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Juliette diz que 'nunca vai estar 100% pronta para carreira musical': 'Não sei o dia de amanhã, a oportunidade é agora'

Campeã do 'BBB' revela que contrariou a equipe para fazer lives e que música é prioridade: 'De tudo o que eu fiz, é o que mais me faz feliz'
Juliette estreia com EP Foto: Divulgação/Fernando Tomaz
Juliette estreia com EP Foto: Divulgação/Fernando Tomaz

Campeã do último “Big Brother Brasil”, Juliette jura que, “por incrível que pareça, não buscava fama” — “mas sou muito grata e feliz por isso”. Dinheiro, sim, era um objetivo, que foi alcançado (“graças a Deus, já estou satisfeita”), não só pelo R$ 1,5 milhão do reality show, mas também pelas campanhas publicitárias que estrelou desde que saiu do Projac, em maio. Agora, a ex-advogada e maquiadora de Campina Grande (PB) quer a felicidade, representada por um sonho que antes parecia impossível: a carreira musical.

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Chegou na noite desta quinta-feira às plataformas de streaming o EP “Juliette”, com seis faixas que totalizam menos de 18 minutos (saiba mais sobre o disco) , mas que prometem fazer um barulho e tanto . Afinal, estamos falando de um fenômeno ímpar das redes sociais, que conquistou em oito meses mais de 32,5 milhões de seguidores só no Instagram.

De sua casa no Rio, ela conversou com o GLOBO por videochamada sobre sua estreia musical.

Por que estrear com um EP de músicas inéditas, e não seguir o caminho mais seguro de covers ou feats?

As pessoas sabem do que eu gosto, as músicas que eu gosto de cantar, que eu escuto. Então, optei por fazer algo que realmente parecesse comigo, independentemente de resultado comercial. Quis entregar algo genuíno, como optei ser. Até no programa, que é um reality, as pessoas sabem quem eu sou, e é o início da minha carreira. Preciso ter uma experiência própria, algo meu. Eu já perdi tanta coisa, então a minha música deveria falar sobre mim, no início.

Tem uma música preferida, ou que te represente mais?

Eu prefiro quando abro mais a voz. Tem músicas mais calminhas e outras que eu abro mais. O EP tem músicas mais animadas, safadinhas, outras mais poéticas. Uma eu penso que estou escutando numa praia, de frente para o mar, balançando numa rede; outra eu me imagino numa balada, todo mundo cantando e gritando; outra eu paquerando, dançando.

O fenômeno Juliette agora em versão cantora: campeã do ‘BBB’ une regional e moderno em EP

Há quem aponte, pela velocidade com que as coisas estão andando, que tudo já estava encaminhado para sua carreira musical quando você saiu do "BBB". Mas também é difícil acreditar, tendo assistido ao programa, que você você faria qualquer coisa que não quisesse. Sente que é a hora certa de dar esse passo?

As pessoas sabem que eu não consigo fazer algo que não me faça bem, feliz. Eu fico angustiada se eu tiver uma coisa para falar e não conseguir, nem durmo bem. Não conseguiria fazer nada que me escravizasse, me aprisionasse ou brigasse com o que eu acredito. A música sempre foi um sonho adormecido em mim. Quando eu saí, vi que as pessoas me enxergavam assim e isso me fortaleceu. Quanto a estar tudo planejado para mim, foi absolutamente o contrário. As pessoas fizeram planos com duas opções: a primeira era se eu aceitasse, a segunda se eu não aceitasse. E demorou bastante para chegarmos no projeto ideal para minha carreira, eu interferi em praticamente tudo. Por exemplo, as lives: ninguém queria que eu fizesse. Isso aí eu nunca contei.

A campeã do 'BBB 21' Juliette Foto: Divulgação/Fernando Tomaz
A campeã do 'BBB 21' Juliette Foto: Divulgação/Fernando Tomaz

Como assim?

Eu levei bronca da equipe inteira, porque o que eu fiz foi loucura. Eu não estava bem, estava com muita coisa na cabeça, ocupada, não tinha me preparado nada para fazer, eu ia cantar com profissionais... Dei um passo maior que a perna. Mas isso também faz parte de mim, eu tenho um senso de finitude muito grande. A gente nunca vai estar preparado para nossa vida, e eu não tenho a mínima vontade de esperar. E eu encarei essa jornada com a música exatamente assim. Eu nunca vou estar 100% pronta, todo mundo sabe que estou em processo, então acho que as pessoas vão me enxergar não como uma cantora profissional, mas como uma menina que canta. Uma pessoa que está começando uma trajetória. O momento certo é o que você sente, e eu não sei o dia de amanhã, não sei se vou estar viva, não sei se as oportunidades serão as mesmas nem se os ouvidos estarão abertos para escutar o que eu tenho para falar. A oportunidade é agora.

