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Por , Em O Globo — Rio de Janeiro

O escritor mineiro Silviano Santiago recebeu, na manhã desta terça-feira (14), o Prêmio Camões relativo ao ano de 2022. Considerado o mais importante da Língua Portuguesa, o prêmio também dá ao vencedor a quantia de 100 mil euros. A cerimônia de entrega ocorreu no Auditório Machado de Assis, na sede da Biblioteca Nacional, Centro do Rio. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, o presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, e o embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, que representava o ministro da Cultura de Portugal, Pedro Adão e Silva, estiveram no evento.

— Receber um prêmio como o Camões, um prêmio dessa altitude, é inegável que traz enorme alegria. Porque você tem o seu trabalho (reconhecido), no meu caso um trabalho de uma vida inteira, eu estou com 87 anos, então um trabalho feito numa geografia variada. Foi feito aqui no Brasil, na França, nos Estados Unidos, na Alemanha. Eu que sou a favor das filosofias da diferença, de repente me unifiquei com esse prêmio. Percebi que eu era um cidadão, no caso brasileiro e, no caso, escritor. Foi um grande júbilo — disse o escritor.

Primeiro a discursar, o embaixador Luís Faro Ramos classificou Santiago como "um multiplicador". Ele também celebrou o que chamou de retomada do "ritmo", já que o mineiro é o terceiro escritor a receber o Camões somente em 2023. Em 2019, o vencedor Chico Buarque ficou sem receber o prêmio — primeiro, por uma recusa do ex-presidente Jair Bolsonaro em assinar a documentação necessária; segundo, por conta da pandemia de Covid-19. Chico só recebeu a honraria em abril deste ano, em Portugal.

— É uma grande honra estar aqui hoje, encerrando um ciclo e abrindo uma nova normalidade. A partir do próximo ano, retomaremos o ritmo. Felizmente, Silviano não teve que esperar tanto quanto o Chico Buarque para receber o prêmio — afirmou Ramos.

O atraso também fez com que o português Vítor Manuel de Aguiar e Silva, vencedor da edição de 2020, morresse sem receber o prêmio. Ele morreu em setembro do ano passado, aos 82 anos, antes que a cerimônia de sua entrega fosse marcada. Em 2021, a moçambicana Paulina Chiziane se tornou em a primeira mulher africana a conquistar o Prêmio Camões, que lhe foi entregue em maio. Vencedor da edição de 2023, o português João Barrento ainda vai receber a láurea, em data não definida.

Silviano recebe o prêmio ao lado do presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e do embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos (da esquerda para a direita) — Foto: Beatriz Orbe / Agência O Globo
Silviano recebe o prêmio ao lado do presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e do embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos (da esquerda para a direita) — Foto: Beatriz Orbe / Agência O Globo

A ministra Margareth Menezes disse que a retomada das entregas do Prêmio Camões ocorre num momento de "reconstrução do ministério da Cultura", e replicou uma espécie de slogan informal do atual governo:

— Das palavras do presidente Lula, quero fazê-las minhas também: finalmente, a democracia venceu. Quer dizer que o amor também venceu. Esse prêmio que consagra autores de língua portuguesa reafirma nosso compromisso com o patrimônio literário e cultural da nossa língua comum. Estamos aqui reafirmando nossa missão de estreitar os laços, nosso histórico de amizade com países de língua portuguesa. O Premio Camões celebra a vitalidade do povo, da gente, celebra a língua portuguesa, reconhece nossos países irmãos — disse a ministra, parabenizando o escritor Silviano Santiago. — Em suas obras, romances, ensaios, em sua longa trajetória acadêmica e docente, é um pensador notável da literatura brasileira e que sempre nos lembra da vivacidade pulsante da nossa cultura e da nossa língua portuguesa.

Mais de 30 livros publicados

Ensaísta, poeta, contista, romancista e professor, Silviano Santiago nasceu em Formiga, no interior de Minas Gerais, e começou sua trajetória profissional em 1954, escrevendo críticas para uma revista de cinema. Doutor pela Sorbonne, lecionou em universidades na Europa e nos Estados Unidos e escreveu mais de 30 livros, incluindo "Ariano Suassuna - Antologia comentada" (1975), "Uma história de família" (1993), "Keith Jarrett no Blue Note" (1996), "De cócoras" (1999) e "Machado" (2016). Santiago já havia conquistado os prêmios Oceanos, Machado de Assis, Casa das Américas e Faz Diferença, além de três Jabutis.

— A astúcia da razão e a hipótese do acaso estão escritas no saber de Silviano Santiago — comentou o presidente da BN, Marco Lucchesi. — Ele está sempre no risco, a gente nunca sabe pra onde vai. Nem ele. Porque a inteligência do processo para o qual ele está aberto e sensível faz com que ele se renove o tempo todo.

Santiago publica um ensaio inédito na próxima edição da revista serrote, do Instituto Moreira Salles (IMS), intitulado “Confisco do cadáver de Machado de Assis pelos anarquistas”. No texto, o mineiro parte da certidão de óbito do autor de “Dom Casmurro” para discutir sua obra a partir de conceitos como autopsia e necropsia. A serrote será no dia 5 de dezembro, na Janela Livraria, no Jardim Botânico, com a presença do autor. Em dezembro, Santiago também lança um novo livro de ensaios pela Companhia das Letras: “Grafias de vida — morte”.

O Prêmio Camões de Literatura existe desde 1988 e tem como objetivo consagrar um autor de língua portuguesa que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural de nossa língua comum. Vários autores brasileiros já venceram o prêmio, como João Cabral de Melo Neto (1990), Jorge Amado (1994), Antonio Candido (1998), Rubem Fonseca (2003) e Ferreira Gullar (2010), além de Chico Buarque (2019).

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