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Morreu nesta sexta-feira (17), aos 91 anos, o escritor chileno Jorge Edwards, autor de títulos como "Persona non grata", no qual narra seu desencanto com a Revolução Cubana. Vencedor do Prêmio Cervantes, o mais prestigioso da língua espanhola, e amigo do Nobel de Literatura chileno Pablo Neruda, Edwards morreu em Madri. Sua morte foi confirmada à agência de notícias AFP por seu filho, que também se chama Jorge Edwards.

“Foi basicamente a diabetes que progrediu e produziu um estado de saúde que o levou à internação no fim de semana e depois, assim que voltou para casa, ele faleceu”, disse o filho, que vive em Santiago no Chile.

No Twitter, o Instituto Cervantes lamentou a morte do escritor. "Perdemos um romancista excepcional, um ensaísta corajoso e um jornalista atento a todas as camadas da atualidade. Sentiremos falta de sua vitalidade e moral elevado”, afirma a nota.

Edwards nasceu em Santiago, em 1931. Estudou Direito na da Universidade do Chile e fez estudos de pós-graduação na Universidade Princeton, nos Estados Unidos. Foi diplomata entre entre 1957 e 1973. Serviu na França, no Peru e em Cuba. Sua última missão na diplomacia chilena foi o de embaixador em Paris, entre 2010 e 2014, durante o primeiro mandato do ex-presidente conservador Sebastián Piñera.

Em 1971, Edwards passou três meses em Havana para abrir ali uma embaixada chilena. O governo socialista de Salvador Allende havia reestabelecido os laços diplomáticos com a ilha, então comandada por Fidel Castro.

Em conversas com escritores locais, descobriu que a vida na Cuba pós-revolucionária não era aquilo que a propaganda castrista dizia. Edwards não chegou a ser expulso, mas deixou o país antes do previsto e seguiu para Paris, onde Neruda chefiava a representação diplomática chilena. A experiência rendeu o livro "Persona non grata", que ganhou a admiração de grandes escritores latino-americanos, como o cubano Guillermo Cabrera Infante e o mexicano Octavio Paz. "Sua linguagem é uma amálgama das virtudes mais difíceis: a transparência com a inteligência, a penetração mais incisiva com um sorriso", disse este último, Nobel de Literatura.

No Brasil, a finada editora Cosac Naify publicou um romance de Edwards, "A origem do mundo", elogiado pelo Nobel de Literatura peruano Mario Vargas Llosa. "De todas as histórias que escreveu, esta é a que eu gosto mais, a mais divertida e inesperada, a de construção mais astuta", disse.

"A origem do mundo" conta a história do casal de médicos Silvia e Patricio Illanes, exilados em Paris após o golpe de Pinochet, em 1973. Lá, eles convivem com o amigo Felipe Diaz, um boêmio livre e sedutor, além de crítico dos velhos dogmas da esquerda. Após a morte de Felipe, Patricio não demora a desconfiar da natureza dos sentimentos de sua esposa pelo amigo e empreende uma investigação cuja principal pista é uma reprodução do célebre quadro de Gustave Coubert que dá nome ao livro.

Não é coincidência que o enredo lembre um dos maiores clássicos da literatura brasileira: Edwards era admirador de Machado de Assis e publicou um livro sobre o autor.

Edwards participou da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2014. Contou ter vindo ao Brasil nos anos 1950 e se hospedado no apartamento de Rubem Braga. "Nos tornamos muito amigos. Bebíamos muito uísque, tenho que confessar. No Chile não dava para importar uísque, só tínhamos o chileno, que era muito perigoso. E ele chegava com aquelas garrafinhas extraordinárias, era como chegar com uma chave que abre todas as portas", disse no palco da Flip.

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