Música
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Por Silvio Essinger

Gravado em Londres, em 1971, e lançado no ano seguinte, “Transa” é um dos discos mais significativos de Caetano Veloso. Expulso do país, juntamente com o amigo Gilberto Gil, pelo regime militar ditatorial, o baiano sofria. Os dias frios e cinzentos de Londres traziam a saudade do Brasil solar e o inspiravam a compor canções. Algumas em inglês (“You don’t know me”, “Nine out of ten”, “Neolithic man”), outras em português (“Nostalgia” e “Triste Bahia”, esta feita em cima de poema de Gregório de Matos), que ele interpretaria no estúdio de forma livre, atravessadas por citações de músicas de Carlos Lyra, Baden Powell, Dorival Caymmi e Vinicius de Moraes.

“Transa” é um disco triste e angustiado, porém sanguíneo, que atravessou décadas e que agora, 51 anos depois, Caetano recria em show, domingo, no festival Doce Maravilha.

Capa do LP 'Transa' (1972), de Caetano Veloso — Foto: Reprodução
Capa do LP 'Transa' (1972), de Caetano Veloso — Foto: Reprodução

Idolatrado por artistas como Tim Bernardes (que criou “Trepa”, uma versão do disco colorida por guitarra fuzz) e Romulo Fróes (que releu as canções do LP em show de 2022), “Transa” volta aos palcos com a atual banda de Caetano e com a participação de músicos que participaram das gravações em 1971: Jards Macalé (violão, guitarra e direção musical), Áureo de Souza e Tutti Moreno (percussões) — o baixista Moacyr Albuquerque morreu em outubro de 2000.

— É a mesma transa, sendo transada de novo — brinca Macalé, logo após ensaio com Caetano e os velhos companheiros, no qual relembraram “Nine out of ten”, “Mora na filosofia” (do sambista Monsueto Menezes, também gravada em “Transa”) e “You don’t know me” (que no disco contou com a participação de Gal Costa). — Eu não toco mais guitarra, tive que pegar uma com o Frejat para fazer o solo de “Nine”. A última vez que tinha feito ele foi no show do Romulo Fróes e acho que não saiu com a mesma velocidade com que tocava em 1971.

Para Macalé, o que faz de “Transa” um disco perene, além “do contexto em que foi gravado”, é o som obtido no estúdio, basicamente a partir de violões e percussões:

— É um som muito sincero e honesto. E tem ainda o repertório, que é muito bom, e que se revela hoje muito contemporâneo.

Da esquerda para a direita, o engenheiro de som Maurice Hughes com os músicos Aureo de Souza, Jards Macalé, Caetano Veloso e Moacir Albuquerque, em 1971, durante a gravação de 'Transa' — Foto: Reprodução/Antonio Guerreiro
Da esquerda para a direita, o engenheiro de som Maurice Hughes com os músicos Aureo de Souza, Jards Macalé, Caetano Veloso e Moacir Albuquerque, em 1971, durante a gravação de 'Transa' — Foto: Reprodução/Antonio Guerreiro

Mais do que o aguardado show de um disco mítico, a apresentação no Doce Maravilha tem, para Macalé, a função de promover o reencontro de velhos amigos — ele conhece Caetano desde 1959. No show, após a execução das faixas de “Transa” (cuja duração não chega a 40 minutos), ele se junta ao cantor e sua banda para cantar “Sem samba não dá” (música de “Meu coco”, álbum de Caetano do ano passado) e “Mal secreto”, um dos clássicos da morbeza romântica, da dupla Macalé/Waly Salomão.

Ficou para trás, há muito tempo, segundo ele, a queixa de que seu nome e os dos músicos não tinham sido incluídos na arte da edição original de “Transa”.

— Estamos revendo amigos. Não tem treta, agora é hora de música! — defende Macalé.

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