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Cultura Música

Diplo: 'Com a pandemia, eu não queria mais saber de fazer dance music'

Celebrado DJ americano retoma o Silk City, projeto de house music com o produtor Mark Ronson, de 'Uptown funk', e lança música com Ludmilla e ÀTTOOXXÁ
O DJ e produtor americano Diplo Foto: Divulgação
O DJ e produtor americano Diplo Foto: Divulgação

RIO — Um dos grandes fãs da música brasileira desde que veio ao país, no começo dos anos 2000, e conheceu os bailes funk, o DJ e produtor americano Thomas Wesley Pentz — mais conhecido como Diplo — é hoje um dos maiores nomes da música eletrônica mundial. E voltou ao streaming no último dia 15 com “New love”, faixa do Silk City, projeto que tem com outro expoente do pop: o inglês Mark Ronson , produtor de faixas como “Uptown funk” e coautor de “Shallow”, do filme “Nasce uma estrela”, premiada com o Oscar de melhor canção em 2019. Em entrevista por Zoom de Malibu, na Califórnia, Diplo põe o repórter a par de suas conexões brasileiras:

— Tenho uma canção nova para sair no mês que vem com a maravilhosa Ludmilla e o ÀTTOOXXÁ , de Salvador ( “Pra te machucar”, cujos trechos já haviam vazado na internet e que a gravadora Warner promete para as próximas semanas, sem confirmar uma data ). Adoro os artistas brasileiros, cara, eles são tão versáteis! Tento trabalhar com todos, de Anitta e IZA a Giulia Be, que eu conheci outro dia e é muito legal... tem Pabllo Vittar , MC Kevinho... e eu adoro o ATTOOXXÁ, a música da Bahia é impressionante.

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Diplo, por sinal, esteve ano passado no carnaval soteropolitano e não vê a hora de voltar à folia brasileira — mas, para isso, terá que esperar o fim da pandemia, essa mesma que congelou o mundo e o fez parar, ao menos temporariamente, de criar.

— Só voltei a produzir no último mês, e “New love” foi a única faixa que eu fiz desde então. Lancei muitas músicas ao longo do ano, mas todas foram feitas antes da pandemia. E duas delas se tornaram alguns dos maiores sucessos da minha carreira, “On my mind” e “Looking for me” — conta. — Quando começou a pandemia, eu não queria saber de fazer dance music, diziam que a gente não ia poder voltar aos clubes pelos próximos 12, 16 meses. Eu não via sentido em gravar discos de dance e então fiz um de ambiente music ( “MMXX”, lançado em setembro ). Mas acho que agora dá para ver uma luz no fim do túnel.

A cantora Ellie Goulding, o produtor Mark Ronson e o DJ Diplo Foto: Divulgação
A cantora Ellie Goulding, o produtor Mark Ronson e o DJ Diplo Foto: Divulgação

Enquanto isso, em Nova York, com uma paisagem nevada do lado de fora, Mark Ronson aparece em outra janela do Zoom vestido num terno verde e amarelo (“sem perceber, estou com as cores da bandeira do Brasil!”) para contar: “New love” foi o resultado dos dois últimos anos em que ele e Diplo passaram trocando ideias, até que uma base com vocais da inglesa Ellie Goulding os animasse a voltar ao Silk City (que tinham abandonado lá por 2018).

Adoro o Diplo, faz muito tempo que somos amigos, e gostamos do mesmo tipo de música, mas temos sempre essa lasquinha de tempo para fazer as produções do Silk City, que tem esse estilo específico, meio house music dos anos 1990, cheia de soul e com um pouco de R&B — define Ronson.

Ele conta que, se ambos não tivessem outros projetos separadamente, certamente fariam mais músicas juntos.

— Leva um certo tempo até que encontremos algo do qual os dois possam se orgulhar. E depois de “Electricity” ( faixa do Silk City de 2018, com vocais da inglesa Dua Lipa, que ano passado foi alçada a um novo nível de estrelato com o álbum “Future nostalgia” ), que foi tão bem, achei que não íamos conseguir fazer algo melhor.

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O entusiasmo com a música é compartilhado por Diplo, que a descreve como “quase uma maldição”.

— “Electricity” levantou muito o sarrafo para nós. “New love” foi a primeira música que achamos estar à altura do que fizemos antes com o Silk City . E ela deu a linguagem do projeto — afirma Diplo. — No começo, a gente nem tinha tinha ideia do que estava fazendo. Na primeira sessão de composição que armamos, acho que estávamos tentando fazer um rock de garagem! O que não fazia o menor sentido, afinal, antes de qualquer outra coisa, somos DJs.

Mesmo numa época em que se espera pela vacina para poder voltar a uma vida próxima ao que era antes da pandemia, Mark Ronson acredita que “New Love” chega em boa hora — tanto para o Silk City quanto para o público em geral:

— É óbvio que as pessoas ainda querem dançar, e elas vão dançar. Com essas pessoas que fazem coreografias em seus quartos, o TikTok virou a nova boate.