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Por — Rio de Janeiro

Um faz tiras ácidas, corrosivas. O outro, parou com elas, mas produzia num estilo diferente, sem humor, de gags visuais, subjetivas — ou como ele mesmo diz, tiras com um humor sem piada.

O primeiro é o carioca André Dahmer, que lança nesta quinta, às 19h, na Livraria da Travessa de Botafogo (R. Voluntários da Pátria 97), “Quadrinhos dos anos 20” (Quadrinhos na Cia.), uma compilação do que ele publicou recentemente nos jornais O GLOBO e Folha de S. Paulo. O segundo é o gaúcho Rafael Sica, que publica pelo mesmo selo uma edição revista e ampliada de “Ordinário”, antologia com o que o quadrinista realizou de 2008 a 2014, período em que criou suas tiras visualmente desconcertantes.

Sem internet. Uma das tiras de “Quadrinhos dos anos 20”, antologia que reúne o melhor do trabalho mais recente do cartunista carioca André Dahmer — Foto: Reprodução
Sem internet. Uma das tiras de “Quadrinhos dos anos 20”, antologia que reúne o melhor do trabalho mais recente do cartunista carioca André Dahmer — Foto: Reprodução

Poder de fogo

O grande trunfo das coletâneas de tiras é poder ver uma série delas em sequência, comprovando o poder de fogo da crônica social em quadros de cada artista. Como é o caso de Dahmer, que dedica boa parte das páginas de seu livro em formato horizontal para uma representação humanoide do algoritmo, essa espécie de vilão do mundo contemporâneo. Na visão do artista carioca, o sujeito usa macacão e capacete para lidar com materiais tóxicos. A ironia é que é o atroz personagem quem mais libera toxicidade ao longo da publicação.

— Sabemos hoje que o fenômeno da internet é uma revolução do tamanho da Industrial, iniciada no século XVIII — reflete o carioca, de 49 anos. — Acho que ninguém ainda está preparado para dizer o quanto de dano ou benefício teremos com ela. Se a internet veio para melhorar, piorar ou destruir o mundo.

Dahmer diz ter a sensação de que vivemos dias confusos, em que não damos conta dos danos e benefícios que estão nascendo agora, com o avanço dessas tecnologias:

— Porém, não acho que a internet tende a potencializar a tristeza, ou o isolamento. Não é culpa da tecnologia, mas da maneira como os homens se apoderam e usam essas novas invenções. Acho que o problema continua sendo o lucro pelo lucro, sem referência éticas ou morais. É um problema antigo, não vem de agora.

Diferentemente de Dahmer, Sica cansou do formato e não produz mais tiras há quase dez anos.

— Experimentei muito o formato, testei coisas, acertei, errei, inventei e parei de fazer —explica o quadrinista, nascido em 1979. — Quando você se repete muito e as tiras são, acima de tudo, repetição de um molde, seu desenho corre o risco de se tornar preguiçoso. Hoje meu desenho se desdobra em outros formatos menos usuais, o que me dá uma certa liberdade criativa.

Quando Sica diz que sua arte se desdobra em outros formatos, ele se refere a projetos como o caderno em espiral de desenhos “Triste”(Lote 42) ou o álbum em quadrinhos “Meu mundo versus Marta” (Quadrinhos na Cia.), com roteiro de Paulo Scott, ou ainda a atual empreitada do artista, uma espécie de homenagem a todas as ilustradoras e ilustradores de enciclopédias genéricas e livros técnicos, didáticos ou científicos.

— O projeto, que se chama “A última enciclopédia”, é uma assinatura de gravuras em parceria com o atelier Caderno Listrado — conta Sica. — São dez gravuras, dez volumes da enciclopédia distribuídos mensalmente para assinantes.

Em uma das novas tiras da versão revista e ampliada de “Ordinário”, personagem anônimo do gaúcho Rafael Sica (foto acima) exemplifica com perfeição a insatisfação — Foto: Reprodução
Em uma das novas tiras da versão revista e ampliada de “Ordinário”, personagem anônimo do gaúcho Rafael Sica (foto acima) exemplifica com perfeição a insatisfação — Foto: Reprodução

‘Um livro humano’

Sica também lançou há poucas semanas um trabalho em dupla com o colega quadrinista Allan Sieber, que escreveu a convite dele o álbum de título inusitado “Satã amigo das crianças boas” (Veneta).

—Vi um desenho do Allan com Satã oferecendo um sorvete para uma criança e a mesma frase do título do livro acima. Pensei que a frase poderia se desdobrar, virar algo para contar um pouco mais sobre esse Satã amigo. — lembra Sica. — Então convidei o Allan para escrever, ele topou e eu ilustrei. Achei que o humor direto dele cairia bem com as sutilezas do meu desenho.

Mesmo com a palavra criança no título, Sica adianta que não se trata de uma publicação infantil:

— Em poucas palavras, é um livro sobre um mal que não é de todo mal e um bem que não é de todo bem. É um livro humano.

  • ‘Quadrinhos dos anos 20’
    Autor:
    André Dahmer. Editora: Quadrinhos na Cia. Páginas: 240. Preço: R$ 99,90.

  • ‘Ordinário’
    Autor:
    Rafael Sica. Editora: Quadrinhos na Cia. Páginas: 136. Preço: R$ 69,90.

  • ‘Satã amigo das crianças boas’
    Autores:
    Allan Sieber e Rafael Sica. Editora: Veneta. Páginas: 46. Preço: R$ 39,90.

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