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Por — Rio de Janeiro

Demorou, mas, enfim, o camundongo mais famoso do mundo caiu em domínio público no primeiro dia deste ano de 2024. Porém, não comemore muito, pois somente o Mickey Mouse do curta-metragem “Steamboat Willie”, de 1928, aquele em que o personagem aparece em preto e branco e sem luvas, pode ser usado por qualquer pessoa sem pagar royalties à Disney. Colocou luvinhas, já era, pois remete a uma versão posterior. Assim como não pode ser usado o personagem de chapéu de feiticeiro, de “Fantasia” (1940).

A ironia é que o maior trunfo do álbum “Mickey All Stars”, que acaba de ser lançado no Brasil pela editora Panini, mas foi publicado originalmente na Europa em 2018 — portanto, antes de cair em domínio público —, é a pluralidade de versões do camundongo. São 47 quadrinistas de países como França, Bélgica, Coreia do Sul, Líbano, Alemanha, Espanha e Itália reunidos para celebrar os 90 anos do personagem criado por Walt Disney com o desenhista Ub Iwerks no curta “Plane crazy”, de 1928.

Oubapo

No livro em formato grande, de 20,5 x 28 cm, os artistas apresentam versões pessoais do Mickey com um recurso narrativo surpreendente. Cada página traz um autor ou dupla com uma história fechada, que se encerra ali. A única regra é que o camundongo deve entrar por uma porta na primeira cena e sair por outra no fim. E, na página seguinte, o mesmo. Assim, o aniversariante pode aparecer em uma festa surpresa numa HQ ou viajar ao espaço em outra. Algo na linha Oubapo (Oficina de Quadrinhos Potenciais, em francês), exercício criativo que surgiu através da editora L' Association e consiste em criar quadrinhos com restrições narrativas. Algo que, na verdade, acaba por estimular seus artistas a serem ainda mais criativos. O recurso também pode ser conferido, por exemplo, em tiras nas quais as imagens se repetem e somente os balões de fala mudam, como que simulando algo entediante.

Álbum “Mickey All Stars”, que acaba de ser lançado no Brasil pela editora Panini — Foto: Reprodução
Álbum “Mickey All Stars”, que acaba de ser lançado no Brasil pela editora Panini — Foto: Reprodução

Mickey por Mauricio

A leitura de “Mickey All Stars” é dinâmica, com um estilo quadrinístico diferente a cada virada de página. Os únicos autores que entram mais de uma vez na fila do parabéns são os roteiristas franceses Nicolas Pothier e Joris Chamblain, que produz, com o já conhecido ilustrador italiano Giorgio Cavazzano, duas páginas especiais: uma no início e outra no fim da edição, como que amarrando a louca história de abrir e fechar portas sem parar.

O único porém é que a leitura é rápida, pois são poucas páginas. Ainda assim, é um enorme prazer visual assistir a algo tão inovador e rico em termos de narrativa. Percebe-se, no álbum, como um personagem graficamente simples como o Mickey pode render sob novos olhares. Uma experiência semelhante à que aconteceu, no Brasil, com os personagens de Mauricio de Sousa na “Graphic MSP”, série que surgiu em 2012 e já conta com 41 volumes. O pai da Turma da Mônica, aliás, seria um dos convidados do aniversário do camundongo em “Mickey All Stars”, mas, infelizmente, não rolou, pois os artistas não podiam trazer seus personagens para a festa. Uma pena. Seria curioso ver o Mickey atravessando uma porta para o bairro do Limoeiro.

‘Mickey All Stars’

Autores: vários. Tradutor: Marcelo Alencar. Editora: Panini. Páginas: 56. Preço: R$ 69,90. Cotação: ótimo.

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