Não faltou nem som de pássaros no terceiro recital da nova série do Toca no Telhado — desta vez, com participação de músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira, apresentação da Vibra e patrocínio do governo do Estado do Rio de Janeiro e da secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.
— Acho que os passarinhos estão acompanhando a nossa música, eles reconhecem Pixinguinha — brinca o clarinetista da OSB Márcio Costa, que junto com seu colega de orquestra, o violinista Michael Machado, apresentou um arranjo para o duo de instrumentos no imortal choro “Carinhoso”.
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Continuação de uma parceria entre a Orquestra Sinfônica Brasileira e O GLOBO, que começou 50 anos atrás com o primeiro concerto do Projeto Aquarius, o Toca no Telhado agora leva a música clássica a um palco mais intimista: os jardins no topo do prédio que abriga a redação do jornal.
Duo de clarinete e violino apresenta 'Carinhoso' I TOCA NO TELHADO
Sucesso na voz de Elis Regina e Elizeth Cardoso, regravada mais de 400 vezes e considerada a terceira melhor música brasileira de todos os tempos pela revista “Rolling Stone Brasil”, “Carinhoso” é a obra mais famosa do maestro, flautista, saxofonista, compositor e arranjador Alfredo da Rocha Vianna Filho (1897-1973), o Pixinguinha.
— O “Carinhoso” se encaixa em tudo, ele é muito bem escrito e muito melódico. Foi composto para ser um choro, mas acabou virando um hino. Ele tem um formato que foge à convenção do choro, que é de temas com três partes. Ele tem só duas partes, a A e a B — explica Márcio Costa. — Por muitos anos o “Carinhoso” não foi tocado exatamente porque não seguia os padrões do choro, e só foi ressuscitado depois que puseram uma letra (de João de Barro, o Braguinha) e virou uma canção. Ele se adequa a qualquer formação, seja sinfônica ou de roda de choro.
Integrante da Orquestra Sinfônica Brasileira desde 2015, Márcio fez no Toca no Telhado a sua estreia com o mais recente membro da OSB – e também o mais jovem. Aos 19 anos, vindo de Tatuí (interior de São Paulo), Michael Machado executou com seu colega um arranjo de “Carinhoso” escrito por Ana Azevedo durante a pandemia, num projeto de música à distância do Vale Música, iniciativa do Instituto Cultural Vale.
— Aqui (no Toca no Telhado) você consegue ouvir mais quem está do seu lado do que está tocando em grupos maiores — compara Michael. — Mas quando você vem para um ambiente aberto, muda a acústica e você tem que pensar em maneiras diferentes de tocar.
É um desafio, sim. Mas que, segundo Márcio Costa, ele e Michael Machado tiram de letra.
— O fato de participarmos de um ambiente sinfônico nos dá confiança para tocar juntos pela primeira vez e saber o que temos que fazer — assegura.