento maior é de gratidão.
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Rushdie, de 75 anos, foi atacado a facadas no pescoço e no peito enquanto fazia uma palestra no Instituto Chautauqua, em Nova York, sobre a importância de os Estados Unidos darem asilo político a escritores. O autor ficou hospitalizado por seis semanas, perdeu a visão em um dos olhos e o movimento em uma das mãos.
Hadi Matar, de 24 anos, foi detido e acusado por homicídio duplamente qualificado, mas nega a acusação. Em 1989, o ex-líder do Irá, aiatolá Khomeini emitiu uma fatwa (pronunciamento legal feito por um especialista ou autoridade religiosa no Islã) ordenando sua execução por considerar o livro "Versos Satânicos" ofensivo ao profeta Maomé. A fatwa foi renovada em 2005 pelo aiatolá Ali Khamenei, atual líder do Irã. Por causa delas, Rushdie vive no anonimato durante anos.
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Na entrevista, Rushdie culpa Hadi Matar pelo esfaqueamento e exime os responsáveis pela segurança do Instituto e da palestra. O escritor disse ainda ser grato aos socorristas e médicos que salvaram sua vida: "Em algum momento irei lá para agradecer', disse.
Rushdie afirma, na entrevista, que as feridas maiores estão "curadas, cicatrizadas", que voltou a sentir o polegar e o indicador e uma parte da palma da mão afetada, "depois de passar por muitos tratamentos".
"Durante todos esses anos, eu tentei evitar a recriminação e a amargura. Acho que não são boas. Uma das maneiras como eu lido com essas coisas é olhando adiante, e não para trás. O que vai acontecer amanhã é mais importante do que o que aconteceu ontem", disse Rushdie, na entrevista feita pelo escritor David Remnick.
"Eu posso andar. Há partes do meu corpo que precisam de check ups constantes. Foi um ataque colossal", afirmou Rushdie - Considerando o que aconteceu, não estou mal.
No dia 9, será lançado nos EUA um novo livro de Rushdie, "Victory City". Seu agente literário afirmou que o escritor não fará nenhum evento promocional da publicação. devido ao seu estado de saúde.