Música
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A partir das 17h30 deste sábado, quando o maestro Roberto Minczuk surgir no palco do Projeto Aquarius, na área externa do Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, terá sido aberta uma luminosa oportunidade para que novos adeptos criem aproximação com a música clássica — gênero secular que pode provocar insegurança em fãs recentes. O Aquarius, criado em 1972 pelo jornalista Roberto Marinho (1904-2003) junto ao então gerente de promoções do GLOBO Péricles de Barros (1935-2005) e do maestro Isaac Karabtchevsky surgiu justamente com a intenção de formar um séquito de fãs para o segmento e incluir culturalmente plateias que estavam distantes dos endereços onde acontecem os grandes concertos. E deve repetir este feito, mais uma vez, amanhã.

Na atividade do “Ibira”, serão apresentados trechos de composições famosíssimas de criadores brasileiros e internacionais. Sobem ao palco a Orquestra Experimental de Repertório e o Coro Lírico Municipal — além das cantoras Fafá de Belém e Isis Testa. Com entrada franca. Uma das primeiras peças a serem mostradas ao público pela orquestra comandada por Minczuk é a cantata “Carmina Burana”, do alemão Carl Orff (1895-1982), que é aberta pela canção “O Fortuna”. E embora essa série de nomes pareça um quebra-cabeça sem muito sentido para quem não está habituado com o tema, trata-se de uma criação da década de 1930, muito conhecida, e que figurou na trilha dos filmes “Excalibur” (1981) e “Jackass” (2002). Basta ouvir os primeiros acordes para reconhecê-la imediatamente.

Outra opção de alto quilate presente na programação — que ainda homenageará Rita Lee (1947-2023) e fará um passeio pelo cancioneiro de Fafá de Belém — é um trecho de “Il Guarany (O Guarani)” composta pelo paulista Carlos Gomes (1836-1896) no ano de 1870. Trata-se de uma ópera do tipo arrasa quarteirão, responsável por criar parte da fama de Gomes em Milão, a capital mundial da ópera naquele Século XIX. Manter ouvidos abertos para esse tipo de apresentação, com obras muito reconhecidas, é um caminho para encontrar prazer ao ouvir as composições clássicas, dizem os maestros ouvidos pelo GLOBO. Mas não é preciso parar por ai, é possível dar um toque mais “pop” à tarefa.

— Se estivesse começando a ouvir música clássica eu miraria nas sinfonias de Beethoven, porque são poderosíssimas. Mas ouviria também as trilhas sonoras de cinema do (compositor e maestro) John Williams, a de “Star Wars”, da “Lista de Schindler” ou “Indiana Jones”, tudo isso tocado por orquestras sinfônicas. O John Williams é o cara que resgatou a orquestra no cinema e de lá ela nunca mais saiu. Hoje em dia é muito difícil ver grande filme sem uma grande trilha sinfônica — afirma Minczuk. — Eu ouviria também os hits da música, as mais famosas de Mozart, caso do “Réquiem”. Ou então a Nona Sinfonia de Beethoven, as “Quatro Estações” de Vivaldi. Esse é um bom começo. Daí é possível ir para a música vocal e explorar cada instrumento individualmente, concertos de violino, peças para piano. Não há como errar com uma peça de piano do (compositor polonês) Chopin.

João Carlos Martins, a frente da Bachiana Filarmônica - SESI-SP costuma lançar mão do humor ao orientar às plateias lotadas para seus concertos sobre quais compositores deveriam conhecer.

— Ao chegar, digo que temos o maior sucesso da televisão que é o Big Brother Brasil. Mas sabe qual é o BBB da música? São Bach, Beethoven e Brahms — diverte-se. — Na sequência, começo a cantarolar “Eine Kleine Nachtmusik”, de Mozart, sem combinar com a plateia. E todos sabem acompanhar. É uma composição de mais de 200 anos. Conto isso e peço que reparem a importância da música clássica.

Curiosidade e acesso

João Carlos Martins não esconde seu interesse em alcançar novos públicos. Uma meta seguida por outros maestros e diretores de casas de espetáculos. Para plantar a curiosidade em potenciais apreciadores do segmento, Martins se une a figuras conhecidas — mesmo que não sejam da música. Dia desses, convidou o técnico do São Paulo, Dorival Jr., para “reger” o hino do clube em meio a um concerto. O vídeo, claro, fez sucesso na internet. O próximo encontro marcado é com o cantor Péricles, com quem o maestro fará um concerto de Natal no Espaço Unimed, em São Paulo.

— Além de convidar artistas populares, quis percorrer centenas de cidades do Brasil. Estou perto de chegar às 20 milhões de pessoas ao vivo. Faço cerca de 100 concertos por ano com a Bachiana Filarmônica SESI-SP.

— Tive como meta na vida imitar o que o Projeto Aquarius inaugurou. — afirma.

Ambientes e preços acolhedores

Marcus Arakaki, maestro da Orquestra Parassinfônica de São Paulo (Opesp)— cujos músicos têm algum tipo de deficiência — avalia que os mais jovens têm tido oportunidade de serem “picados” pelo “bichinho da música clássica” por meio de bons projetos de formação.

— Há projetos sociais e educacionais que pagam bolsa para que jovens possam estudar e se profissionalizar em um instrumento — diz o regente, que está preparando o livro “A história da música clássica através da linha do tempo”. — É um tempo de efervescência da formação. Ainda é preciso que as orquestras profissionais acompanhem esse movimento. De acordo com minha pesquisa, dos 26 estados mais o DF, cerca de metade não têm uma Orquestra Sinfônica própria.

A formação de público é também preocupação das casas de espetáculo nas quais os concertos e óperas são rotina. Na Sala São Paulo, por exemplo, há uma série de concertos matinais e gratuitos, aos domingos, cuja função é abrir as portas a visitantes estreantes ou pouco frequentes.

A menos de três quilômetros dali, o Theatro Municipal de São Paulo se serviu de uma programação arrojada para aumentar a diversidade dos visitantes. O lugar apresentou uma versão repaginada de “O Guarani”, com ampla participação de artistas indígenas. Também lançou mão de uma ópera cantada em português chamada “Isolda/Tristão”, focada no drama dos refugiados de países em conflito.

— Pensamos na política de preços. É acessível nos visitar — diz a diretora do Municipal, Andrea Saturnino. — Além disso, a gente foca na programação de qualidade e na recepção do público. Queremos que as pessoas se sintam bem-vindas. E isso dá resultado. Nossa ocupação média é de 80%, o que é um número muito alto..

O regente titular do municipal é o mesmo Roberto Minczuk que comandará o Aquarius neste final de semana. Para acompanhar sua apresentação, basta chegar amanhã nos arredores do Auditório do Ibirapuera e aproveitar o show, com entrada franca e sem reserva de ingressos, mas sujeito à lotação.

O Aquarius São Paulo é uma apresentação do Ministério da Cultura e tem a realização do GLOBO e CBN. O evento conta ainda com a Cidade de São Paulo como Cidade Anfitriã e o Governo de São Paulo como Estado Anfitrião, patrocínio master da Fundação Theatro Municipal, patrocínio da Vibra e da Sabesp e apoio do Grupo CCR, por meio do Instituto CCR, e da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

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