Música
PUBLICIDADE

Por O GLOBO — Rio de Janeiro

A cantora Lady Gaga usou seu perfil no Instagram para homenagear o cantor Tony Bennett, morto no último dia 21, aos 96 anos. Gaga e Bennett eram muito amigos e gravaram dois álbuns juntos, além de terem feito turnês. A cantora chegou a pensar em largar a carreira, mas desistiu após ser convencida do contrário por Bennett.

Em sua mensagem, Gaga escreveu que sentirá saudade de Bennett "para sempre".

"Tony e eu tínhamos esse poder mágico", escreveu a cantora. "Nós nos transportamos para outra era, modernizamos a música juntos & demos a ela uma nova vida como um duo de cantores. Mas não era um ato. A nossa relação era muito real. Ele com certeza me ensinou sobre música, sobre a vida no showbiz, mas também me mostrou como manter o meu espírito elevado e a minha cabeça para frente".

Gaga também disse que Bennett era um otimista, que acredita na qualidade do trabalho e da vida.

"E havia a gratidão... Tony era sempre grato. Ele serviu na Segunda Guerra Mundial, marchou com Martin Luther King Jr., cantou jazz com os maiores cantores e músicos do mundo", disse Gaga.

Gaga também escreveu que "esteve de luto pela perda de Tony" e que os dois tiveram "uma despedida longa e poderosa".

"Embora houvesse cinco décadas entre nós, ele era meu amigo. Meu amigo verdadeiro e real. A nossa diferença de idade não importava - na verdade, isso deu a cada um de nós o que não tínhamos com a maioria das pessoas", escreveu a cantora.

Post de Lady Gaga em homenagem a Tony Bennett — Foto: Reprodução/Instagram
Post de Lady Gaga em homenagem a Tony Bennett — Foto: Reprodução/Instagram

"Perder Tony para o Alzheimer foi doloroso, mas também muito bonito. Uma era de perda de memória é um tempo sagrado na vida de uma pessoa. Há um sentimento de vulnerabilidade e o desejo de preservar a dignidade. Tudo o que eu queria é que Tony lembrasse o quanto eu o amava e o quanto eu era grata de tê-lo na minha vida", escreveu Gaga.

"Eu nunca vou me esquecer dessa experiência. Nunca vou esquecer Tony Bennett. Se eu puder dizer alguma coisa sobre isso ao mundo, eu diria não descontem nos mais velhos, não os deixem para trás quando as coisas mudarem. Não recuem quando se sentirem tristes, apenas continuem em frente, a tristeza é uma parte disso. Cuidem dos seus mais velhos e eu prometo que vocês aprenderão alguma coisa especial. Talvez até mágica. E prestem atenção ao silêncio - alguma das trocas mais significativas entre mim e o meu parceiro musical eram sem nenhuma melodia", escreveu Gaga, que se despede na mensagem dizendo "Eu te amo, Tony".

'O cantor mais popular do mundo'

Com mais de 70 anos de carreira, Bennett chegou a ser chamado de "o maior cantor popular do mundo" por Sinatra. Até 2009, vendeu mais de 50 milhões de discos. Ele ficou mais mais conhecido no mundo pela gravação de 1962 de "I left my heart in San Francisco", até hoje sua canção mais popular.

A "Variety" destacou que o artista foi um dos principais do segmento pop nos anos 1950 e início dos anos 1960. No entanto, retomou o estrelato nos anos 1990, sob a gestão do filho, Danny. Ele também voltou aos holofotes da música mundial ao gravar um dueto de "Body and Soul" com Amy Winehouse. Também lançou um álbum com Diana Kral e gravou canções com Lady Gaga.

A última aparição pública do artista foi com Gaga, no Radio City Music Hall em agosto de 2021. O último lançamento de sua carreira ocorreu dois meses antes disso — um set de "Love For Sale", sequência de "Cheek to Cheek" que alcançou o topo das paradas de 2014.

Vida e obra de Tony Bennett

Tony Bennett nasceu Anthony Dominick Benedetto em 1926. Filho de imigrantes italianos, ele teve uma educação pobre em Queens, em Nova York. Seu pai morreu quando ele tinha 10 anos, quando o menino já cantava profissionalmente. Na adolescência, ele se tornou um garçom cantor, ganhando dinheiro para a família antes de se matricular para estudar música e pintura na Escola de Arte Industrial de Nova York.

Depois de servir nos estágios finais da Segunda Guerra Mundial como soldado de infantaria do Exército dos EUA na Alemanha e na França (a experiência com a guerra, que ele definiu certa vez como "assassinato legalizado", o traumatizou pela resto da vida) , Bennett começou sua carreira como cantor de canções pop comerciais (inicialmente com o nome de Joe Bari) e depois acabou assinando com a Columbia Records.

Seu primeiro grande sucesso veio em 1951 com Because of You, que ganhou popularidade nas jukeboxes, depois alcançou o primeiro lugar nas paradas pop, vendendo mais de um milhão de cópias.

Os sucessos continuaram ao longo da década: "Blue velvet", "Rags to riches", nos quais buscou igualar-se o suingue de seu herói de infância, Frank Sinatra. Nos 50, também, ele lançou álbuns que virariam clássicos, como "The beat of my heart" e "Basie wings, Bennett sings".

