Depois de desclassificar a edição de "Frankenstein" que concorria na categoria Ilustração porque as imagens foram criadas por uma ferramenta de inteligência artificial, o Prêmio Jabuti anunciou a desclassificação de mais duas obras semifinalistas.
"A Infância do Brasil", de José Aguiar, publicado pela Nemo e "Indivisível", de Marília Marz pela Conrad, concorriam na categoria HQ. Elas foram desclassificadas por não serem obras inéditas — está no regulamento da premiação que as obras precisam ser publicadas pela primeira vez entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2022.
No caso de "Infância do Brasil", a obra já tinha sido publicada pela editora Avec em 2017. Na ocasião, chegou a ser finalista do Jabuti na mesma categoria.
Enquanto isso, "Indivisível" foi desclassificada por ter sido lançado em edição digital em 2020. Nas regras, considera-se primeira edição "aquelas que nunca tenham sido publicadas no Brasil, em formato de livro, impresso ou digital, e que disponham de ISBN e ficha catalográfica emitidos no Brasil".
'Frankenstein'
Os indicados ao Jabuti, a mais tradicional premiação da literatura brasileira, foram anunciados nesta quinta-feira (9). Mas, nesta sexta-feira (10) mudanças precisaram ser feitas. Antes de desclassificar as HQs, a Câmara Brasileira do Livro (CBL), responsável pelo Prêmio, desclassificou a edição de "Frankenstein" que concorria na categoria Ilustração porque as imagens foram criadas por uma ferramenta de inteligência artificial. O designer Vicente Pessôa, responsável pelas ilustrações, estava entre os indicados.
"As regras da premiação estabelecem que casos não previstos no Regulamento sejam deliberados pela Curadoria, e a avaliação de obras que utilizam IA em sua produção não estava contemplada nessas regras", afirmou a CBL em nota divulgada no início da tarde desta sexta (10).
"A utilização de ferramentas de inteligência artificial tem sido objeto de discussão em todo o mundo, em razão dos princípios de defesa dos direitos autorais. Considerando a nova realidade de avanços dessas novas tecnologias, a organização do prêmio esclarece que a utilização dessas novas ferramentas será objeto de discussão para as próximas edições da premiação", conclui o comunicado.
A edição de "Frankenstein" foi publicada pelo Clube de Literatura Clássica. As ilustrações foram feitas por uma ferramenta de IA chamada Midjourney. Pessôa concorria ao prêmio com os ilustradores André Neves, Bruna Ximenes, Cris Eich, Daniel Kondo, Fayga Ostrower, Fran Matsumoto, Letícia Lopes, Odilon Moraes e Rogério Coelho.