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Por — São Paulo

O conceito de resiliência nasceu na Física para se referir à propriedade que alguns corpos têm de retomar sua forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. O termo foi apropriado pela Psicologia para descrever a capacidade de adaptação a mudanças e superação de obstáculos e eventos traumáticos. Na França (onde mais?), virou gênero literário. A revista Lire saudou a “literatura da resiliência” em uma série de quatro reportagens. Diferentemente da autoajuda, o novo gênero não distribui conselhos nem planos de ação, mas convida o leitor à introspecção ao narrar a trajetória de personagens que enfrentam lutos, problemas de saúde e decepções diversas, mas (com muita resiliência) reavaliam suas prioridades e reconstroem suas vidas.

Acaba de aportar no Brasil um dos principais títulos da literatura da da resiliência: “A jornada de Maelle”, da francesa Maud Ankaoua. Maelle, a narradora, é uma executiva da indústria farmacêutica que recebe um pedido inusitado de uma amiga: viajar até o Nepal atrás da sabedoria oriental que, ela acredita, poderá curá-la do câncer. Maelle também sai curada da viagem. Nas alturas do Himalaia, ela repensa seu estilo de vida frenético, questiona suas certezas e volta a sonhar — descobre-se resiliente.

Questionamentos

A revista Lire listou as características definidoras da literatura da resiliência: o título com frequência inclui a palavra “eu”, um conselho ou uma reflexão; o protagonista passa por uma jornada de superação e autoconhecimento; a capa costuma ser ilustrada, estampar o horizonte e, além do nome do autor, uma frase que resume o livro (como “Que caminhos você trilharia em busca da felicidade?”, no caso de “A jornada de Maelle”).

O romance de Maud não tem “eu” no título, mas é “90% autobiográfico”, segundo a autora, que trabalhava em uma empresa de tecnologia e, do dia para a noite, largou tudo e se mandou para o Nepal. Maud defende que a ficção é mais apta do que a autoajuda para dar lições de resiliência.

— Às vezes, a leitura de manuais exige rigor e um esforço significativo. Já os romances nos convidam gentilmente a mudar de ideia, questionar nossas vidas e sentimentos. Em meus livros, compartilho segredos que têm me ajudado diariamente nestes 25 anos de desenvolvimento pessoal, leituras e viagens onde conhecia pessoas, culturas, filosofias e religiões diferentes. — afirma.

Editora da Vestígio, selo do Grupo Autêntica que publica “A jornada de Maelle”, Bia Nunes de Sousa concorda com Maud: ao contrário da autoajuda, “a literatura da resiliência não oferece uma fórmula pronta, mas estimula o leitor a olhar os obstáculos com esperança, recorrendo a outros pontos de vista para buscar novos caminhos”.

Entre os autores de ficção resiliente já publicados no Brasil, destacam-se as francesas Virginie Grimaldi (“Tempo de reacender estrelas”), Laetitia Colombani (“As vitoriosas”) e Raphaelle Giordano (“Sua segunda vida começa quando você descobre que só tem uma”), a britânica Talia Hibbert (“Acorda para vida, Charlie Brown”) e a americana Rebecca Serle. (“Um verão italiano”).

Protagonismo

Editora executiva da Companhia das Letras, Quezia Cleto explica que características da literatura da resiliência já estavam presentes em autores como Paulo Coelho e Garth Stein, (“A arte de correr na chuva”), “que trazem reflexões semelhantes à autoajuda e cujos protagonistas chegam à conclusão de que a vida é mais do que conquistas materiais e fórmulas para encontrar a felicidade”.

— A novidade é que essa nova leva de romances traz protagonistas mulheres, o que nem sempre era o caso no passado.

Em “A jornada de Maelle”, um guia nepalês diz à protagonista: “Ao encontrar seu caminho, dê-o a outra pessoa”. É por isso que Maud escreve romances, “para propor aos leitores outras possibilidades, outros caminhos”.

— Com um pouco de coragem e disciplina, podemos criar uma vida diferente e reencontrar o caminho da felicidade apesar das circunstâncias exteriores hostis. A verdadeira pergunta não é “será que vai dar certo?”, mas sim “é isso mesmo que eu quero?” — diz a autora, que encerra a entrevista pedindo resiliência aos leitores. — Imploro: não privem a humanidade de quem vocês são!

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