Música
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Por Silvio Essinger — Rio de Janeiro

Dóris Monteiro, a diva original do sambalanço, diz não ser a favor dessa modernidade de as pessoas quererem “fazer tudo por celular e e-mail”. Mas aceitou o convite para participar de uma entrevista por Zoom juntamente com Claudette Soares e Eliana Pittman, com quem divide hoje o palco do Teatro Riachuelo, no Centro do Rio, no show “As divas do sambalanço”.

Idealizado por Thiago Marques Luiz, o espetáculo homenageia um estilo dançante e popular da música brasileira, especialmente no começo dos anos 1960, nascido do encontro do samba, do jazz e dos ritmos caribenhos. Era o som por excelência dos bailes cariocas, com canções suingadas e divertidas, que teve como expoentes o organista Ed Lincoln, seus crooners Orlandivo e Silvio César, e cantores como Dóris, Elza Soares e Miltinho.

— Era um movimento tão lindo, que aconteceu depois da bossa nova, e que ninguém lembrou de fazer um show ou um disco em homenagem — lamenta Claudette, de 84 anos, que começou a cantar bem jovem, foi batizada de Princesinha do Baião e mais tarde modernizaria o sambalanço ao gravar “Se você quiser, mas sem bronquear”, de Jorge Ben.

Dóris, de 87, confirma:

— Eu e Claudette sempre gravamos sambalanço. Lancei “Samba de verão” (dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle) em 1964, meses depois, os Cariocas e João Donato gravaram.

Eliana, por sua vez, debutou nos palcos adolescente, quando Claudette e Dóris já estavam a toda nas boates de Rio e São Paulo, e o sambalanço começava a perder força. Mas não ficou de todo de fora do estilo.

— Eu cantava Orlandivo e Osvaldo Nunes. E o show foi revelador, pois Thiago descobriu que eu tinha gravado o “Samba de molho”, do Hélton Menezes (em 1965) — lembra a cantora, que fez sucesso nos anos 1970, ganhou o título de Rainha do Carimbó e hoje se desdobra como atriz nas séries “Sob pressão” (Globoplay) e “A sogra que te pariu” (Netflix).

Das três, Claudette é a que mais sente saudade da noite dos anos 1960.

— Cantei com todos os grandes músicos. Você entrava em qualquer casa no Rio ou São Paulo e tinha um grande pianista. Existiam as canjas, você chegava e cantava. Hoje não tem mais — lamenta.

A partir da esquerda, as cantoras Eliana Pittman, Claudette Soares e Dóris Monteiro — Foto: Divulgação/Fátima Cabral
A partir da esquerda, as cantoras Eliana Pittman, Claudette Soares e Dóris Monteiro — Foto: Divulgação/Fátima Cabral

Sobre o show, dizem que se completam em cena.

— Somos completamente diferentes. A Eliana com aquele estilo jazzístico, a Dóris com aquele balanço e aquela suavidade... e eu um pouquinho metida, querendo fazer uns balancinhos a mais — brinca Claudette.

No palco, elas passam a limpo o repertório do álbum “As divas do sambalanço”, gravado ao vivo em 2019 e que teve a turnê interrompida pela pandemia, com pérolas como “Bolinha de sabão”, “Samba toff”, “Tamanco no samba”, “Mas que nada”, “Só danço samba” e “Bolinha de papel”.

— Com a memória musical do brasileiro, as músicas que cantamos no show são surpresas — ironiza Eliana.

Claudette completa:

— Mas a nossa vingança é estarmos vivas para cantá-las!

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