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Cultura Música

Crítica: Repertório está aquém do potencial de IZA

Disco evidencia talento, mas peca na coesão e por excesso de participações especiais
Iza e Marcelo Falcão (ex-O Rappa) cantam juntos o hit “Pesadão” Foto: Divulgação
Iza e Marcelo Falcão (ex-O Rappa) cantam juntos o hit “Pesadão” Foto: Divulgação

RIO — Os graves e reverbs de “Ginga”, que abre o disco com a participação de Rincon Sapiência, deixam claro o embrulho luxuoso deste “Dona de mim”, estreia de IZA no combalido formato anteriormente conhecido como “disco”. Batidas sincopadas e o rap do astro paulista completam um belo cartão de visitas que, no entanto, acaba não cumprindo totalmente o que promete. As muitas participações (seis, num disco com 14 faixas), aliás, acabam prejudicando mais do que ajudando no quesito conceito. Um dos mais aguardados discos de estreia do pop brasileiro recente não precisava de tanta chancela de nomes consagrados e/ou na crista da onda.

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Capa do disco "Dona de mim" Foto: Divulgação
Capa do disco "Dona de mim" Foto: Divulgação

Marcelo Falcão (agora ex-O Rappa) empresta sua voz redonda ao hit “Pesadão”, que traz um leve sabor de reggae ao batidão de IZA, com direito a ô-ô-ôs típicos das divas recentes do pop-soul. Aprovada pelos zilhões de visualizações pela internet afora, a canção mostra um outro lado da cantora e do disco: uma voz “universal”, afinadíssima, suspirando nos momentos e com a intensidade certos. Tanta competência (lembrando os modernos programas de calouros da TV) acaba tirando a identidade da cantora — que, aliás, está de parabéns por manter intocado o tão represado sotaque carioca.

Produção impecável, participações... seria um caso de muita embalagem para pouco conteúdo? De certa forma: composições como “Corda bamba” (com Carlinhos Brown e Gloria Groove), “Rebola” (com Ivete Sangalo) e “É noix” (com o lamentável Thiaguinho) se baseiam em levadas dançantes para não ir muito longe em letras, refrãos e melodias (vide a sequência de rimas em “inho” de “É noix” e o refrão “seu corpo é meu, meu, meu, meu meu” de “Toda sua”).

“Dona de mim” fica aquém do potencial de IZA, mas mostra que, com experiência, conceito e repertório, a diva de Olaria tem tudo para construir uma carreira brilhante.

Cotação: Regular .