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Fresno volta com novo álbum, show no Lollapalooza e parceria com cantoras pop

Banda lança nesta sexta-feira 'Vou ter que me virar', disco puxado por música com Lulu Santos, enquanto o vocalista Lucas Silveira compõe e produz para Priscilla Alcantara e Manu Gavassi
A banda Fresno, com Gustavo Mantovani (à esquerda), Lucas Silveira e Thiago Guerra Foto: Camila Cornelsen / Divulgação
A banda Fresno, com Gustavo Mantovani (à esquerda), Lucas Silveira e Thiago Guerra Foto: Camila Cornelsen / Divulgação

O tempo passa e a banda gaúcha Fresno não se deixa ficar para trás. Com 20 anos de carreira, esse que é um dos maiores nomes do rock brasileiro dos anos 2000 lança esta sexta-feira o álbum “Vou ter que me virar”, com participações que vão de Lulu Santos a americanos como o cantor, instrumentista e produtor Scarypoolparty e a guitarrista Yvette Young.

Escalada para o festival Lollapalooza, em março (quando estreará o show do novo disco), hoje a banda se até ao luxo de rir de algumas lembranças. Por exemplo: a de quando, uma década atrás, o vocalista Lucas Silveira foi aconselhado a vazar uma sex tape com alguma atriz ou a própria namorada (história que ele revelou — recentemente e com muita repercussão — no Twitter).

— Você vê como a coisa mudou, as pessoas pelo menos têm vergonha disso hoje! Naquela época seria desesperador o fato de um de nós ser gay — diz Lucas. — E o próprio emo [ estilo de rock com o qual a banda despontou ] fez muito parte disso. Porque, sendo uma banda de três caras brancos, heterossexuais, a gente sofria um preconceito que nem era para nós; só porque fazia uma música de amor, diziam que era coisa de viado. Se a gente sofria isso, imagina quem era gay e tomava lampadada na rua? Hoje, se o jogador fala isso, tchau, não vai jogar mais.

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Grupo que começou, como lembra Lucas, na era do compartilhamento de MP3 (“as coisas chegavam a gente de forma caótica”), mas quando ainda não existiam redes sociais (“parecia que só a gente conhecia aquelas bandas”), o Fresno é parte da história da internet no país. Hoje, em tempos de música por streaming, eles abriram um canal no Twitch para fazer lives e investiram no lançamento de duas dezenas de singles antes de soltar o álbum.

— Era uma espécie de campanha publicitária desse disco que ninguém sabia que a gente ia lançar — diz o baterista Thiago Guerra. — O Lucas produz muitas coisas e nem todas entram no disco. Essa foi a possibilidade de lançar músicas diferentes entre si, de mexer no algoritmo e de furar as bolhas.

— Uma vez a gente soltou uma música com uma banda japonesa e ela foi parar numa playlist de rock japonês — ilustra o vocalista, para quem é impossível que a Fresno deixe de lançar álbuns. — O nosso fã acompanha as fases da banda através dos álbuns, é um fã que ainda compra CD. A gente fez a passagem do analógico para a digital.

Gravado durante a pandemia (que encerrou precocemente a turnê do álbum ironicamente intitulado “Sua alegria foi cancelada”, de 2019), “Vou ter que me virar” leva a Fresno de volta aos palcos, em grande estilo, no Lollapalooza. Para Lucas, “um festival que foca muito em novidades”

— O que é legal, porque a cada álbum a gente tem uma tônica do momento, que acaba conversando com um novo público, ao mesmo tempo em que não existem rompimentos absurdos ao ponto de quem nos acompanha estranhar demais. Nosso público sabe que a Fresno pode ser muitas coisas... pode ser uma base trap com a Jup do Bairro cantando um negócio, que aí vira hardcore, vira pop...

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E, por falar em pop, Lucas andou compondo e produzindo em parceria faixas para os novos discos das cantoras Priscilla Alcantara e Manu Gavassi .

— Adoro pop, é onde eu mais tenho visto inovação e loucura, Billie Eilish tem um sound design absurdo — conta ele, fã também de Miley Cyrus, Beyoncé e Rosalía. — A maioria das músicas da Priscilla nasceu de ideias dela, mas tem muito Fresno escondido ali. Uma delas, “Eu não sou pra você”, em que eu canto com ela, claramente poderia ser da gente. Fiquei com inveja, é uma música bem corna!