Cultura

Mário Frias participa de almoço com Bolsonaro após ter entrevista compartilhada pelo presidente

Ator esteve em encontro com representantes de clubes de futebol, aumentando a especulação de que ganhará cargo na Secretaria da Cultura
Mario Frias em 2020, em entrevista à CNN Foto: Divulgação
Mario Frias em 2020, em entrevista à CNN Foto: Divulgação

RIO — O ator Mário Frias participou de um almoço com Jair Bolsonaro, nesta terça-feira, com os presidentes do Flamengo e do Vasco . O encontro no Palácio do Planalto, que não constava na agenda presidencial, discutiu a retomada dos campeonatos de futebol no país.

Além das comitivas dos times e de Frias, participaram da reunião o senador Flávio Bolsonaro e o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson.

Mário Frias participa de almoço com Bolsonaro Foto: Reprodução / Instagram/drtannure
Mário Frias participa de almoço com Bolsonaro Foto: Reprodução / Instagram/drtannure

Apesar de o tema do encontro não ter nada a ver com Cultura, a presença de Frias no almoço ajudou a reforçar a dúvida sobre a situação de Regina Duarte à frente da secretaria dedicada ao setor. Nesta manhã, Bolsonaro havia publicado no Twitter um trecho de entrevista de Frias à CNN Brasil no dia 6 de maio. Naquela data, o nome de Regina Duarte vinha sendo apontado como iminente queda no governo. À época, aliás, os atores Humberto Martins e Mário Frias já haviam sido apresentados a Bolsonaro como possíveis substitutos para a secretária.

Mas foi no dia 6 também que Regina encontrou com Bolsonaro, supostamente encerrando um período de instabilidade política — depois da recondução momentânea, à sua revelia, de Dante Mantovani à Funarte, a própria atriz disse que achava que estava sendo dispensada pelo governo . Naquela quarta-feira, fontes próximas ao presidente disseram ao GLOBO que Mário poderia passar a integrar o time de Regina na pasta.  No dia seguinte (7), ele foi às redes sociais para dizer que não havia recebido convite algum e reforçar que torcia por Regina .

Na última sexta-feira (15), Pedro Horta, o secretário adjunto (considerado o número 2 da pasta) foi demitido sem explicações . Ele havia sido nomeado ao cargo duas semanas antes. Ele trabalhava como chefe de gabinete desde a posse de Regina, antes de assumir a vice-liderança da secretaria.

'Se for preciso, estou aqui'

No vídeo publicado por Jair Bolsonaro em sua página no Facebook e no Twitter, Mário Frias tece elogios ao presidente e demonstra admiração por Regina Duarte — vale lembrar que Frias foi um dos poucos artistas a comparecer na posse de Regina. Quando perguntado se estaria sendo cotado para substituir a Secretaria de Cultura, ele dá uma risada e diz que receberia o convite com entusiasmo.

"Olha só, para ser bem direto para o Jair: para o que ele precisar, estou aqui. Torço demais pela Regina. Ela é um ícone para mim, uma pessoa que mexeu no meu coração. Amo você, Regina! Sou seu fã" afirmou o ator. "Mas pelo Brasil, estou aqui. Se for preciso, não vou correr disso. Respeito o Jair demais. Vejo o Brasil com chance de finalmente ser um país respeitado, digno, honesto, com uma democracia forte e consolidada".

Gestão de derrotas e saias-justas


Há pouco mais de dois meses à frente da Secretaria Especial da Cultura, Regina Duarte coleciona uma série de derrotas e saias-justas em sua gestão. A primeira veio já na cerimônia de posse, quando ela tentou arrancar do presidente uma confirmação de que teria autonomia para trabalhar. Em resposta, acabou ouvindo do chefe que a tal "carta branca" prometida para montar sua equipe não seria bem do jeito que ela imaginava.

Logo na sequência, Regina já virou alvo de militantes bolsonaristas nas redes sociais, após demitir uma série de nomeados por Roberto Alvim, exonerado por plagiar um discurso do ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels. Entre os afastados pela atriz estavam integrantes da ala ideológica do governo e seguidores do escritor Olavo de Carvalho. Um deles era justamente  o maestro Dante Mantovani, então presidente da Funarte.

Desde que afastou Mantovani e outros, a atriz passou a sofrer sucessivos ataques públicos em redes sociais e começou a ser minada dentro do governo. A perseguição já havia levado ela a afirmar, em sua primeira entrevista como secretária Especial da Cultura, que tinha virado alvo de “uma facção” que queria ocupar seu lugar no governo.