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Vampirismo febril e antimercadológico do escritor Bruno Ribeiro

Terceiro lugar no prêmio Brasil em Prosa, escritor lança o romance ‘Febre de enxofre’

O escritor Bruno Ribeiro, autor de “Febre de enxofre”
Foto: Divulgação
O escritor Bruno Ribeiro, autor de “Febre de enxofre” Foto: Divulgação

RIO - Após vencer o terceiro lugar do prêmio Brasil em Prosa do ano passado, concurso literário realizado pelo GLOBO em parceria com a Amazon que reuniu mais de 3.700 contos de mais de 500 cidades brasileiras, o mineiro radicado na Paraíba Bruno Ribeiro escolheu um dos mais populares — e lucrativos — mitos da ficção contemporânea como tema de seu primeiro romance: o vampirismo. Recém-lançado, “Febre de enxofre” (editora Penalux, 274 páginas, R$45) conta a história de um poeta em crise que é convidado a escrever a biografia de uma criatura insólita. O trabalho inclui uma viagem à cidade natal do biografado, Buenos Aires, com desdobramentos sinistros. Repleta de jogos de espelhos, a trama dialoga com outro mito famoso, “Fausto”.

Ribeiro, que em 2014 lançou o livro de contos “Arranhando paredes”, buscou revisitar os códigos dos livros de vampiro, mas com uma proposta arriscada. A ideia, conta ele, era se apropriar do caráter mercadológico do tema para transformá-lo em algo novo e febril — e, portanto, antimercadológico.

— Hoje, o vampirismo está mais ligado aos relacionamentos amorosos, ele perdeu a aura transgressora do século XIX — diz. — O mito que antes desejava causar febre no leitor tornou-se um recurso para afagar as crises e anseios. Isso me cansou e quis fazer uma história que pudesse representar bem esse período literário, mas sem perder a contemporaneidade na linguagem e trama.

O escritor, de 27 anos, acredita que o reconhecimento do Brasil em Prosa lhe abriu portas e possibilitou fazer novos contatos:

— O prêmio também aumentou o meu número de leitores. É difícil para o escritor independente conquistar espaços no meio literário, e o Brasil em Prosa me auxiliou bastante nisso.