Cultura Livros Flip 2015

O GLOBO publica e-book com registro das expressões culturais ameaçadas de extinção

Guilherme Freitas e Custodio Coimbra embarcaram na Missão de Pesquisas Folclóricas, idealizada por Mário de Andrade

RIO - Do coco ao bumba meu boi, das raízes indígenas nos rituais de jurema à tradição negra na dança dos Congos, o sertão nordestino guarda uma diversa e rica cultura popular. Ao longo de dez dias e 2 mil quilômetros de estrada, o repórter Guilherme Freitas e o fotógrafo Custodio Coimbra percorreram parte da rota da Missão de Pesquisas Folclóricas, idealizada pelo escritor Mário de Andrade em 1938 para registrar expressões culturais com potencial risco de extinção. A sobrevivência e a transformação desses cantos, danças e rituais após oito décadas são o tema do e-book “Missão Mário de Andrade — Uma viagem pela cultura popular”, o décimo produzido pelo GLOBO. A obra, que está sendo lançada nesta quarta, é gratuita para assinantes do jornal, e está disponível nas lojas virtuais Apple iBooks Store, Google Play Livros, Amazon, Kobo e Livraria Cultura por R$ 15.

Capa do livro 'Missão Mário de Andrade: Uma viagem pela cultura popular' Foto: Reprodução
Capa do livro 'Missão Mário de Andrade: Uma viagem pela cultura popular' Foto: Reprodução

O trajeto por cinco cidades de Pernambuco e Paraíba, em maio, começou a ser idealizado em fevereiro, logo após Mário de Andrade ter sido anunciado como homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano. Em conversas com pesquisadores e artistas locais, foi possível encontrar testemunhas da Missão e moradores que mantiveram a memória cultural.

— Refazer a Missão foi uma forma de falar do Mário de Andrade sob um ângulo diferente e também abordar o trabalho e as viagens dele com diferentes elementos: a cultura popular, o interesse pela música e a concepção de arte brasileira — lembra Freitas. — Nossa viagem não foi a primeira na rota. Isso mostra como aquele trabalho permitiu que outros pesquisadores levassem adiante as pesquisas.

Coordenada à distância pelo escritor, na época chefe do Departamento de Cultura de São Paulo, a Missão passou por mais de 30 cidades em Pernambuco, Paraíba, Piauí, Ceará, Maranhão e Pará.

— Fiquei surpreso em encontrar a maioria das manifestações gravadas pela Missão — afirma Coimbra. —Algumas tornaram-se referências, como o boi bumbá e o coco em Arcoverde, hoje com projeção internacional. E outras resistem apesar da perseguição, como os praiás, da etnia pankararus, em Tacaratu.

O livro digital traz ainda fotos inéditas, um ensaio do biógrafo Eduardo Jardim sobre as viagens de Mário, e outro do crítico literário e colunista do GLOBO José Castello sobre a correspondência do paulista com outros escritores. O mais recente lançamento do jornal junta-se à coleção inaugurada com “Maracanã”, em 2013, sobre a história do gigante do futebol. Os outros títulos são “Novas vidas secas”, no qual o repórter André Miranda e o fotógrafo Custodio Coimbra revisitaram a Alagoas de Graciliano Ramos, “Os encantos de Francisco”, com reportagens publicadas durante a visita do Papa no Brasil, e “Entreouvido por aí”, uma compilação das frases publicadas na coluna homônima, da Revista O GLOBO.