Vencedor do Prêmio Jabuti 2021, o romance literário “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório, é um dos nove títulos traduzidos para o braile doados para bibliotecas e salas de leitura mantidas pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio. São mais de 60 livros chegando a 14 locais. A doação foi feita pela Fundação Dorina Nowill que, anualmente, produz milhares de páginas em braille de livros didático-pedagógicos, paradidáticos, literários e obras específicas solicitadas pelas pessoas cegas e com baixa visão. Há mais de 75 anos, a Dorina trabalha para incluir pessoas cegas.
Cada biblioteca ou espaço de leitura escolheu o perfil do livro de acordo com o perfil do público. A José Bonifácio, na Gamboa, por exemplo, optou por literatura infantil. Um dos títulos que chegaram lá é “O patinho feio”, de Hans Christian Andersen. Algumas das obras se desdobram em mais de um volume, pelo tamanho maior que fica o livro traduzido em braille. É o caso de “O avesso da pele”, que chegou em quatro partes. Um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude, o livro de Tenório é uma obra contundente no panorama da nova ficção literária brasileira. “Ideias para adiar o fim do mundo”, de Ailton Krenak, “Negrinho do Pastoreio”, de Maurício Veneza, são outros destaques da remessa.
O braile é um sistema de leitura e escrita destinado a pessoas cegas por meio do tato e criado pelo francês Louis Braille (1809-1852), que ficou cego aos três anos . Sua escrita é baseada na combinação de seis pontos, dispostos em duas colunas de três pontos, que permite a formação de 63 caracteres diferentes, que representam as letras, números, simbologia aritmética, fonética, musicográfica e informática.