Logo, Tony Bennett se tornou um ídolo adolescente e, quando se casou com sua primeira esposa, Patricia Beech, em 1952, milhares de fãs se vestiram de preto para "lamentar" a cerimônia.

Sua carreira sofreu um golpe em meados dos anos 60, com a chegada às paradas americanas do rock de bandas inglesas como os Beatles e os Rolling Stones. Nos 70, ele enfrentou uma série de problemas pessoais, incluindo o fim de seu segundo casamento e um sério vício em drogas. No entanto, dois álbuns gravados com o pianista Bill Evans (em 1975 e 1976) seriam a chave para seu ressurgimento como uma figura central na música dos Estados Unidos.

A virada vida veio quando Tony Bennett contratou o filho Danny para ser seu empresário. Seu álbum da volta, "The art of excellence" (1986), devolveu-o de vez o sucesso. "Perfectly Frank" (1992) – uma homenagem a Frank Sinatra – liderou as paradas de jazz da Billboard dos EUA, enquanto o "MTV Unplugged", de 1994 viu Bennett ganhar um Grammy de álbum do ano.

Lady Gaga, em desenho de Tony Bennet — Foto: Reprodução/Instagram
Lady Gaga, em desenho de Tony Bennet — Foto: Reprodução/Instagram

A partir daí, o cantor tornou-se uma presença constante nas TVs e colaborou com uma série de artistas como kd lang, Amy Winehouse, Queen Latifah e Diana Krall, que ajudaram a manter sua relevância com artistas mais jovens. Seu álbum de 2006, "Duets: An American Classic", contou com participações de Paul McCartney, Elton John e George Michael.

Admirador da cantora Leny Andrade, Tony Bennett chegou a gravar o clássico de Milton Nascimento, "Travessia" (com letra em inglês, "Bridges"), e veio ao Brasil algumas vezes. Em 1979, deu canjas em boates cariocas em apresentações dos pianistas Luiz Eça e Osmar Milito. Em 2012, gravou em Miami duetos com Ana Carolina e Maria Gadu para o disco "Viva duets".

Além de cantar, Tony Bennett foi um exímio pintor, com telas expostas no Smithsonian Institution e no Butler Institute of American Art. Em 2001, ele fundou a Frank Sinatra School of the Arts em Queens, Nova York, que oferece formação em artes plásticas, dança, música vocal e instrumental, teatro e cinema.

Democrata por toda a vida, Bennett apoiou o movimento dos direitos civis, participou das marchas de Selma a Montgomery em 1965, e se recusou a se apresentar na África do Sul da era do apartheid.

Mais recente Próxima Após anos no estúdio, Liminha cai na estrada com outros músicos: 'Vou reclamar do quê?'
Mais do Globo

Especialistas preveem que regras sejam publicadas ainda este ano. Confira o que está para sair

Depois do CNU: Banco do Brasil, Correios e INSS, veja os concursos com edital previsto

Em 2016, com recessão e Lava-Jato, rombo chegou a R$ 155,9 bilhões. Pressão política para investir em infraestrutura preocupa analistas, que defendem regras de gestão mais rígidas

Fundos de pensão de estatais ainda têm déficit de R$ 34,8 bi e acendem alerta sobre ingerência política

Ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, afirmou que Madri atendeu a um pedido de González ao conceder asilo e disse que portas estão abertas para outros opositores

Espanha não ofereceu 'contrapartida' a Maduro para retirar González Urrutia de Caracas, diz chanceler da Espanha

Dispositivos finalmente ganharão atualizações relevantes, depois de dois anos sem novidades

Além do iPhone 16: veja os novos Apple Watch e AirPods que serão lançados hoje

Suspeito do crime, Tiago Ribeiro do Espírito Santo foi preso momentos depois e autuado por feminicídio

Garota de programa é morta estrangulada em hotel no Centro do Rio

Fazendeiro receberá compensação anual de R$ 54 mil, pois a aeronave impede o plantio de grãos no terreno

Empresa aérea começa a desmontar avião preso em campo de trigo na Sibéria um ano após pouso de emergência

Gorki Starlin Oliveira conta como uma estratégia de aquisições garantiu a sobrevivência de sua empresa em meio ao colapso das grandes redes de livrarias do Brasil

‘Compramos editoras para brigar por prateleira’, diz CEO da Alta Books

Homem foi descredenciado sob a alegação de que tinha anotações criminais em seu nome

Uber é condenado a pagar R$ 40 mil a motorista de aplicativo por danos morais

Texto ainda depende de aval do presidente para ser enviado ao Congresso; proposta também prevê reduzir negativas a pedidos via LAI

Governo discute projeto para acabar com sigilo de 100 anos após críticas a Lula por veto a informações

Apresentadora fala sobre saída do ‘Saia justa’, estreia de ‘Admiráveis conselheiras’ e etarismo no terceiro episódio do podcast da Revista ELA

ELAPod: Astrid Fontenelle desabafa sobre o etarismo, manda a real sobre a maternidade e opina sobre aborto