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Katy Perry: o que esperar de 'Smile', disco que a cantora lança na pandemia

Após vencer depressão e prestes a ter bebê, americana solta álbum plural na sexta, dia 28
Katy Perry lança o disco 'Smile' Foto: Divulgação
Katy Perry lança o disco 'Smile' Foto: Divulgação

Engana-se quem pensa que na cabeça de Katy Perry só circulam aqueles arco-íris, borboletas coloridas, tubarões dançarinos, cascatas de chocolate e pirulitos ambulantes. Sim, foi esse idealismo colorido que nos acostumamos a ver em clipes como “Firework”, “California gurls” e “Hot n cold”, marcos da ascensão dessa cantora pop nascida em Santa Barbara, Califórnia, há 35 anos, e que lança nesta sexta-feira “Smile”, seu sexto álbum de estúdio. Até ela se enganou nesse sentido. Por anos, Katy driblava instintos depressivos escrevendo hinos pop que marcaram uma geração. Se um namoro chegava ao fim, a resposta vinha numa música que liderava as paradas americanas.

Até que, em 2017, isso parou de funcionar. Ela terminou seu relacionamento com o ator Orlando Bloom, astro da franquia “Piratas do Caribe”, e seu disco “Witness” não atendeu às expectativas comerciais e, muito menos, de crítica — o site “Pitchfork” deu uma nota 4,8 (sendo o máximo 10). “O mundo não queria mais me ouvir naquele momento”, lembrou Katy, numa entrevista ao radialista Zane Lowe, da Beats 1 (Apple Music), na semana passada. “Era como se as pessoas falassem: ‘Agora, chega. Muito obrigado. Você já nos deu algo, e estamos satisfeitos’. E eu não consegui sair da cama por semanas, fui diagnosticada com depressão, precisei tomar remédios pela primeira vez na minha vida. Eu tinha muita vergonha. Eu pensava: ‘Sou Katy Perry, eu escrevi ‘Firework’, e agora estou tomando remédio. Isso é fodido”.

Assim, Katy foi criando “Smile”, como canções soltas escritas em um dos períodos mais obscuros de sua vida — mesmo que, por vezes, como na solar, escapista (e insípida) “Harleys in Hawaii”, lançada como single em 2019, isso não fique claro, já que está narrando a aventura de um casal andando de moto no Havaí. “Quando eu escrevo canções esperançosas ou empoderadas, normalmente eu estou me sentindo o contrário disso”, justifica.

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O fato é que o álbum nasceu desse período, mas chega ao mundo em uma fase completamente diferente. E nem estamos falando da pandemia aqui. Katy Perry e Orlando Bloom reataram e noivaram em fevereiro de 2019 — o relacionamento é retratado na música “Champagne problems” (“eu quero te ver assim que limpar a crosta dos meus olhos. Até o dia que eu morrer você poderia ser o amor da minha vida?”, pergunta ela no início da canção). Agora, Katy está grávida de 35 semanas de uma menina, sua primeira filha, cujo nome ainda não foi revelado.

Esclarecido o contexto pessoal que o cerca, é importante pontuar ainda que “Smile” deve ser visto como um marco definidor na trajetória artística de Katy Perry. Após o fracasso de “Witness”, é o seu resultado comercial que vai definir se a cantora americana seguirá relevante no universo pop contemporâneo ou passará a viver da chamada “newstalgia”, uma saudade de um passado não tão distante.

Ao escrever as 12 faixas ao lado de 34 compositores e mais uma penca de produtores — com destaque para o sueco Johan Carlsson e o americano Andrew Goldstei —, Katy entregou um disco de sonoridade plural, passando pelo electropop (em “Never really over” e “Cry about it later”), o pop com influência caribenha (de “Harleys in Hawaii”) e até o trap em “Not the end of the world”. Há altos e baixos, mas Katy Perry mais acerta do que erra, principalmente por focar no que sabe fazer de melhor. O grande trunfo é que ela está cantando mais do que nunca, e a produção ressalta isso em faixas como a balada “Daisies” (que faz lembrar seus grandes momentos como “Firework”), “What makes a woman” e também “Teary eyes” — esta embalada por uma batida disco retrô que remete ao europop.

Leia a matéria na íntegra e saiba como é o disco.