O guitarrista Celso "Kim" Vecchione, fundador do Made in Brazil, morreu no sábado, aos 74 anos de idade. A informação foi confirmada, nas redes sociais, pelo irmão do músico, o baixista Oswaldo, com quem ele criou a banda em 1967, em São Paulo. A causa da morte não foi divulgada.
“DESCANSOU! Meu irmãozinho querido descansou! Meu professor e parceiro, meu herói. Peço orações por sua alma. Muita dor nesse momento. Indo pra Sampa, totalmente desnorteado”, escreveu Oswaldo.
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Montado pelos irmãos em Pompeia (bairro paulistano de muito rock, berço de grupos como Os Mutantes e oTutti Frutti de Rita Lee), o Made in Brazil inovou, já em 1969, ao usar maquiagem artística em shows, pintando o rosto e partes do corpo.
Em 1974, com o vocalista Cornélius Lúcifer, o grupo lançou seu álbum de estreia, "Made in Brazil," pela RCA Victor, conhecido como "disco da banana" (pois trazia o desenho da fruta) e considerado um dos melhores discos de rock brasileiro da década de 1970. Dali saiu o primeiro hit do grupo: "Anjo da guarda". Esse disco conta ainda com o baterista Rolando Castello Júnior, que logo depois formaria a Patrulha do Espaço, banda do ex-Mutantes Arnaldo Baptista.
Em 1975, o Made in Brazil lançou seu segundo álbum de estúdio, "Jack, o estripador", já com Percy Weiss nos vocais e o jornalista Ezequiel Neves (que nos anos 80 descobriria o grupo Barão Vermelho) na produção. "Jack, o estripador", "Quando a primavera chegar" e "Batatinhas" são faixas desse disco que, na época, vendeu aproximadamente 90 mil cópias. Na turnê desse disco, no Rio, Ney Matogrosso fez vocais de apoio para a banda, enquanto o Roberto de Carvalho(futuro marido e parceiro de Rita Lee) tocou guitarra.
Em 1977, a banda gravou o álbum "Massacre", que acabou sendo vetado pela Censura e só foi lançado em 2005. Após dias de tensas negociações, que incluíram um show privado para apenas três censores, o espetáculo desse disco foi liberado com mudanças, entre as quais a troca de nove músicas e mudanças drásticas no cenário e divulgação.
Em 1978, o Made in Brazil lançou o álbum "Paulicéia Desvairada", seu maior sucesso. Homenagem ao poeta Mario de Andrade, o LP teve, entre os principais sucessos, "Gasolina", "Uma banda Made in Brazil" e a faixa-título. Três anos depois, foi a vez de sair "Minha vida é rock 'n' roll", disco no qual Oswaldo assumiu a função de vocalista principal, que exerceu pelos anos seguintes de banda.
Mesmo com todas as mudanças do rock brasileiro, o Made in Brazil continuou em atividade ao longo dos anos, lançando discos (alguns, ao vivo) e mantendo o seu estilo dos anos 1970. Em 2017, em comemoração aos 50 anos da banda, foi realizada no Centro Cultural São Paulo a exposição "Viva Made in Brazil" e shows comemorativos, com convidados como convidados João Gordo (dos Ratos de Porão), Serguei, Netinho (Os Incríveis), Eduardo Araujo e ex-integrantes históricos do grupo.
Em 2021, foi lançado o documentário, "Uma banda Made in Brazil", do diretor, videomaker e fotógrafo paranaense Egler Cordeiro, com várias imagens históricas e depoimentos dos irmãos Vecchione e de músicos que passaram pelo grupo - que, por sinal, entrou para o Guinness Book como aquele que mais teve formações diferentes em sua história, mais de 200.
No Instagram, João Gordo lamentou a morte do guitarrista: "Heróis não devem ser esquecidos! Descanse em paz Celso Vecchione."