Música
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Por Bernardo Araújo, Especial Para O GLOBO — Rio de Janeiro

O início das comemorações dos 30 anos de trajetória solo de Paulinho Moska — assim como seu aniversário de 56 anos, neste sábado — tem a cara de sua carreira. Anteontem, ele se apresentou num festival em Bonito, no Mato Grosso do Sul.

— É um dia inteiro para chegar lá — diz o sempre bem-humorado compositor. — A véspera do show e o dia seguinte são de deslocamento. É a vida da gente, né? Só que eu estou velho, fico quebrado. É chegar de viagem num dia e no outro já ter show.

No Circo Voador (que ele já frequentava antes de subir ao palco, como espectador), ele se apresenta neste sábado (26) com sua banda “jovem e roqueira”, na própria definição, e filma o show para um registro audiovisual, em espetáculo dirigido por Batman Zavareze. A noite terá participações de Mart’nália, Rodrigo Suricato e Zélia Duncan.

— A ideia é fazer uma espécie de videoclipe ao vivo de cada música — diz Moska, que também milita nas artes visuais, principalmente a fotografia. — Até porque ninguém mais tem tempo para pra ver um DVD inteiro de show, né? Eu gosto, mas a garotada não dá a mínima.

Moska, o coruja

Os jovens, ele é o primeiro a dizer, não são a base de seu público, mas sempre marcam presença, também por conta de seu filho Tom Karabachian, ator e cantor que fará o show de abertura e participará da apresentação do pai.

— A mãe dele, Naná, fez uma grande reforma no apartamento, e eu ganhei de presente o Tom direto na minha casa nos últimos nove meses — diz Moska, que cantará “Você venceu” com Tom no show. — Não que eu tenha sido ausente, jamais, mas me separei com ele pequeno, com 3 anos, e um convívio assim, com ele adulto, aos 26 anos, é uma dádiva. Ele começou a tocar violão com a mesma idade que eu, 13 anos, e está sempre me mostrando as músicas que faz. Sou exigente com ele.

Tom Karabachian, filho de Paulinho Moska — Foto: Divulgação
Tom Karabachian, filho de Paulinho Moska — Foto: Divulgação

Responsável por ajudar a formar uma cena de MPB-pop, Moska diz que o convívio com a geração nascida nos anos 1990 o fez conhecer novos nomes da música muito antes da fama.

— Zé Ibarra é amigo do Tom desde pequeno, sempre frequentou a minha casa — lembra ele. — Uma vez, ele pediu pra tocar um violão meu que eu adoro, morro de ciúmes. Botei o instrumento no colo dele, porque ele mal aguentava, ele tocou uma música da Legião Urbana e eu fiquei pasmo, os olhos dele se reviraram. Na mesma hora eu liguei para a mãe dele e disse: “Seu filho transcendeu aqui em casa!” Ele é um talento absurdo, assim como o Lucas (Nunes), a Júlia (Mestre) e a Dora (Morelenbaum), que formam com ele o Bala Desejo. Esses meninos estão prontos.

Uma opinião que ele não tem sobre o próprio filho nem tinha sobre si mesmo.

— A gente tem que ralar, trabalhar, até encontrar a nossa própria voz — define. — Eu só tive a certeza de que ia pagar as contas com o meu trabalho depois de uns 15 anos de carreira. Tinha muitas dúvidas, até sobre a minha própria qualidade. O “Tudo novo de novo” (seu sexto disco, de 2003) foi o ponto da virada.

Tudo começou na Casa de Artes de Laranjeiras (CAL) e no grupo vocal Garganta Profunda, de onde saíram os anárquicos Inimigos do Rei, um estouro com sua mistura de rock e humor no fim dos anos 1980.

— Aquela experiência, quando eu tinha apenas 21 anos, foi muito importante, me expôs a uma popularidade absurda — lembra ele sobre a banda dos hits “Uma barata chamada Kafka” e “Adelaide”, que chegou a tocar no Rock in Rio de 1991 — Mas chegou uma hora em que eu não queria fazer só humor, queria trabalhar na minha música.

Fora dos Inimigos, lançou pela EMI seu primeiro disco, “Vontade”, em 1993 — “um disco de rock, mais cru, um começo”, lembra.

— Na época, fui morar com a Naná, e ela bancava tudo, eu vivia duro — conta ele, recordando o momento após a separação, que veio no ano 2000. — Fui morar em um apartamento pequeno, sem móveis, só tinha um micro-ondas e um frigobar.

Uma nova fronteira

Naquela época, um acaso fez com que Moska desse uma guinada na carreira:

— Fui fazer um show em São Paulo e uma fã uruguaia me deu um disco do Jorge Drexler, de quem ninguém aqui tinha ouvido falar.

A paixão pelo disco “Frontera”, especialmente pela música “La edad del cielo”, fez Paulinho procurar o compositor uruguaio para propor uma parceria.

— Fui atrás dele, tudo por telefone, não tínhamos as facilidades da internet atual — lembra o músico carioca. — Ele, louco como eu, topou. Por sorte, ele tinha uma escala no Rio em um voo da Espanha, onde ele mora, para Montevidéu. Não sabíamos a cara um do outro; fui ao aeroporto, vi um cara com um violão e pensei: “Deve ser ele”.

Drexler participou da gravação de “A idade do céu”, versão de Moska para seu sucesso, e o resto é história. O astro uruguaio, vencedor do Oscar em 2005, pela canção “Al otro lado del río”, do filme “Diários de motocicleta”, foi aos poucos se tornando um queridinho no Brasil. E Moska passou a se apresentar nos países vizinhos.

— Fui picado por esse inseto, e hoje em dia vou muito à Argentina (ele gravou em 2015 o disco “Locura total” com o argentino Fito Páez) e ao Uruguai, capitais e interior, além de já ter cantado na Colômbia, na Venezuela e em outros países. Vou levar Mart’nália comigo na próxima turnê.

Estabelecido, hoje ele se dá ao luxo de eventualmente recusar ofertas de shows.

— A gente vai ficando mais velho, né? — diz. — Entendo, por exemplo, todo mundo que não veio ao “Zoombido” (programa de encontros musicais que apresentou por 11 temporadas no Canal Brasil, disponível no Globoplay e nos streamings de áudio).

A essa altura, as dúvidas já foram superadas?

— Quando você passa 30 anos fazendo alguma coisa, deve ser porque deu certo, né? O tempo mostra.

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