Música
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Por , Em O Globo — Rio de Janeiro

O baile até ia muito bem, obrigado, mas Rogê precisava de mais. Depois de dez anos comandando a noite de uma casa na Lapa, no Rio, ele botou a viola no saco e se mudou para os Estados Unidos. Nascido e criado no Arpoador, o músico de 48 anos está bem à vontade em West Hollywood, bairro de Los Angeles onde reside, desde 2019, com a mulher e os dois filhos. Em março, ele lançou “Curyman”, seu primeiro disco solo desde que trocou de país. Antes, em 2020, ele já havia lançado “Seu Jorge e Rogê” pelo selo Night Dreamer, um álbum inteiro feito em parceria com o amigo.

O começo em Los Angeles, no entanto, não foi fácil. Rogê diz que “a conta não fechava” e que se preocupava diante das incertezas, sobretudo financeiras.

— Vim com uma mão na frente e outra atrás — conta Rogê, por telefone, ao GLOBO.

A pandemia acentuou o problema. Mas as coisas foram se ajeitando. Hoje ele tem uma rotina que, vá lá, poderia ser na Zona Sul do Rio: corridinha na praia, mergulho no mar, encontro com os amigos, de vez em quando um futebol. Tudo em Venice Beach, ou “CopacaVenice”, como ele apelidou a região da qual é frequentador assíduo, quase um local.

Noite adentro

Quanto aos compromissos profissionais, tem preferido shows em torno de seu trabalho como compositor, embora, vez ou outra, o baile ainda o chame, é verdade.

—Esses dias toquei pra uma galera em Venice Beach, o pessoal fica maluco com a nossa música. O baile é muito bom, eu adoro, mas não dá camisa — diz Rogê. —Eu amo a noite. Aprendi muito com a noite, minha maior formação foi a noite. Para a parte de composição você vê o que funciona e o que não funciona. Mas é um lugar perigoso. Porque você acha que a vida está andando, mas é subjetivo como anda. O certo é você ter pessoas saindo de casa pra te ver, o que é diferente de entretenimento. O cara vai pra casa com um disco seu, assimilar o que você propôs — diz o músico, descrito pelo jornal Los Angeles Times com “barba por fazer de George Clooney, bronzeado permanente e arrogância de estrela do rock”.

Rogê: 'O baile é muito bom, eu adoro, mas não dá camisa' — Foto: Divulgação
Rogê: 'O baile é muito bom, eu adoro, mas não dá camisa' — Foto: Divulgação

No Brasil, foram nove discos lançados, sendo sete dele sozinho. Há trabalhos com parceiros, como Arlindo Cruz, espécie de irmão mais velho do compositor carioca e que o introduziu no candomblé. O último, “Nômade”, de 2018, não teve a repercussão que ele esperava, o que o ajudou a encarar o desafio da carreira internacional. O compadre Seu Jorge — Rogê é padrinho de uma das filhas do cantor — foi um de seus maiores incentivadores. “Você tem que sair do Rio, minha vida só mudou quando eu saí”, disse Jorge ao amigo, que saiu.

— Não conheço nenhum lugar que tem o que o Rio tem. O samba, a pelada, o calor humano, a praia, esse axé é maravilhoso. Mas eu estava batendo a cabeça no teto na carreira há muitos anos. E o carioca é muito ingrato nisso. Te colocam numa prateleira e sair disso é quase uma afronta — diz Rogê. — Hoje, aqui, sinto do fundo do coração que sou representante da música brasileira. As pessoas acreditam no meu trabalho, a gravadora acredita na minha música, no desenvolvimento da minha carreira. Me sinto responsável, não como figura de entretenimento, mas de cultura, representando o carioca e brasileiro.

Reforço de peso

“Curyman” é o símbolo da guinada na carreira de Rogê, sempre lembrado pelo violão esperto e suingado e pelas músicas que exalam malandragens de um carioca nato. Neste novo trabalho, o compositor imprime ao longo de 11 faixas uma síntese das referências que o formaram como artista. O título é uma homenagem ao curimã lambaio, peixe cantado por Dorival Caymmi na canção “O vento”, que Rogê incluiu no novo disco, mas também é um trocadilho com o nome do artista, Roger José Cury — o “Cury Man”. No álbum, grita forte a influência dos afrossambas, como em “Camará”, de Rafael Rabello e Paulo César Pinheiro. Celebrando outra escola de Rogê, há as jorgebenjorianas “Pra vida” e “Eu gosto dela”, assinadas por ele. E parcerias com nomes como Nei Lopes (“Retumbar do meu tambor”), Zé Paulo Becker (“Se eu for falar de amor”), Gabriel Moura (“Yemanjá”), Marlon Sette (“Grito da natureza”) e Marcelo Moreira (“Existe uma voz”).

Gravado em três dias, “Curyman” soa Brasil, mas tem a mão de um americano. Trata-se de Thomas Brenneck, produtor e guitarrista que já trabalhou com AmyWinehouse, Jay-Z e Lady Gaga. O disco de Rogê é o primeiro lançado pelo selo de Brenneck, o Diamond West. Rogê diz que Brenneck “é um cara de soul”, e que seria cômodo fazer um disco de balanço, mas a vontade era fazer “um apanhado geral”, ele explica. O disco ganhou outro reforço de peso.

— Quando gravamos, falei com o Thommy: “Irmão, o que você acha do Arthur Verocai fazer o arranjo de cordas?” E o Thommy: “Uau, ele é uma lenda! Ele poderia?” Liguei pro Verocai na frente dos caras e ninguém acreditava. Na semana seguinte, baixei no Brasil com o Tommy na casa do Verocai. O que ele agregou, o que ele contribuiu em termos de imagem, de força, é inestimável.

Aos 78 anos, também por telefone, Arthur Verocai diz que topou “na hora” quando recebeu o convite de Rogê, a quem descreve como “um cara muito legal, simpático e família”.

— Ele é um grande artista, grande compositor. Um cara enriquecido harmonicamente, usa várias afinações de violão, é um pesquisador também — diz. — Muito talento, influência clássica, mas também um cara eclético. O disco está indo bem, uma coisa diferente pra área internacional. Ele está com a faca e o queijo na mão.

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