O Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco (PE) ajuizou uma ação civil pública para que o espetáculo infantojuvenil “Abrazo”, do grupo teatral Clowns de Shakespeare, seja retomado. Sem nenhum comunicado ou esclarecimento prévio formal, a peça havia sido cancelada pela Caixa Econômica Federal em sua noite de estreia , no último 7 de setembro, e não teve uma segunda sessão (estavam previstas oito sessões).
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As procuradores da República Carolina de Gusmão Furtado e Ana Fabíola Ferreira requerem que a peça tenha mais pelo menos oito sessões na Caixa Cultural, no Recife, ou em outro teatro, às custas da Caixa. Também requerem indenização por danos morais ou coletivos, não inferior a duas vezes o valor do patrocínio da peça teatral. De acordo com o MPF, configurou-se a prática de censura.
A peça "Abrazo" tem direção de Marco França, e foi criado em 2014 na ocasião dos 50 anos do golpe militar de 1964. Ela é inspirada no "Livro dos abraços", do escritor uruguaio Eduardo Galeano, e não tem diálogos — o ambiente de repressão é criado apenas através do gestual dos personagens. O público acompanha uma jornada através do olhar de um menino que vive em um país onde o regime opressivo impede as pessoas de se abraçarem ou demonstrarem afeto uns com os outros.
Na época do cancelamento, o Clowns de Shakespeare entrou com uma ação judifical e explicou, em nota, que "as tentativas de comunicação com a Caixa tiveram retornos inconsistentes, resumindo-se a alegar que havíamos infringido o inciso VII da Cláusula Quarta, que prevê que a contratada seja obrigada a 'zelar pela boa imagem dos patrocinadores, não fazendo referências públicas de caráter negativo ou pejorativo', e que isso teria ocorrido no bate-papo realizado após a primeira sessão".
O texto continua: "Ainda sem ideia do que poderia ser alegado, uma vez que não reconhecemos nada que pudesse gerar esse tipo de reação, e diante da ausência de informações adicionais, não conseguimos imaginar outra razão para essa rescisão que não seja censura ao nosso trabalho e pensamento".
Segundo o MPF, a Caixa teria confirmado que o contrato de patrocínio foi rescindido devido ao conteúdo de bate-papo entre o elenco e a plateia.