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Após série de acusações de abuso sexual, gravadora rompe com R. Kelly

Selo da Sony, RCA foi criticada por ativistas pela demora em retirar a obra do cantor de seu catálogo
R. Kelly é acusado de abusar de mulheres em um 'culto religioso' Foto: Frank Micelotta / Frank Micelotta/Invision/AP
R. Kelly é acusado de abusar de mulheres em um 'culto religioso' Foto: Frank Micelotta / Frank Micelotta/Invision/AP

Na última sexta-feira, R. Kelly — que já foi uma dos maiores e mais influentes estrelas da música pop — foi deixado por sua gravadora, RCA, no maior caso de rompimento da indústria musical na era do #MeToo (movimento global de denúncia de assédios e abusos sexuais).

A decisão da RCA de romper com Robert Kelly, confirmada por uma fonte que não quis se identificar por causa da confidencialidade do acordo, foi tomada após semanas de protestos. Um recente documentário televisivo, "Surviving R. Kelly" ("Sobrevivendo a R. Kelly, em tradução livre), chamou atenção para os testemunhos viscerais de mulheres que acusam o cantor de tê-las seduzido quando ainda eram menores de idade, além de terem sofrido abusos físicos e psicológicos.

Ativistas que vinham pedindo pela rescisão do contrato de R. Kelly comemoraram a notícia, mas criticaram a RCA pela demora: "Depois de anos lucrando com o catálogo de R. Kelly, apesar de saber de seu abuso sexual contra jovens negras, a Sony RCA finalmente está agindo", disse Arisha Hatch, do grupo Color of Change, numa declaração.

As acusações contra R. Kelly, de 52 anos, datam de meados dos anos 1990, quando foi revelado que, aos 27 anos, ele havia casado secretamente com uma jovem de 15 anos; o certificado de casamento foi forjado para apontar que ela era maior de idade. Logo, outras denúncias de abuso surgiram, inclusive de mulheres que afirmaram que R. Kelly fez sexo com elas quando ainda eram adolescentes.

'CALEM R. KELLY'

O artista negou ter abusado ou maltratado qualquer mulher. Don Russell, que se auto-intitula o "principal conselheiro" de Kelly, disse na sexta-feira que outras gravadoras estão interessadas em contratar o músico, apesar de ter recusado em dizer quais seriam esses selos.

A opinião pública passou a se virar contrar Kelly novamente em 2017, depois que uma investigação publicada pelo site BuzzFedd ter afirmado que ele havia preso mulheres numa espécie de "culto" abusivo". Uma campanha online foi então criada com o título de #MuteRKelly ("Calem R. Kelly"). Os termos do rompimento — inclusive se a RCA pagou algo a ele pelo término do contrato — não foram revelados.