Maior nome do rock nacional sob a mira do mercado global, o Sepultura anunciou nesta sexta-feira, em coletiva de imprensa no Hotel Hilton, em São Paulo, sua derradeira turnê. O grupo comemora 40 anos de fundação em 2024 e, até agora, já lançou 15 discos e realizou 10 turnês mundiais.
Antes do encerramento das atividades, que Kisser chamou de “parada”, banda fará uma turnê ao longo de 18 meses e percorrerá 40 cidades de diferentes nacionalidades. O início da tour derradeira deve ser no dia 1 março, com datas no Brasil. A discussão sobre a parada nas atividades tem sido levada internamente há pelo menos 2 anos, contou a banda.
A tour mundial que marcará o fim dos trabalhos do grupo é realizada pela 30e tem o sugestivo nome de “Celebrating Life Through Death”. Em São Paulo, o show será no Espaço Unimed, no dia 6 de setembro. Já há outras datas marcadas para Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre, Uberlândia, Juiz de Fora, Brasília e Belo Horizonte, que será a primeira de todas. As vendas começam na próxima segunda-feira pela plataforma "Eventim". Ainda não há confirmação de apresentações no Rio. A banda, contudo, deve fazer um importante trecho internacional e retomar ao Brasil para concluir a tour, mas não anunciou as localidades que devem passar nessa ocasião.
Os momentos derradeiros da banda renderão um álbum de 40 músicas — com cada faixa gravada em uma cidade diferente. As primeiras gravações já foram iniciadas.
— É nossa última turnê. Vamos parar. Justamente porque estamos no melhor momento da história da banda, já passamos muitos perrengues dentro e fora do palco. Hoje temos uma condição fantástica, nos respeitamos, nos admiramos e construímos o negócio juntos. O (álbum) Quadra é prova disso. É um dos pontos altos da nossa carreira — afirmou o guitarrista Andreas Kisser, ao longo da coletiva de imprensa. — Saímos de cena tranquilos e em paz.
Impacto global
O surgimento da banda de heavy metal com sotaque — e sonoridade — brasileira remonta a cidade mineira de Belo Horizonte no ano de 1984. Na época, os irmãos Max e Igor Cavalera, que deixaram a banda em 1996 e 2006, respectivamente (e hoje tocam um projeto próprio), montaram o grupo ao lado do baixista Paulo Jr., que segue até hoje dentro do expediente da banda. Andreas Kisser chegou ao time em 1987 e se manteve na formação do Sepultura até os dias atuais.
Atualmente, a banda segue com Andreas além do baixista Paulo Jr. e mais o vocalista norte-americano Derrick Green (que entrou em 1997) e o baterista Eloy Casagrande (na banda desde 2011). Ao longo das dezenas de álbuns e mais uma seleção de turnês internacionais, o grupo chegou a estrelar um documentário em 2017 sobre a trajetória da banda — sem a presença dos irmãos Cavalera, sempre requisitados pelos fãs para retornar ao grupo, pedido que nunca foi atendido.
Sobre a derradeira turnê, não há indicativos de que os ex-integrantes apareçam para celebrar o fim. Kisser, contudo, diz que as portas estão abertas para esse retorno.
— Chamamos os irmãos Cavalera para fazer parte do documentário também, mas eles não aceitaram. A ideia não é fazer uma celebração revivendo coisas que não estão mais ai. A ideia é celebrarmos o presente. O Sepultura está ai por conta de nós quatro e da equipe — pontou. — As possibilidades estão sempre abertas, mas nunca fechamos nenhuma porta.
Internacionalizado, o Sepultura nunca deixou de olhar para dentro do país: no Rock in Rio, em 2013, apresentou-se ladeado de Zé Ramalho, para fechar o Palco Sunset naquele dia, o que criou a curiosa alcunha de “Zépultura”. Anos adiante, em 2022, no mesmo festival, foi acompanhado da Orquestra Sinfônica Brasileira em uma apresentação que ratificou o flerte dos metaleiros com a música clássica. Na ala das relações internacionais, a banda chegou a apresentar-se ao lado do Ramones com sua “Acid Chaos Tour”, em 1994.