Em entrevista coletiva após sua alta do hospital Vila Nova Star, onde estava internado desde a segunda-feira para tratar uma obstrução intestinal causada por um camarão , Jair Bolsonaro falou sobre a redução do teto da Lei Rouanet em 50% . O projeto tem sido defendido nas redes sociais por Mario Frias, secretário especial da Cultura, e o ex-policial militar André Porciuncula , secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura. O presidente aproveitou a entrevista para alfinetar a cantora Ivete Sangalo e o ator Zé de Abreu. Depois disso, artistas e fãs saíram em defesa da cantora baiana .
“Estamos mexendo na Lei Rouanet. Quando entrei no governo, o limite para artistas era de R$ 10 milhões por ano. Eu passei imediatamente para R$ 1 milhão. Estou conversando com o Mario Frias agora e vamos passar, nos próximos dias, para R$ 500 mil. Queremos atender àquele artista que está começando a carreira, e não figurões ou figuronas como a querida Ivete Sangalo”, afirmou Bolsonaro em coletiva de imprensa. Um vídeo com a declaração foi postado pelo perfil oficial do presidente da República no Twitter.
O presidente continuou a criticar a artista: “Ela [Ivete Sangalo] está chateada, o Zé de Abreu está chateado, porque acabou aquela teta gorda deles, de pegar até R$ 10 milhões da Lei Rouanet e defender o presidente de plantão. Não quero que me defendam, quero que falem a verdade a meu respeito. Fizemos muita coisa”, declarou.
O desentendimento com a cantora começou na última quarta-feira (29), quando Ivete, que vinha sendo criticada por não se posicionar politicamente em entrevistas e nas redes sociais, incentivou o público de um show em Natal, no Rio Grande do Norte, a gritar insultos contra o presidente. Em um vídeo que viralizou, a plateia ecoa: "Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*", e Ivete inflama: "Não ouvi, está baixinho". A baiana afirma ainda: "Ele vai acabar escutando, de tão alto que foi".
Na ocasiação, o secretário especial de Cultura, Mario Frias, usou as redes sociais para atacar Ivete, afirmando que a cantora se silenciou sobre casos de corrupção no governo PT e que hoje “se presta ao ridículo papel de ser animadora de militante esquerdista”.
Em 2019, o governo Bolsonaro reduziu o teto — de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão por projeto — e depois voltou a ampliar o limite para alguns setores, como os musicais, que podem captar até R$ 10 milhões. Projetos de áreas como ópera, concertos sinfônicos, corpos estáveis (de teatro e dança), eventos literários, ações de incentivo à leitura e artes visuais podem chegar até R$ 6 milhões.
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No vídeo, o presidente fala sobre a captação de R$ 1 milhão "por artistas", mas, na verdade, o modelo do mecenato, ao qual Bolsonaro se referia, é orçado para cobrir todos os custos de um projeto, incluindo toda a equipe técnica. A Rouanet limita o pagamento de cachês em até R$ 45 mil (para artista solo) e R$ 90 mil (para grupos artísticos).