Música
PUBLICIDADE

Por Mari Teixeira — Rio de Janeiro

Desde que surgiu em 2012 com o hit “Video games” e, logo em seguida, com o álbum “Born to die”, a cantora americana Lana Del Rey não parou de engatilhar sucessos. Aos 37 anos, ela está a caminho do Brasil pela terceira vez, com apresentações no Mita Festival: 27 de maio no Rio de Janeiro e 3 de junho em São Paulo. Nesta quinta (19), ela lança a faixa “Say yes to heaven” nas plataformas de streaming (só no Spotify tem mais de 43 milhões de ouvintes mensais), já conhecida do público, mas ainda não lançada oficialmente.

Depois de “Born to die”, vieram mais oito discos, diversas indicações ao Grammy e o prêmio de Artista da Década no Variety Hitmakers Awards de 2021, tendo sido apresentada como uma das artistas mais influentes do século.

O segredo do sucesso? O trabalho de Lana passa longe da sonoridade pop convencional. Evocando uma estética retrô com letras profundas, melancólicas e ultrarromânticas, ela conquistou o mundo, incluindo aí a crítica especializada e admiradores que vão dos adolescentes aos adultos. Lana parece nadar contra a maré, em muitos sentidos. Além da musicalidade original, desativou todas as suas redes sociais, esnobando até o TikTok, o “palco” da vez.

Antes de Lana Del Rey se firmar no universo musical, Elizabeth Grant (seu nome verdadeiro) tentou despontar usando outros codinomes. Por vezes, integrando alguma banda. Por cinco anos, no entanto, contou com uma equipe própria para trabalhar sua imagem rumo ao sucesso. Deu certo. Elizabeth saiu de cena para a entrada de Lana, seguindo um script que já funcionou com outras estrelas, incluindo procedimentos estéticos e adaptações no estilo musical. Tanto que a própria não vê problema algum em admitir que é um produto fabricado para dar certo. Neste caso, um produto dos bons.

Para a especialista em marketing musical Manuela Freitas, Lana brilha porque é coerente, combinando comunicação eficiente e muito trabalho.

— Hoje, o principal é criar uma narrativa em volta de você. É sobre storytelling. Por exemplo, não combinaria Lana ser flagrada numa balada todo fim de semana. A estratégia principal é alinhar toda a comunicação com o musical — explica Manuela, acrescentando que um dos trunfos da cantora nascida em Nova York é buscar sempre renovar seu público. — Ela tem uma comunicação essencialmente adolescente, com todos aqueles sentimentos, com a melancolia, que vivemos nessa fase jovem da vida.

Encontro marcado

São justamente coerência e sinceridade nas letras que chamaram a atenção de Eduardo Kennedy. O estudante de Psicologia, de 21 anos, conheceu a cantora quando tinha 14 e se apaixonou a ponto de criar um fã-clube. Eduardo é o administrador da página no Twitter “Lana Del Rey Brasil” e, lá, publica todas as novidades relacionadas a artista. Ele não esconde a ansiedade: pela primeira vez, vai assisti-la de perto, no Rio.

— Sua voz é angelical, e ela é extremamente linda. Acho que faz tanto sucesso por ser intimista, por ser aberta com relação às experiências pessoais. Então, sempre acaba chegando a pessoas que estejam passando por aquilo — opina.

A advogada Mariana Vicente, de 28 anos, também vai ao Mita ver a cantora pela primeira vez. E diz que, se puder, fica na porta do hotel para tentar uma foto. Já o arquiteto Tadeu Braga foi a outros dois shows de Lana no país e irá mais uma vez. E o investimento como fã é alto. Além dos ingressos, Tadeu chegou a pagar R$ 560 num vinil de edição limitada.

— Ela constrói universos fictícios que se tornam muito ímpares em cada obra, sem ser um som repetitivo. E pelas letras do conjunto de músicas de cada CD, são notáveis sensações, sentimentos e intenções a serem transmitidos — ele diz.

Diferente, mas nem tanto

Para Thiago Soares, professor e pesquisador de cultura pop da UFPE, ainda que Lana tenha sua singularidade musical e, principalmente, estética, não foge tanto do que outras artistas pop como Taylor Swift pregam quando o assunto é romantismo.

