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Marcado inicialmente para esta quarta-feira (27), o translado dos restos mortais de Eça de Queiroz (1845-1900) para o Panteão Nacional português será adiado devido a divergências entre os descendentes do autor de “O primo Basílio”. Em 15 de janeiro de 2021, a Assembleia Nacional aprovou uma resolução abria as portas do Panteão Nacional ao escritor, um dos maiores nomes da literatura em língua portuguesa. Com exceção do partido de extrema direita Chega, todas as legendas representadas no parlamento português apoiaram a homenagem. No entanto, na última semana, seis bisnetos do escritor recorreram à Justiça para impedir a mudança de Queiroz para o Panteão Nacional, que abriga os restos mortais de outros ícones da cultura lusitana, como a fadista Amália Rodrigues e o jogador de futebol Eusébio.

A Justiça, porém, manteve a homenagem ao escritor porque a maioria dos herdeiros é favorável. Dos 22 bisnetos vivos de Queiroz, 13 concordam com a mudança do patriarca para o Panteão Nacional, três não se pronunciaram sobre o assunto e seis são contrários. Segundo o jornal espanhol El Pais, em uma mensagem a um primo, um bisneto que compartilha o nome do escritor, José Maria Eça de Queiroz, reclamou que “o Panteão é um lugar pouco frequentado”. “Lá, meu bisavó estaria na companhia de um jogador de futebol, uma fadista e, veja só, um militante antifascista que não fez nada para ao país além de ter sido assassinado pela PIDE (polícia política da ditadura salazarista)”, escreveu.

Queiroz faleceu em Paris, aos 54 anos, em 1900. Sua viúva, Emília de Castro, decidiu sepultá-lo no túmulo dos pais dela, os condes de Resende, no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa. Em 1989, os restos mortais do escritor foram transladados para a tumba de sua própria família, na freguesia de Santa Cruz do Douro, no norte de Portugal. À época, todos os quatro filhos do autor já haviam falecido e as decisões foram tomadas por Maria da Graça Salema de Castro, esposa de um dos netos.

A região de Santa Cruz do Castro inspirou Queiroz a criar Tormes, o cenário rural de um dos seus romances mais celebrados, “A cidade e as serras”. Lá, funciona a Fundação Eça de Queiroz, presidida por seu trineto, o também escritor Afonso Reis Cabral. Foi ele, aliás, quem começou a campanha pela ida do avô para o Panteão Nacional, embora alguns de seus primos argumentem que o desejo do escritor era permanecer em Santa Cruz do Douro (onde ele passara pouquíssimo tempo em vida). Queiroz não deixou instruções sobre onde gostaria de ser sepultado.

Ao El Pais, Cabral disse que “Eça está acima de qualquer homenagem e está claro que merece estar no Panteão Nacional”. “A questão é decidir se devemos, como sociedade, fazer essa homenagem a alguém que tanto influenciou Portugal”, afirmou o trineto do autor de “Os Maias”, que ainda acusou os primos de “má fé”. “Passaram-se dois anos e meio sem que ninguém apresentasse nenhuma medida judicial”, completou.

A agência de notícias Lusa publicou que, no último domingo (24), cerca de 50 pessoas protestaram em Santa Cruz do Douro contra a ida de Queiroz para Panteão Nacional. Líderes locais acreditam que a mudança do escritor poderá prejudicar a região. Prefeito da cidade de Baião (onde fica Santa Cruz do Douro), Paulo Pereira discorda. Ao El Pais, ele afirmou estar “muito satisfeito com a homenagem” ao escritor e que só ficaria preocupado se a Fundação Eça de Queiroz decidisse deixar a região.

Após a decisão judicial que rejeitou o pedido da família para impedir o translado, o deputado Pedro Delgado Alves disse à imprensa portuguesa que a cerimônia de entrada de Queiroz no Panteão Nacional será remarcada “em breve”.

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