De grupo paramilitar russo que tira o sono de Vladimir Putin ao ex-secretário da Cultura do governo Bolsonaro Roberto Alvim, o compositor alemão Richard Wagner segue, séculos depois de sua morte, como uma referência para extremistas mundo afora. Mas por que o cantor, que nasceu em 1813 e morreu em 1883, e sua obra ainda inspiram tantos grupos neonazistas e de extrema-direita?
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A resposta mais óbvia é que ele era o compositor favorito de Adolf Hitler e ficou marcado como uma espécie de músico oficial do regime nazista. Suas composições tocavam em eventos oficiais de Estado naquela época e regularmente nos cinejornais. Desde pequeno, Hitler ouvia seu conterrâneo e ópera “Rienzi” o inspirou politicamente. O gosto de Hitler pelo conterrâneo, depois de mais velho, também tinha uma razão. O músico tinha um forte sentimento antissemita e fazia sentido também estar atrelado àquele contexto - apesar de o compositor ter tido, em determinados momentos da vida, inclinações anarquistas e antimilitaristas.
Raça pura
Wagner também era grande amigo do francês Joseph Arthur de Gobineau, um dos mais importantes teóricos do racismo na época, que desenvolveu teses sobre a raça ariana. O músico foi um dos grandes defensores da ideia de "raça pura", e seu genro e grande admirador, Houston Stewart Chamberlain, ajudou a desenvolver a ideia na Alemanha.
O ideário racista de Wagner, aliado a uma música sempre associada à grandiloquência e potência, fazem dele um braço estético que casa bem com esses grupos atuais, que pregam ódio e violência a populações não-brancas, mulheres e LGBTQIAP+.