— A gente está vivendo uma era de volta de valores do romantismo, não necessariamente do amor romântico, mas daquela relação com a melancolia, com a tristeza. É uma era hiperperformática. Você não sofre mais isolado, mas de maneira pública, nas redes sociais. Então não dá para descolar Lana de uma paisagem onde se tem Taylor Swift e Adele, por exemplo — avalia. — Ela não é uma artista de charts, mas, ao mesmo tempo, goza de uma reputação artística. O tamanho dela é o de sua singularidade.

Lana canta doce, sussurrado. Ora aparece com ar inocente usando coroa de flores na cabeça. Ora parece mais “dark” ao carregar no delineador preto nos olhos. Os clipes, sempre com ar nostálgico e retrô, não suavizam em nada o que canta. Não esconde o peso da vida e acha graça da “ditadura da felicidade” imposta nas redes sociais. Em março, em entrevista à Rolling Stone nos EUA, comentou isso: “Eu estava falando com minha psicóloga sobre sentir que não havia um lugar para mim, mental e fisicamente. Acho que, se você é um cantor e a opinião das pessoas sobre o seu trabalho muda tantas vezes, você acaba percebendo que há algo a aprender com aquilo. Mas, definitivamente, não sou a pessoa mais preocupada com a validação externa. Então, era importante não ter nenhuma influência da cultura exterior, a não ser pelo que ressoasse em mim. Precisava entrar em sintonia comigo.”

Por vezes, a cantora foi criticada por ser tão explícita. Para um repórter do Guardian, chegou a afirmar que gostaria de já estar morta, como diz nos versos de uma de suas canções. Na visão do psicanalista e pesquisador de cultura e comportamento Lucas Liedke, falar explicitamente sobre tristeza pode ser benéfico:

— A gente enquanto sociedade precisa lidar melhor com a tristeza, se dar espaço e tempo para contemplar as coisas. Então, é interessante esse convite que ela faz, de olhar para dentro, e com a experiência musical essa reflexão vai para um outro lugar.

Na tal entrevista para a Rolling Stone, ela analisou assim seu trabalho: “A música é como um pequeno pássaro que está sempre no meu ombro.” Que continue voando.

Mais recente Próxima Conheça DOMi & JD Beck, atrações do C6 Fest e apontados como o 'futuro do jazz'
Mais do Globo

Solange Bezerra não obteve o mesmo benefício da filha e continuará na prisão

Mãe de Deolane segue presa após influencer obter habeas corpus; empresária ficará em prisão domiciliar

À polícia ele disse que foi forçado a participar do crime para pagar uma dívida com traficantes

Homem é preso com 65 cápsulas de cocaína na cueca em aeroporto Galeão

Gravação dividiu opiniões entre os internautas

Vídeo de Leo Santana recebendo massagem viraliza e massoterapeuta rebate: 'Extremamente profissional'

Confronto, válido pela Copa Argentina, foi marcado por agressões e acusações de coerção com armas

'Disseram que iam me matar': Árbitro acusa presidente de clube de ameaça após partida da Copa Argentina

Empresário foi mencionado 4032 vezes no chat do canal do pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo; ex-presidente alcançou 6,2% menos menções

Pablo Marçal foi mais citado que Bolsonaro em transmissão de Malafaia do ato na Paulista

Vítimas fizeram registro de ocorrência na 9ª DP e exame corpo de delito no IML

Casal conta ter sido agredido por homem e filho de 13 anos dentro do metrô após discussão sobre lugar reservado a bicicletas

Cidade da Baixada Fluminense fica à frente de Niterói e de Petrópolis

Ideb: Paracambi fica em segundo lugar na Região Metropolitana

Del Boppel passeava com cachorro quando foi atacada por réptil de mais de 2 metros de comprimento

Idosa de 84 anos é mordida por jacaré e se salva de ataque após socar animal nos Estados Unidos

Toda a localidade, que compreende seis cidades do nordeste do estado de Goiás e o entorno do Distrito Federal vem sendo consumida pelo fogo há cinco dias

Brigadistas da Chapada dos Veadeiros denunciam início de incêndios no 7 de setembro: 'todo ano é a mesma coisa'