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Mahmundi: ‘Sempre quis ser a trilha sonora das pessoas’

Cantora volta com romantismo e experiências de vida em seu segundo álbum
Filha do underground carioca, Mahmundi lança o segundo disco pela Universal. “Agora quero fazer música para vários momentos da vida”, diz Foto: Felipe Endrehano / Zimel
Filha do underground carioca, Mahmundi lança o segundo disco pela Universal. “Agora quero fazer música para vários momentos da vida”, diz Foto: Felipe Endrehano / Zimel

RIO - O amor é a única coisa que sobrevive aos dias ruins, prega a cantora, compositora, instrumentista e produtora Marcela Vale, a Mahmundi, de 32 anos. Dois anos após seu álbum de estreia, “Mahmundi”, lançado pelo selo Skol Music, ela volta com “Para dias ruins”, primeiro trabalho para a major Universal Music. Um disco carregado — como se poderia esperar — de romantismo e de experiências de vida.

— Passei um tempo falando muito sobre mim mesma, sobre como era ver o mar morando em um lugar violento — conta ela, que veio de Marechal Hermes e teve hits como “Eterno verão” e “Calor do amor”. — Agora quero fazer música para vários momentos da vida, sempre quis ser a trilha sonora das pessoas. Acabei virando esse lugar.

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Filha do underground carioca, Mahmundi hesitou um tanto a aceitar o convite da Universal Music, com medo de acabar tendo que descaracterizar o seu trabalho.

— Mas aí vi que os artistas que eu mais amava eram de grandes gravadoras — diz ela, que nutre uma paixão pela música de Phil Collins.

O efeito mais direto da mudança para a Universal Music, no fim de 2016, foi que ela passou a ter um orçamento mais generoso para gravar suas músicas. E aí pôde chamar os músicos que queria, como o baixista Alberto Continentino, para chegar ao resultado mais caprichado em faixas como “Qual é a sua?”

Paralelamente a isso, Marcela passou pela crise dos 30 anos de idade. E começou a tentar entender a si mesma como alguém que é artista e produtora ao mesmo tempo, o que às vezes era confuso em sua cabeça. Foi necessário para ela aprender a se dividir na feitura de “Para dias ruins”, disco no qual meteu a mão na massa sonora.

— O desafio era manter o orgânico dentro do digital, descobrir como gravar uma bateria, por exemplo. Tirar aquele som analógico que era impossível para a Marcela do primeiro álbum — conta. — Quero aprender, me especializar em timbres. Antigamente, as pessoas ralavam para tirar um som, não tinha essa parceria com os equipamentos digitais que tem hoje.

SEGURA NA PILOTAGEM

Depois da experiência, Mahmundi se sente mais segura na pilotagem de um disco.

— Quero ser uma produtora com quem a galera possa contar. A produção é conversa com o artista, não é só saber qual a posição em que o microfone tem que estar. E hoje penso em me desenvolver também nos processos de mixagem e de masterização de um disco.

Ao compor as canções de “Para dias ruins”, a artista não quis resolver tudo sozinha: contou com a ajuda de alguns parceiros, como Omar Salomão (em “Vibra”) e Qinho (em “As voltas”), com os quais trabalhou as ideias de letras e melodias que tinha.

— Nesse disco, aconteceu uma coisa mais orgânica, de pegar violão — revela. — Mas também gosto muito daquele momento em que a melodia bate com o timbre do teclado. É mágico.

Disco pronto, a busca de Marcela continua. Agora, ela tenta entender também como vai levar “Para dias ruins” ao palco. A opção foi por uma banda enxuta (são quatro pessoas ao todo, incluindo ela própria), “para poder viajar pelo Brasil com essa verdade das músicas”.

— A referência mais próxima que eu tinha era a da Céu, tive que procurar a minha — diz ela, que estreia o show no próximo dia 21, em São Paulo, no Sesc Pompeia.