Música
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Por O GLOBO — São Paulo

Cantora que se apresentou neste domingo (10) no festival The Town, em São Paulo, a alemã Kim Petras é considerada pioneira em seu país natal desde que se submeteu a uma cirurgia de redesignação sexual na adolescência, em 2009. À época, a artista — então com 16 anos — foi considerada a pessoa mais jovem no mundo a realizar o procedimento. O caso gerou polêmica, já que o tratamento para mudança de gênero só era autorizado para maiores de 18 anos na Alemanha.

A cantora pop — que, antes da transição, se chamava Tim — é conhecida entre seus conterrâneos por ter iniciado a terapia de reposição hormonal aos 12 anos. A história foi noticiada sobretudo no país europeu ao longo das últimas duas décadas, e a própria artista passou a narrar, nesse período, parte do processo que vivia por meio de um blog.

A cantora Kim Petras (ao centro), ao lado de bailarinos, em show no The Town, em São Paulo — Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo
A cantora Kim Petras (ao centro), ao lado de bailarinos, em show no The Town, em São Paulo — Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo

"Sempre fui contra este tipo de cirurgias em crianças tão pequenas, mas depois de ver como um de meus jovens pacientes estava feliz e muito bem adaptado após regressar de uma operação de redesignação sexual fora da Alemanha, percebi que, em alguns casos, esta é a decisão certa (para menores de idade). Kim é um caso assim: ela sempre soube o que queria", afirmou o médico Bernd Meyenburg, então responsável pelo tratamento de Kim, à época da realização da cirurgia da cantora.

A própria Kim celebrou o fato e chamou atenção para a conquista, aos 16 anos, após a realização da cirurgia: "Perguntaram-me se me sinto mulher agora, mas a verdade é que sempre me senti mulher. Acabei no corpo errado. Tudo mudou por causa desta operação. Mal posso esperar para vestir meu maiô favorito e nadar como nunca fiz antes". "Eu sei que, por causa do meu passado, as pessoas sempre vão trazer o assunto à tona. Não consigo fugir disso. Mas espero que um dia eu possa ser mais conhecida pela minha música", ressaltou ela, naquele período.

Caso pioneiro

Na Alemanha, as operações de redesignação sexual geralmente não são permitidas até o paciente completar 18 anos. No entanto, Kim conseguiu convencer os médicos quando tinha apenas 12 anos de que deveria fazer a cirurgia. Aos 14 anos, ela foi oficialmente registrada como menina — e já era famosa no país por isso. Os custos do procedimento foram cobertos pelo seguro-saúde, pois sua condição foi oficialmente diagnosticada como doença.

"Há uma falta geral de empatia com casos como o de Kim, principalmente porque as pessoas sabem pouco sobre a doença (chamada de disforia de gênero). Imagine um homem que de repente começa a ter seios ou uma mulher que começa a deixar crescer a barba contra sua vontade — é assim que Kim e outras pessoas como ela vivenciam a puberdade", explicou o endocrinologista Achim Wuesthof, ao comentar o caso, em 2009, em entrevista ao jornal britânico "Daily Mail".

"Eles (os pacientes com disforia de gênero) não são malucos, nem sofrem de doenças mentais. Eles estão simplesmente presos nos corpos errados. É por isso que é melhor ajudá-los o mais cedo possível e reduzir o trauma para eles e para as suas famílias", frisou o especialista.

A cantora Kim Petras, no festival The Town — Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo
A cantora Kim Petras, no festival The Town — Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo

Premiada com Grammy

Em 2023, Kim Petras fez história ao ser a primeira artista trans a vencer um Grammy na categoria de melhor performance pop solo ou grupo. A cantora de 30 anos dividiu o prêmio com Sam Smith pela parceria em "Unholy". Sam Smith também é um artista não-binário. Antes de Petras, Wendy Carlos, também uma mulher trans, ganhou três Grammys em 1969.

"Eu cresci perto de uma rodovia perto de lugar nenhum, na Alemanha. E minha mãe acreditou que eu era uma menina, e não estaria aqui sem ela e seu apoio", emocionou-se a cantora, ao agradecer o prêmio. Madonna também foi citada por ela, pela luta pelos direitos LGBTQIAPQ+.

Sam Smith e Kim Petras — Foto: VALERIE MACON / AFP
Sam Smith e Kim Petras — Foto: VALERIE MACON / AFP

O primeiro sucesso de Kim foi em 2017, com o single "I don’t want it at all". Mas a parceria com Sam foi verdadeiro canhão para sua carreira, levando-a ao topo da Billboard e do Spotify.

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