Música
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Por — Rio de Janeiro

A agenda de Humberto Gessinger sempre foi cheia, desde os tempos dos Engenheiros do Hawaii, banda que liderou por mais de duas décadas, até 2008. Um de seus posts mais recentes no Instagram anuncia 11 shows marcados entre o fim deste mês e o início de dezembro, em cidades que vão das capitais (Belém, São Paulo, Florianópolis e Rio, com o Barão Vermelho) ao interior (Indaiatuba e Jaguariúna, em São Paulo; Toledo, no Paraná).

— É inacreditável como hoje em dia, quase aos 60 anos (que ele completa na véspera de Natal), eu trabalho muito mais do que antigamente — diz, bem-humorado, o cantor, compositor e multi-instrumentista gaúcho, por telefone, de sua casa em Porto Alegre (onde tem show no dia 8 de novembro). — Não são só viagens e shows, isso sempre foi assim. Porém, no auge da exposição dos Engenheiros, nos anos 1990, eu não tinha que me preocupar com as redes sociais, a capa do disco, o telão do show... Os ensaios também: hoje ensaio muito mais do que na época. Mas eu gosto. O patrão está me tratando bem.

O patrão, no caso ele mesmo, às vezes recebe suaves queixas dos músicos que o acompanham, o guitarrista Felipe Rotta e o baterista Rafa Bisogno.

— Chegamos em casa no domingo à noite, mortos, e eu mando para eles a sugestão de setlist para os shows da semana seguinte — conta ele, rindo. — Mas é uma coisa emocional, ainda estou com os shows na cabeça e me ocorrem mudanças para os próximos. Os meninos me perdoam.

Diferentes formações

Para lançar seu disco mais recente, “Quatro cantos de um mundo redondo”, Humberto se divertiu ensaiando diferentes formações: além do power trio (com Trotta e Bisogno) que o acompanha normalmente, ele gravou com um trio acústico, com o velho camarada Duca Leindecker (da banda gaúcha Cidadão Quem; os dois formaram, na primeira década deste século, o duo Pouca Vogal) e simplesmente sozinho com um violão. Mas na Suécia, senão seria fácil demais.

— Minha filha, Clara, mora na Suécia há sete anos — explica ele. — Fiz uma música para mandar para ela, “Fevereiro 13”. Achei que ficou bonita e resolvi gravar lá, quando fui de férias.

Não apenas resolveu gravar como foi ao estúdio Atlantis, onde nasceu o Abba e por onde passaram nomes de peso do pop-rock, não só suecos, como o duo Roxette, mas de outras nacionalidades: Lenny Kravitz, Elvis Costello, A-ha e Green Day foram alguns.

— Mais uma vez, foi uma coisa emocional, não técnica — explica-se ele. — Eu já ia para lá visitar a Clara, então pensei no estúdio, famoso por suas gravações com equipamentos vintage. Não quis levar um violão, achei que encontraria um bom lá, e me caiu nas mãos um Guild maravilhoso de 12 cordas, saí tocando e me senti o cara do Supertramp ou o Richie Havens. Gravei voz e violão ao vivo, tudo em um microfone só, como nos anos 1950. Quis dar esse colorido sentimental ao disco.

Apesar de fã de rock progressivo, com todas as suas nuances e suítes instrumentais, Humberto opta pela simplicidade ao gravar.

— Uns 80% do que eu ouço é essa música cheia de camadas e barulhinhos — diz ele. — Mas não vejo o estúdio como um espaço de criação. Isso vem antes, na hora de fazer a música. A gravação é uma fotografia de onde estamos musicalmente, que então levamos para a estrada, que é a vida real. Essa limitação, de tocar ao vivo com apenas mais dois caras, é importante para mim. Um estúdio com 400 mil canais não me empolga, quero apenas dar uma unidade ao que escrevi e levar para a rua.

‘Vou aonde querem me ver’

Como é comum em artistas com muitos anos de estrada, ele não tem um grande baú de inéditas prontas.

— Tenho ideias, esqueletos, como aqueles prédios que começam a ser construídos e depois são abandonados — compara o ex-estudante de Arquitetura da UFRGS (de onde veio o nome Engenheiros do Hawaii, uma zoação com os “rivais” da outra carreira e com a mania de surfe que domina Porto Alegre, cidade sem praia, há décadas). —Mas só finalizo as músicas quando vou gravar, com um projeto em mente.

Já que o foco é o palco, ele explica o principal critério de sua agenda:

— Vou aonde querem me ver — resume. — E não tento ser maior do que sou, toco em ginásios, teatros, onde couber a demanda pelo meu show. A gente colhe o que planta. Hoje em dia as estruturas são muito melhores. Lá atrás, quando a gente tocava no Gigantinho com os Engenheiros, era tudo tão rudimentar...

Por falar em passado, ele se emocionou com a regravação do clássico “The dark side of the moon”, do Pink Floyd, por Roger Waters, ex-baixista e compositor do grupo inglês.

— É claro que as versões originais das músicas ficam soando na cabeça da gente — diz. — E ele não quis melhorar o que já era clássico, apenas desglamourizou, teve muita coragem, pois seria muito fácil simplesmente fazer tudo igual. Fui ver um show do Bob Dylan na Suécia, e tinha gente rindo da forma como ele cantou as músicas, totalmente diferente das originais. Achei tão bonito... ninguém precisa viver à sombra do seu passado. Ele quis olhar para a frente. Tento fazer isso com a minha obra.

*Especial para O GLOBO

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