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Por , Em O Globo — Rio de Janeiro

Às 19h30 em ponto deste sábado (2), um frisson tomou conta do espaço Palavra-Chave, principal palco da 21º Bienal do Livro. A mulher mais desejada da festa adentrava o recinto. Tímida e deslocada, a escritora Julia Quinn sentou em um trono improvisado como uma rainha acidental. Trajando um vestido florido que remetia à aristocracia europeia do século XIX retratada em seus livros, ela acenou para os cerca 500 súditos que enfrentaram mais de 10 horas de fila para vê-la. Estava oficialmente aberto o Baile da Realeza, ponto culminante do primeiro fim-de-semana de Bienal.

— Vamos celebrar a nossa rainha! — anunciou a escritora Clara Alves, mestre de cerimônias do evento e co-curadora do Palavra-Chave, em meio aos gritos de "Julia! Julia! Julia".

A "majestade" em questão não tem sangue azul, mas tudo que ela toca fica verde — de dinheiro. A nova-iorquina de 53 anos vendeu mais de 2,5 milhões de exemplares com "Bridgerton", série de livros que revolucionou o romance histórico misturando conflitos da aristocracia com conto de fadas.

Após virar série na Netflix, o universo "Bridgerton" fixou no imaginário um visual próprio, e assumidamente fantasioso, do século XIX. Os figurinos, os cenários e as danças parecem saídas de um desenho de princesas da Disney — ou de um baile de debutantes no interior do Brasil.

Foi essa estética que a organização tentou emular para o evento, programado como um "baile de máscaras com temática "Bridgerton" — e que, na prática, acabou sendo uma mistura de mesa literária com happening e flashmob. Nem 10% do público da festa, porém, veio à rigor. Algumas poucas fãs apareceram usando os vestidos de suas personagens favoritas. Os números de dança ficaram restritas a uma equipe de dez dançarinos, que reproduziram os icônicos passos de quadrilha da série ao som de composições da trilha sonora original.

Ao lado de Julia Quinn, a mediadora Frini Georgakopoulos, editora de aquisição da Arqueiro, que publica a autora no Brasil, fez questão de abafar qualquer clima de galanteio na festinha.

— Isso aqui é baile, mas também é Bienal do Livro. Não quero ver ninguém escapando para os jardins (do Riocentro) — brincou.

Clima 'Bridgerton': grupo vestido a caráter no baile da Bienal — Foto: Agência O Globo
Clima 'Bridgerton': grupo vestido a caráter no baile da Bienal — Foto: Agência O Globo

A dinâmica não era exatamente de interação (e muito menos de pegação), mas os fãs não se importaram em ser espectadores passivos. Formado por uma imensa maioria de mulheres, o público queria mesmo era ver e ouvir ao vivo a sua rainha. Julia respondeu algumas perguntas curtas da mediadora. O ponto alto foi quando a rainha revelou — em português — as suas duas coisas preferidas no Brasil.

— As pessoas... — Ela fez uma pausa antes de complementar: — E pão de queijo.

Foi o suficiente para eletrizar um público já cansado pelo tempo de espera. Nayara Maciel Areias, de 26 anos, pegou cinco horas de estrada e trânsito para ir de Macaé até o Riocentro. Depois, foram mais seis horas na fila para a festa. Mas, assim que os violinos começaram a tocar e os dançarinos iniciaram as quadrilhas, ela se sentiu dentro do cenário dos livros que ama.

Baile foi a sensação do segundo dia de Bienal — Foto: Divulgação
Baile foi a sensação do segundo dia de Bienal — Foto: Divulgação

— Todo mundo precisa de romance — diz a macaense, que vestiu seu traje do século XIX em um banheiro do Riocentro antes do baile. — "Bridgerton" nos traz esperança.

Embora estivesse em um "baile", Nayara não estava falando sobre galanteio e romance amoroso. O “romance”, no caso, é a trajetória romanesca e empoderada das personagens femininas criadas por Quinn.

— As personagens estão lutando e buscando as coisas delas, sem se preocupar com os outros — diz. — Elas nos mostram que podemos ser o que quisermos.

Responsáveis pelo fã-clube Julia Quinn Brasil (@ldywhistledown), as paulistas de Barra Funda Flavia Carvalho Paula (30 anos), Talita Oliveira (36 anos) e Manu Trizi (30 anos), concordam com Nayara. Na série, os homens são apenas "figurativos".

— A Julia costuma dizer que cria personagens femininos das quais gostaria de ser amiga — diz Flavia. — A gente se identifica com o que elas estão vivendo. Para a nós a série é um escapismo, é poder ser o que queremos, sem se importar com julgamentos.

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