Música
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Por Mari Teixeira — São Paulo

Billie Eilish traz um sussurro característico na voz que, desde 2017, se torna cada vez mais ruidosa e atinge um número incontável de fãs — só no Spotify são mais de 51 milhões de ouvintes mensais. Horas antes de a cantora de Los Angeles se apresentar para milhares deles na noite de abertura do Lollapalooza em São Paulo, a jovem de 21 anos se sentou no sofá de uma suíte do hotel cinco estrelas em que estava hospedada com roupas confortáveis, trancinhas no cabelo e mascando chiclete, e revelou ter “altas expectativas” em estar no Brasil pela primeira vez.

—Todos os meus primeiros fãs eram brasileiros. A primeira conta criada por fãs era “Billie Eilish Brazil”. Os primeiros comentários (nas redes sociais) que recebia não eram dos meus amigos, eram “venha ao Brasil”. Eu vim e estou superempolgada — conta sorridente a cantora que chegou a marcar shows no país em 2020, mas precisou cancelar devido à pandemia do coronavírus.

A estética pop alternativa e experimental que envolve as músicas criadas por Billie e seu parceiro de composições e produção, o irmão mais velho, Finneas, vem acompanhada de letras sentimentais e pessoais. Decepções amorosas, amadurecimento e superação são temas recorrentes. Em seu último álbum, de 2021, “Happier than ever”, a faixa homônima, por exemplo, une bem os três. “You clearly weren’t aware that you made me miserable [...]/ When I’m away from you/ I’m happier than ever” (“claramente você não estava ciente que me deixou péssima/ quando estou longe de você/ sou mais feliz que nunca”, em tradução livre), diz trecho.

Ainda no mesmo disco, Billie aproveitou para experimentar falar de amor de uma forma diferente. Inovou dedicando uma faixa a um gênero musical brasileiro, a bossa nova. A música intitulada “Billie Bossa Nova” une o ritmo com intervenções eletrônicas, já típicas das experimentações da produção de Finneas. A bossa nova ela conta que conheceu aos 13 anos por meio de um produtor.

— Sempre foi um som que me atraía, mas eu não sabia o nome até que em uma das minhas primeiras sessões (de estúdio) um produtor me mostrou e perguntou se eu sabia o que era. Eu disse “aaah, isso é bossa nova! Eu amo esse som, me dá mais (risos)”. E essa música foi uma ode à bossa nova, mas quase não nomeei daquele jeito porque eu não queria reivindicar, como se fosse para mim, sou só uma fã. Sou muito fã de música brasileira — diz Billie, acrescentando o que o amor, tão mencionado em suas músicas, significa para ela. —Amor é sobre segurança e nunca estar nervosa ou pisando em ovos perto de alguém. Acho que você precisa se sentir livre para ser você mesmo, isso em todas as relações, não somente românticas.

Enquanto Billie, lá de Los Angeles, admirava a musicalidade brasileira, aqui do Brasil, outro compositor se sentiu inspirado pela artista. Caetano Veloso cita a cantora e seu irmão na música “Anjos tronchos”, dizendo: “Miss Eilish faz tudo do quarto com o irmão”, em referência ao início da carreira dos dois, quando compunham e produziam em casa, em seus quartos.

— Isso é incrível, me sinto tão relevante. Ser citada por qualquer um em uma música já é uma honra, mas quando é de um mundo completamente diferente eu me sinto ainda mais honrada. É engraçado que ele saiba que eu exista e é muito legal saber que tenho impacto não só na minha cidade natal. É insano estar na América do Sul e as pessoas saberem minhas letras, ficarem empolgadas em me ver. Ao redor do mundo posso ter essa conexão e tudo graças a internet. Mundo maluco que vivemos — reflete a cantora, que apenas no Instagram tem 108 milhões de seguidores.

‘‘Swarm’ foi a coisa mais legal que eu já fiz’

A carreira relativamente curta (Billie Eilish lançou o primeiro EP, “Don’t smile at me”, em 2017) é uma contradição quando se olha para o número de conquistas. São sete Grammys — três deles nas maiores categorias da premiação, gravação do ano (“Everything I wanted” e “Bad guy”) e álbum do ano ( “When we all fall asleep, where do we go”) —, um Oscar e um Globo de Ouro, ambos pela música original “No time to die”, feita para o filme “007 — Sem tempo para morrer”. As estatuetas fizeram de Billie a artista mais jovem da História a conquistar os três prêmios (Grammy, Oscar e Globo de Ouro).

Billie Eilish e Finneas O'Connell — Foto: AFP
Billie Eilish e Finneas O'Connell — Foto: AFP

Nada disso ela conseguiu sozinha. Billie está sempre com os pais, Maggie Baird e Patrick O’Connell — a mãe da cantora, inclusive, distribuía perfumes “Eilish” de brinde à equipe presente na entrevista —, e com Finneas. Este tem um lugar especial na vida e na carreira da artista: além de os dois aparecerem sempre juntos, são responsáveis por hits com bilhões de plays só no Spotify, como “Lovely” (uma parceria com Khalid) e “Everything I wanted”.

— Ele é meu melhor amigo e sempre será o número um para mim. Não vejo a gente se afastando nunca, e tê-lo como meu “parceiro no crime” é uma bênção. Poder ter meus pais por perto é especial também, e sei que não vai ser sempre assim, então estou tentando aproveitar agora — diz Billie.

E, como bem pontuou Caetano, Billie e Finneas escreviam e produziam música em seus quartos desde muito novos, aos 11 anos. Foi aos 14 que ela emplacou seu primeiro hit, “Ocean eyes”, hoje com mais de um bilhão de plays no Spotify. De lá para cá, lançou um EP e dois álbuns. Com a carreira musical estabelecida, a artista resolveu experimentar novos caminhos e atuar. Seu primeiro trabalho, como Eva da série “Swarm”, está disponível desde o dia 17 no Prime Video. A personagem é uma líder fanática de um grupo de “empoderamento feminino”.

— Quero atuar mais, é só eu achar que funciona. “Swarm” foi a coisa mais legal que eu já fiz. Se tivesse acordado de um sonho, tipo um ano atrás, e dito “mãe, eu tive um sonho muito louco, estava em uma série escrita por Donald Glover, com elenco tal e tal”, esse seria um tipo de sonho que eu teria ficado muito chateada de não ser realidade. É legal pensar nisso, foi superdivertido e, com certeza, farei outra coisa — conta Billie, empolgada.

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