Cultura Música

Liderada por vocalistas trans, As Bahias e a Cozinha Mineira se apresentam no Rival

Representantes da Nova MPB voltam à cidade após show marcante no Circo Voador
dsadsadsa
dsadsadsa

RIO — Foi no Circo Voador, em julho, que o grupo As Bahias e a Cozinha Mineira se despiu sem pudor para o público carioca. Na ocasião, elas abriam o show Salada das Frutas, que teve ainda apresentações da rapper Tássia Reis e do fenômeno Liniker e os Caramelows. Entre tantos “Fora, Temer” entoados naquela noite, o grupo, liderado pelas vocalistas Raquel Virgínia e Assucena Assucena — ambas mulheres transgênero —, destacou-se não só pelos discursos empoderados, mas também pelas composições que condensam bem o conceito de nova MPB — letras atuais com influências antigas, do baião ao reggae, passando pelo rock. Uma performance dançante, para cima e, sim, política, que elas repetem neste sábado, no Teatro Rival, no show “Etc & Tal”, que traz as faixas do disco de estreia d’As Bahias (“Mulher”, de 2015), além de releituras de canções que inspiraram a banda — que tem ainda Rafael Acerbi (guitarra), Rob Ashtoffen (baixo), Carlos Eduardo Samuel (teclado), Vitor Coimbra (bateria) e Danilo Moura (percussão). Alice Caymmi faz participação especial na festa.

— Foi um dos shows mais memoráveis que fizemos neste ano — avalia Raquel Virgínia. — 2016 foi incrível. Nosso disco raramente recebeu críticas negativas, circulamos por praticamente todas as regiões e conseguimos passar nossa mensagem. Tanto crítica quanto público perceberam que o disco tem essa linguagem renovada, da poesia, das demandas sociais, do lirismo.

Com território conquistado na cena musical contemporânea — cada vez mais preenchida por artistas que empunham a bandeira da liberdade de gênero, como Liniker, MC Linn da Quebrada, Jaloo e Rico Dalasam —, as cantoras não se calam quando são alvos de ataques por conta de suas identidades.

— Nós vivemos um momento político em que é muito importante o artista se posicionar, não ter medo e não recuar diante desse tipo de violência. Não dá para fazer a egípcia (gíria que significa “se fazer de desentendido”). Até o Chico Buarque está saindo da toca dele e indo para a rua se manifestar. Se o Chico está saindo, temos que sair também — explica Raquel.

— O espaço público, a internet e a mídia são a nossa ágora, nosso espaço de discussões políticas. Se a gente não falar, não responder, perde a discussão. Nós convencemos pela música, pela nossa performance em cena — completa Assucena.