A cantora Leny Andrade, que morreu nesta segunda-feira aos 80 anos, gravou 34 discos e era reverenciada por músicos no Brasil e no exterior. O americano Tony Bennett, por exemplo, costumava estar na plateia de seus shows nos clubs de jazz nova-iorquinos. Ela chegou a ter uma apartamento na cidade já que a agenda de shows por lá era intensa.
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Se o reconhecimento do grande público nem sempre esteve à altura da voz de Leny, o mesmo não se pode dizer de seus pares. Ela era conhecida como "a cantora dos músicos" por seu apuro técnico, pelo senso rítmico e a capacidade de improviso. Era excepcional como intérprete de canções e também como improvisadora, fazendo de sua voz um instrumento. A habilidade para o scat singing - que fez o New York Times a comparar a Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan - a associou com a turma mais jazzística da bossa nova, mas Leny Andrade não era apenas cool; sabia também carregar na emoção.
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O sucesso de público veio em 1965, com o LP “Gemini V”, reprodução do show que fez com Pery Ribeiro e o Bossa Três na boate Porão 73, no Leme. Com o sucesso, os artistas foram contratados para uma temporada no México, onde a cantora viveu por seis anos.
— Adorei morar no México (entre 1966 e 1972). No México você aprende tudo. A beber, a cantar, a trepar. Homens maravilhosos! — disse ela, em entrevista ao GLOBO no aniversário de 80 anos.
Em sua longa carreira discográfica, Leny Andrade fez alguns álbuns dedicados exclusivamente a um compositor, entre eles um para Cartola e outro para Nelson Cavaquinho (do disco do primeiro está na playlist a faixa “Vai, amigo” e de Nelson, “A flor e o espinho”).