Cultura Música

Neil Young vende os direitos sobre metade do seu catálogo de canções

Músico é mais um a não resistir às propostas da firma inglesa Hipgnosis Songs, que desde 2018 vem adquirindo hits mundiais como 'SexyBack' (Justin Timberlake) e 'Single ladies' (Beyoncé)
O cantor e compositor Neil Young, em apresentação de 2015 Foto: Joshua Roberts / REUTERS
O cantor e compositor Neil Young, em apresentação de 2015 Foto: Joshua Roberts / REUTERS

RIO - Um dos artistas mais ciosos quanto aos usos de sua música (em 2015, ele retirou seus discos do streaming, alegando "má qualidade do áudio" , mas depois voltou atrás), o canadense Neil Young fez um acordo para vender seus 50% de seu catálogo de canções para a editora Hipgnosis Songs por um valor considerado recorde, de acordo com a medida padrão da indústria. O negócio, dentro do qual o conjunto de obras teria sido avaliado entre US$ 90 milhões e US$ 105 milhões, foi anunciado esta quarta-feira, mas os termos não foram divulgados.

Fundada pelo empresário inglês Merck Mercuriadis em 2018, a Hipgnosis provocou terremotos na indústria musical nos últimos anos ao adquirir os direitos sobre um catálogo de mais 13 mil canções, entre elas hits mundiais como “SexyBack” (Justin Timberlake), “Single ladies” (Beyoncé), “Sweet dreams (are made of this)” (Eurythmics) e “Let’s stay together” (Al Green).

Mania: Por que você ouviu tanto falar de TikTok no ano passado

A aquisição das canções de Neil Young é o terceiro grande negócio em poucos dias para a Hipgnosis. Na terça-feira, ela anunciou ter comprado todo o catálogo do ex-Fleetwood Mac Lindsey Buckingham, incluindo as músicas que ele escreveu para a banda. E na segunda, informou ter adquirido os royalties de produção de Jimmy Iovine, um dos fundadores da gravadora Interscope Records. Iovine foi produtor de discos de Patti Smith, Tom Petty e U2, entre outros artistas.

As estrelas que vendem seus catálogos se tornaram uma grande tendência da indústria musical nos últimos anos, incluindo a ex-colega de banda de Buckingham, Stevie Nicks, que cedeu, por uma boa remuneração, 80% de seus direitos de publicação de músicas para uma editora rival, a Primary Wave, em dezembro. No mesmo mês, viria o negócio mais fantástico: Bob Dylan vendeu seu catálogo inteiro para o Universal Music Group por uma quantia estimada em mais de US$ 300 milhões .

Clássicos do rock

A totalidade do catálogo de Neil Young inclui cerca de 1.180 canções, que ele compôs ao longo de uma carreira que durou mais de cinco décadas e incluiu passagens pelos grupos Buffalo Springfield e Crosby, Stills, Nash & Young. Ao longo desse tempo, o canadense lançou 41 álbuns de estúdio, além de álbuns ao vivo, trilhas sonoras e mais de uma dúzia de discos dos seus arquivos, que juntos representaram 26,5 milhões de unidades vendidas nos Estados Unidos desde maio de 1991, quando a MRC Data / Nielsen Music começou a rastrear atividade musical.

Autor de clássicos do rock, como "Hey, hey, my, my", "The needle and the damage done", "Rockin' in the free world" e "Like a hurricane", Neil Young chegou ao número 1 das paradas americanas em 1972 com "Heart of gold", canção do álbum "Harvest", que também atingiu o topo da Billboard 200.

Sucesso: Quem é Napoleon Hill, autor do livro mais vendido do Brasil em 2020

Merck Mercuriadis disse que era fã de Neil Young desde os sete anos de idade, quando comprou o LP de "Harvest". Ele se referiu aos discos do artista como "parte de quem eu sou, eles são, de muitas maneiras, responsáveis por quem eu me tornei e certamente estão em meu DNA".

Totalmente contrário ao uso de suas canções em comerciais, Neil Young certamente teria problemas com uma empresa como a Hipgnosis, que obtém boa parte de sua receita licenciando seu catálogo para o cinema, a TV e a publicidade. Mas Mercuriadis tratou de pôr panos quentes, dizendo: "Temos uma integridade, ethos e paixão comuns nascidos da crença na música e nessas canções importantes. Nunca haverá um ‘Hambúrguer de Ouro’, mas trabalharemos juntos para garantir que todos possam ouvir as canções nos termos de Neil. ”

"Hambúrger de Ouro" (“Burger of Gold”) é uma referência a uma fala de Neil Young em 1973, na qual ele revelou ter sido sondado por uma empresa não identificada para usar "Heart of gold" em um anúncio. Ele fez graça, dizendo que teria de chamar a canção de "Burger of Gold" caso tivesse concordado com a proposta.