É um EP de intérprete, já que você não compôs as músicas, mas que buscou ao máximo ter sua cara, sonoridades, expressões, enfim, coisas que você gosta. Como foi a sua participação criativa nessas seis canções?

O processo de criação dessas músicas foi totalmente inspirado na minha história, nos meus gostos, metade das músicas foram feitas pelos meus amigos, pessoas que me conhecem no íntimo. Sabem como eu falo sobre a vida, sabem muito de mim. Se eu fosse fazer alguma música, seria como essas. E os outros artistas que fizeram as músicas também fizeram pensando em mim. Me sinto muito próxima das músicas, apesar de não ser compositora delas. Na preparação, eu intervim em instrumentos, pedi uma sanfona aqui, um triângulo ali, uma expressão, para mudar palavras. Pedi para cantar com a voz mais calma ou mais aberta em alguns trechos. Fiz ficar mais parecido comigo. Eu fui modificando o que não parecia tanto e chegamos num resultado onde eu estava confortável e me apropriei das músicas.

Pensa em compor, no futuro?

Eu tenho alguns textos. Antes de fazer Direito, eu fazia Letras. Gosto muito de literatura, de escrever, então eu tinha um carinho muito grande por isso. Só que como minha vida era muito dura, tive que ir atrás do que me traria retorno financeiro, uma segurança maior. Acabei deixando isso muito de lado, era como se fosse uma utopia e eu não poderia viver de utopias. Tinha o sonho de escrever, seja música, livros, mas isso ficou adormecido. E no "BBB" eu resgatei muito isso, com as pessoas falando que gostavam da minha voz, da maneira como eu falava sobre a vida. Eu falo com meus amigos que as próximas músicas eu quero escrever. Não que essas não pareçam comigo, parecem muito, mas eu quero falar outras coisas que eu ainda não falei, através da música. Essas primeiras são como se eu tivesse sentindo o solo, estou botando os pés no chão. O resultado disso é que vai direcionar os meus passos na música.

Como você definiria o EP "Juliette"?

Eu sempre foi muito eclética, apesar de ter raízes fortes na música regional. Eu amo funk, pop, eu sou assim. E enxergo que não preciso me rotular ou me limitar. Eu posso fazer algo que abranja vários ritmos. "Diferença mara" mistura um sonzinho de sanfona sutil com um pop e "Benzin" e "Sei lá" um reggae, um xote... A gente teve até uma discussão quando fomos registrar o gênero musical, se era forró, se era MPB. Eu falei "para mim, é MPB", no sentido de que música popular abarca todas as regiões. Música popular pode ser um forró, tem coisa mais popular que forró? Eu não me rotulo em apenas um gênero e nem acho que minha música precisa ser de apenas um gênero. Eu posso misturar regionalidade com modernidade de uma forma muito bonita, e é o que eu estou tentando fazer.

A música é seu foco principal?

Das coisas que eu fiz, até hoje, tentei fazer tudo da melhor forma possível: publicidade, comunicação, todas essas coisas de uma vida artística. Mas a música é o que me toca mais, parece que é o que mais faz sentido para mim. De todas essas facetas artísticas, eu nunca me imaginei apresentando, fazendo propaganda, mas eu já me imaginei cantando. O propósito, o sentido e a forma como a música comunica batem mais com o que eu acredito. De todas essas coisas, acredito que a música é o que me faz feliz. Eu não buscava fama, por incrível que pareça, mas sou muito grata e feliz por isso. Queria dinheiro, e graças a Deus já estou satisfeita, e agora quero felicidade. E a música me traz isso.

E qual seria seu maior sonho, dentro disso?

Acho que seria escrever as minhas músicas e fazer um show bem grande, talvez. E ser uma artista que as pessoas sintam, se emocionem, e sejam tocadas. Isso é o propósito final.

Como vai estar na hora do lançamento?

Eu não sei. Acho que vou estar chorando, porque foi muito difícil chegar aqui. Acho que vou estar esperando para saber o que as pessoas vão sentir com as músicas. Vou ficar pesquisando aí o que elas sentiram, tipo isso. E vou estar agradecendo a Deus por isso ter se tornado real.