Xamã se tornou o rapper brasileiro mais ouvido no país. Em fevereiro, chegou a quase 10 milhões de ouvintes mensais no Spotify, tornando-se o cantor mais popular entre os usuários da plataforma. O hit "Malvadão 3" já foi reproduzido 157 milhões de vezes e se manteve por um mês e meio como música mais escutada no país. O rapper carioca - que este ano já fez turnê internacional, tocou na final do "BBB" 22 e irá se se apresentar no Palco Sunset do Rock in Rio, em setembro - toca neste domingo (8) no Tim Music Festival, na Praia de Copacabana. Xamã é também o primeiro convidado do Toca no Telhado, projeto do GLOBO que retorna depois de dois anos devido à pandemia de Covid-19.
Para a apresentação no telhado do jornal, o artista criado em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro, decidiu fazer um mashup exclusivo: juntou a ainda não lançada "Estrela do mar" com "De novo", uma parceria com a cantora Agnes Nunes. Veja o vídeo abaixo:
Xamã grava 'Estrela do Mar' e 'De Novo' | TOCA NO TELHADO
— A gente criou essa letra de uma forma bem relaxada. Sempre tento encaixar nas minhas composições referências de outras músicas para ficar uma coisa bem coesa e única. Faz parte da minha dorsal de criatividade. Quem escutar, vai entender umas duas ou três que tem para trás — explica o cantor.
Antes da gravação, Xamã surpreendeu a equipe e os músicos com uma rima improvisada:
— Eu sou músico de rua, né? Cantava em trem, rua, bar...então, tudo que for música de uma forma relaxada eu curto.
Em abril, o rapper fez shows na África e na Europa, com apresentações em Angola, Uganda, Portugal e Espanha. A surpresa foi chegar por lá e ser recepcionado de maneira "gigantesca". Xamã tocou no Estádio Nacional Nelson Mandela.
— Recebi muito amor da galera, fiz vários amigos, consegui interagir com outros artistas. É muito louco quando você vai para tão longe de casa e se sente em casa ao mesmo tempo , espero voltar, ir para outros países da África, foi muito da hora — comemora.
Além de Xamã, a cena atual do rap tem proporcionado números impressionantes e ganhado espaço no mainstream. Nomes como L7NNON, Matuê, Poze do Rodo, Chefin, MD Chefe, Djoga e Baco Exu do Blues, tem dominado os charts e marcado presença nos maiores festivais de música do país, como Loallapalooza, Rock in Rio e Primavera Sound. Na Cidade do Rock, por exemplo, o Palco Sunset terá um dia dedicado ao trap, por exemplo.
— O rap é uma música urbana e conseguiu ganhar uma proporção nacional. Então, agora, ele conseguiu flertar com outros estilos musicais, que antes tinham preconceito. A gente está conseguindo descriminalizar o rap, não é mais aquela coisa que olham e falam: "não, são bandidos", talvez até fossem, mas fui crime e serei poesia, sacou? — opina.
Para ter inspiração e pegar referências, Xamã diz que é de época. No momento, tem escutado muito Amy Winehouse, blues antigo para pegar samples e rock.
— E a gente nunca deixa de ouvir um pagode. Carioca, safado. A gente pega essa salada toda e sai uma mistura de todas essas coisas.