O motorista do poeta Pablo Neruda, Manuel Araya, morreu nesta quinta-feira, em um hospital de Santiago devido a um aneurisma, noticiou a imprensa chilena. Foi Araya o responsável por denunciar que o vencedor do Nobel de Literatura não havia morrido de câncer de próstata, como indica a história oficial, mas sim envenenado. Como resultado desse testemunho, uma investigação começou em 2011 e segue em um julgamento cheio de reviravoltas.
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“Sem dúvida Manuel Araya foi peça chave com o seu testemunho e a sua coragem para que existissem os elementos que deram origem à denúncia pela morte do poeta que deu origem ao processo judicial investigação, ainda em andamento, mas que nos aproxima da verdade sobre as reais causas da morte", afirmou em comunicado o Partido Comunista, que apresentou a denúncia junto com a família de Neruda.
Trinta e sete anos após a morte de Neruda, Araya havia declarado na revista mexicana El Proceso: "A única coisa que quero antes de morrer é que o mundo saiba a verdade, que Pablo Neruda foi assassinado." O motorista suspeitava que o poeta havia sido envenenado durante sua estada na clínica. Com base nesse depoimento, o Partido Comunista apresentou uma denúncia no mesmo ano para investigar os motivos da morte.
Meio século depois da morte de Pablo Neruda, e no meio de um longo processo judicial com reviravoltas e exumações que já dura onze anos, ainda não foi determinado se o escritor teria sido vítima de uma injeção letal. Entre janeiro e março, um terceiro painel de especialistas internacionais se reuniu para determinar se a bactéria Clostridium botulinum encontrada no corpo estava ou não relacionada à morte do poeta. Um sobrinho de Neruda chegou a anunciar que o envenenamento havia sido confirmado, mas no final os especialistas não chegaram a um acordo. Os novos relatórios científicos — cujas conclusões não foram divulgadas — ficaram nas mãos da juíza Paola Plaza.
Pablo Neruda morreu aos 69 anos em 23 de setembro de 1973, doze dias após o golpe militar de Augusto Pinochet, na clínica Santa María, em Santiago do Chile. A esta altura, os restos mortais do poeta já tiveram quatro funerais.