Cultura Música

Admiradores de Naná Vasconcelos lamentam a morte do percussionista

Parceiro há 35 anos, Egberto Gismonti conta que passou a terça-feira ao lado do músico
O percussionista Naná Vasconcelos Foto: Divulgação
O percussionista Naná Vasconcelos Foto: Divulgação

RIO — Um dos grandes percussionistas da música mundial, o pernambucano Naná Vasconcelos saiu de cena na manhã desta quarta-feira, em Recife, aos 71 anos, em decorrência de um câncer no pulmão.

Ao longo de sua prolífica carreira — com cerca de 30 álbuns, entre trabalhos autorais e colaborações —, o músico acumulou amigos, admiradores, fãs e parceiros de estúdio e de palcos, que fizeram suas homenagens a Naná.

O compositor e multi-instrumentista Egberto Gismonti, amigo e parceiro do pernambucano durante 35 anos, chegou ao Rio de Janeiro no voo das 6:05, vindo de Recife. Ele passou praticamente toda a terça-feira ao lado de Naná e outros amigos, no quarto que o percussionista ocupava no Hospital Unimed Recife III. Assim que o avião tocou o solo e ele religou o celular, recebeu a notícia do falecimento. Os dois tinham planos de se apresentar juntos durante 2016.

— O que realmente tem significado, mais do que discos ou shows a fazer, é a perda desse grande amigo, o que mostra, mais uma vez, a grande fragilidade da vida.

Segundo Gismonti, que teve que voltar para seguir com seus compromissos — ele tem outra viagem marcada para as 16h desta quarta —, todos que acompanharam Naná durante seus últimos momentos sabiam da gravidade de seu estado. Ainda assim, mantinham a esperança de que ele se recuperasse.

— Até chegar um médico e dizer que ele tem só mais alguns dias, a gente não acredita muito. Todos queriam que ele vivesse.

Veja outras declarações abaixo:

Gilberto Gil, cantor e compositor:

"Minha maneira de pensar música vai continuar viva depois de mim" - Naná Vasconcelos.

Descanse em paz, querido.

"Minha maneira de pensar música vai continuar viva depois de mim" - Naná Vasconcelos.Descanse em paz, querido.Foto: Wando P.

Posted by Gilberto Gil on Wednesday, March 9, 2016

Xico Sá, jornalista e escritor:

E lá se foi o maior músico brasileiro: Naná Vasconcelos.

DJ Dolores, cantor, compositor e DJ:

Há uns sete anos, Nana parou o copo de cerveja no ar e disse, com semblante muito sério, que ia morrer em agosto do ano seguinte.

- Que besteira, rapaz, você tem uma filha para criar.

- Você é ateu, não entende. Eu sou espiritualizado, sinto coisas que ninguém sabe.

- Ha ha ha, você vai é enterrar um monte de gente com essa conversinha mole...

De fato, ele não morreu. E continuou a ligar para minha casa em horários inesperados para contar piada e desligar o telefone quando terminava, assim mesmo, sem se despedir. Também tivemos tempo para montar uma banda, Blind Date, gravarmos uma trilha e, há dois anos, fizemos um show - apenas nós dois no palco - inspirados por Reich, Varesse, Satie e Villa Lobos.

Foi Nana que numa manhã de domingo me fez gostar de Villa Lobos. Cantou as letras, me fez prestar atenção às variações rítmicas, abriu uma dessas janelas que a gente pode passar a vida inteira sem perceber que existem.

Agora, ele foi embora. De novo, nem me deu a chance da despedida, deixou apenas uma enorme tristeza.

Sou ateu, não sei rezar, mas alguém disse que a música é uma forma de oração. Que meus sentimentos sejam representados nessa música, uma das primeiras que fizemos juntos.

Adeus, meu amigo.

Há uns sete anos, Nana parou o copo de cerveja no ar e disse, com semblante muito sério, que ia morrer em agosto do ano...

Posted by DJ Dolores on Wednesday, March 9, 2016

Juca Ferreira, ministro da Cultura:

Naná Vasconcelos nos ensinou a ouvir o Brasil. Nos trouxe de volta um País profundo, refugiado em nossas memórias de infância. Toda a sua obra como artista está impregnada de referências que são parte essencial do nosso modo de ser e de sentir.

Naná nos trouxe para mais perto de uma boa porção da África, de onde vem grande parte dos fundamentos de sua música. Naná foi tão fundo em sua pesquisa musical que também nos aproximou mais ainda da África, promovendo como poucos o intercâmbio musical com ela.

Sua música é a música da voz, do corpo e dos inúmeros instrumentos que dominou com tanta perfeição. Devemos registrar que em seu campo musical Naná é um dos maiores do mundo.

Foram muitos os serviços que prestou à cultura brasileira.

Em nome do Ministério da Cultura do Brasil, me somo aos que choram sua ausência.

Dan Stulbach, ator e apresentador:

Faleceu Naná Vasconcelos. Um gênio da música, uma pessoa incrível. Enorme perda. obrigado Naná.

Emicida, cantor e compositor:

Descanse em paz grande Naná Vasconcelos. Obrigado por compartilhar seus sons conosco! Dia triste para a música.

Descanse em paz grande Naná Vasconcelos. Obrigado por compartilhar seus sons conosco! Dia triste para a música. 󾌹 #ubuntu

Posted by Emicida on Wednesday, March 9, 2016

Jandira Feghali, deputada federal:

Vai Naná Vasconcelos, grande percussionista, deixar saudade no peito e na alma de todos nós...

Gabriel o Pensador, cantor e compositor:

Não vou estranhar se os trovões, os ventos e as chuvas passarem a soar bem melhor, em combinações inusitadas de ritmos, depois da chegada do mestre Naná Vasconcelos ao céu.

Não vou estranhar se os trovões, os ventos e as chuvas passarem a soar bem melhor, em combinações inusitadas de ritmos, depois da chegada do mestre Naná Vasconcelos ao céu.

Posted by Gabriel o Pensador on Wednesday, March 9, 2016