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'A gente tem direito de celebrar a vida', diz Marcelo D2 em show que marcou a reabertura do Circo Voador

Entre protocolos de segurança e gritos de “Fora Bolsonaro”, público e cantor se emocionaram depois de mais de um ano e meio sem eventos no local. Além desta quinta-feira (21), D2 voltará ao Circo nesta sexta-feira (22) e no sábado (23).
Show do Marcelo D2 no circo Voador após o grande período de isolamento social Foto: ROBERTO MOREYRA / Agência O Globo
Show do Marcelo D2 no circo Voador após o grande período de isolamento social Foto: ROBERTO MOREYRA / Agência O Globo

“A gente tem direito de celebrar a vida. Nós tá de volta p*”, disse Marcelo D2 ao subir no palco do Circo Voador na noite desta quinta-feira (21). O show marca a reabertura de uma das mais tradicionais casas de show do Rio de Janeiro. Entre protocolos de segurança e gritos de “Fora Bolsonaro”, público e cantor se emocionaram depois de mais de um ano e meio sem eventos no local. Além desta quinta-feira (21), D2 voltará ao Circo nesta sexta-feira (22) e no sábado (23).

Antes da apresentação, a diretora do Circo Voador, Maria Juçá — que no fim do show foi reverenciada de joelhos por Marcelo D2 — subiu ao palco ao lado da equipe da casa para, além de pedir ao público que usassem máscara na área do espetáculo ( embaixo da lona ), comemorar a sobrevivência e retorno do CIrco Voador:

“Viva a vida, viva a arte, viva o Circo Voador. A gente venceu, nós estamos vivos. Fora Bolsonaro, vai te catar no outro inferno da tua vida porque aqui é só alegria”, disse ela, que foi muito aplaudida pelo público.

D2 subiu ao palco ao lado de sua esposa, Luiza Peixoto, e de seu filho, Stephan, ao som de “Tambor, o senhor da alegria” e, após cantar duas músicas, interagiu com o público dizendo que iria chorar muito ao longo da noite:

“Me sinto o cara mais honrado do mundo de estar aqui dividindo esse momento com vocês”.

Ao longo do show, Marcelo D2 cantou músicas de seu álbum mais recente, “Assim tocam os meus tambores” , além de grandes sucessos que empolgaram o público como “Febre do rato”, “1967”, “Desabafo”, “Pode Acreditar”, “Mantenha o respeito” e “Quem tem seda” — as duas últimas sucessos do Planet Hemp, banda da qual é um dos fundadores. Entre gritos da plateia que xingavam o presidente, o cantor lembrou o momento difícil da pandemia, com tantas perdas.

“Tanta gente morreu, quem não aprendeu nada com isso, perdeu uma oportunidade. Eu estou tentando ser um cara melhor”, disse ele.

No fim da apresentação, quem ganhou o protagonismo foi Maria Juçá. D2 a chamou para subir no palco e disse que o símbolo da luta e resistência era ela. Enquanto os dois se abraçavam e se emocionavam, o público aplaudia forte. Juçá sentou em um sofá do cenário e o cantor ajoelhou de frente para ela.

Ao som de “Qual é”, o show foi encerrado com agradecimentos e mais uma manifestação de “Fora Bolsonaro” vindo da plateia.

“Queria dar um abraço em cada um de vocês, obrigado rapaziada”, despediu-se D2 emocionado.

Protocolos de segurança

Um dos pontos altos da noite com relação aos protocolos sanitários, foi a obrigatoriedade de apresentação de comprovante de vacinação contra a COVID-19 juntamente com a carteira de identidade. Os portões abriram às 19:30, no entanto, o público foi chegando aos poucos causando pouca aglomeração no início.Por volta das 21h, uma fila começou a se formar e o distanciamento ficou prejudicado.

Além disso, totens de álcool em gel faziam parte do cenário e, no bar, também havia frascos com o produto. Banners com os escritos “use máscara” estavam espalhados pelo local, antes do show fiscais pediam ao público presente para que não ficassem sem máscara embaixo da lona. A falta do acessório foi permitida no espaço aberto no caso de consumo de bebidas e comidas.

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O ponto que deixou a desejar foi a fila do caixa. Sempre cheia, não havia marcação de distanciamento entre as pessoas ou algum funcionário para organizar tal questão. As mesas ao ar livre, próximas ao bar, também não estavam distanciadas.

Na hora do show, dentro da lona, foi pedido mais de uma vez para que o público respeitasse a regra do uso obrigatório da máscara, mas ela não foi seguida por parte dos presentes.

Para essa primeira apresentação, o Circo Voador limitou a capacidade em 1.300 pessoas, quando, normalmente, é permitido um público de 2.200.

Novo normal

O show marcou a volta dos eventos culturais na cidade do Rio de Janeiro. Por isso, o público estava animado e eufórico com a situação — desde a abertura dos portões era possível ver grupos de pessoas dançando e se divertindo. A gastrônoma Jéssica Ricci, de 30 anos, conta que estava tão ansiosa que nem comeu direito durante o dia.

— Eu frequento o Circo desde a adolescência, aqui é um dos melhores lugares para show, o som é incrível. Não estou nem preparada para esse momento, fiquei muito feliz quando consegui o ingresso — diz Jéssica.

O evento também uniu gerações. Paloma Montez, de 19 anos, estava acompanhada da mãe, Cláudia Montez, de 49 anos. As duas contam que esse momento é histórico e dá uma sensação de esperança.

— Sempre frequentei o Circo e a música é muito importante na minha vida. A sensação é de emoção mesmo, achei que essa situação (de isolamento social) nunca ia acabar — explicou Cláudia.

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A executiva de vendas, Fernanda Cardoso, de 31 anos, questiona como será o novo normal e admite estar preocupada com o cumprimento das regras:

— Aqui é o melhor lugar do mundo para assistir show. Estava ansiosa e preocupada com a questão das regras, teremos que viver um novo normal dentro de um universo que a gente já conhece.

Apesar de novato no Circo, o estudante de 21 anos, Rodrigo Barone, considera o lugar um patrimônio da cidade.

— Sempre apreciei o lugar, estou me sentindo revigorado e a reabertura não podia ser melhor do que com D2 — disse.