Música
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Por — Rio de Janeiro

Autointitulado “maior festival de música brasileira do país”, o Universo Spanta inicia esta sexta-feira, na Marina da Glória, Zona Sul do Rio, a sua segunda edição com uma programação que, de fato, espanta pelo tamanho, diversidade e nível de estrelato.

Até o dia 28, passarão pelos seus dois palcos (Guanabara e Lapa, preparados para receber um total de 15 mil pessoas por noite) o primeiro show da turnê da volta do Só Pra Contrariar, mais Pabllo Vittar, Xuxa, Gloria Groove, É o Tchan, João Gomes, Jorge e Mateus, Dennis DJ e Belo, além de encontros exclusivos como os de Carlinhos Brown com Arnaldo Antunes (ou seja, dois terços dos Tribalistas), Adriana Calcanhotto com Rubel, Simone com Maria Gadú e Bebel Gilberto com A Cor do Som. E tudo isso sem falar nos desfiles de escolas de samba e outras milongas.

É uma história que começou há 21 anos, quando o economista Diogo Castelão (um paulistano de nascimento, que chegou menino ao Rio e se apaixonou pelo carnaval), então na flor das suas 24 primaveras, teve a ideia de fundar um bloco que desfilasse pela ciclovia da Lagoa Rodrigo de Freitas. Em 15 de fevereiro de 2003, o Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Spanta Neném fez sua estreia, mas não sem atropelos.

— Como lá não podia circular veículo automotor, um amigo projetou um carro para o bloco, mas na hora em que botou o som em cima dele, as quatro rodas afundaram! — recorda-se Diogo. — No fim das contas, foi um dia abençoado, porque cada um foi para um lado. Eu fui para um borracheiro, outro foi para o (Clube dos) Caiçaras, um veio correndo com um desses carrinhos de gelo... e, com as quatro rodas que juntamos, deu tudo certo.

No dia seguinte à estreia do Spanta, Diogo Castelão foi a uma roda de samba de Seu Jorge na Melt, no Leblon — e teve a ideia de fazer o Arraial do Spanta, que saiu no ano seguinte, no Estádio de Remo do Flamengo. Correu atrás de patrocinadores para o desfile do bloco e levou para o mesmo espaço os ensaios do Spanta, em espetáculos que ainda contavam com rodas e disputas de samba.

Em 2008, o economista criou uma festa infantil, o Spantinha, e reviveu uma esquecida tradição carnavalesca, a dos baile de máscaras, no Méli Mélo (na Lagoa), com participações de sambistas como Moyseis Marques e Pretinho da Serrinha. Depois, foi a vez do projeto Morro de Alegria, no Santa Marta (em Botafogo), que levava à favela os principais botecos e rodas de samba da cidade.

Diogo Castelão, em 2009, com Mart´nália, madrinha do projeto social do Spanta Neném — Foto: Divulgação/Eny Miranda
Diogo Castelão, em 2009, com Mart´nália, madrinha do projeto social do Spanta Neném — Foto: Divulgação/Eny Miranda

O embrião do Spanta como festival, ele se recorda, foi a criação, em 2011, da banda Chupeta Elétrica, que acompanhava alguns dos astros que o bloco trazia para os seus bailes, como Mart’nália, Alexandre Pires, Durval Lellis, Sidney Magal e Arlindo Cruz.

— Aí teve um momento em que o Estádio de Remo ficou pequeno e a minha própria equipe me proibiu de fazer o Spanta lá. Fomos para a Hípica, mas não sentimos muito a nossa energia ali e aí, em 2019, desembarcamos na Marina da Glória — conta.

Não era ainda o Universo Spanta — como festival, eles ocuparam o pavilhão da Marina por quatro sábados de janeiro, com um público de nove mil pessoas por dia. Em 2020, tomaram a esplanada e o pavilhão, também por quatro sábados. Veio a pandemia e, para janeiro de 2022, “num acesso de loucura”, Diogo desenhou um festival de 14 dias, pegando ainda o bosque de 60 mil metros quadrados da Marina. Era o Universo Spanta, que, a poucos dias do começo, foi cancelado, pois integrantes das equipes de Lulu Santos, Gilsons e Duda Beat testaram positivo para a variante Ômicron do coronavírus:

— Foi doído ter que adiar (para o ano seguinte). Algumas pessoas do mercado não entenderam, mas acho que adiar permitiu a gente fazer um festival melhor em 2023. Nos preparamos para problemas que, como já houve com outros festivais, poderiam ter prejudicado a marca.

O sucesso do Universo Spanta em 2023 deu o impulso para o salto em 2024.

— A nossa grande motivação era a de que não existia até então, na nossa visão, um grande festival de música brasileira — diz o economista. — Pelo tamanho e pela força da nossa música, dá para fazer um festival 100% por ela. E sem ficar repetindo nomes. Se você pegar o nosso line up de 2023 e comparar com o de 2024, vai ver que é diferente. Assim como o de 2025 também será.

Filho de Djavan, Max Viana é, desde 2019, o curador que está ao lado de Diogo Castelão na montagem da programação dos festivais do Spanta.

— Acho que o grande valor dos festivais é esse intercâmbio entre os públicos dos artistas, mas a gente faz isso com nomes que também não são os óbvios — diz Max, para quem ainda existe, no Spanta, a busca por um equilíbrio entre os artistas que “conceituam” o festival e os que vendem ingressos.

‘Soft power’

Este ano, o Universo Spanta conta com novidades como uma passarela onde ocorrerão desfiles de escolas de samba (Portela, Mangueira, Salgueiro, Grande Rio, Imperatriz Leopoldinense) e do bloco Spanta Neném, um concurso de novos talentos da música (o Voa Sabiá) e o Mais55: feira, entre os dias 24 e 26, com debates sobre a promoção da música brasileira nos mercados interno e externo.

— Nossa música é um soft power nosso. A gente importa mais cultura do que exporta. Todo mundo viaja para fora do Brasil e, quando vai a um bar, a um restaurante ou a um hotel, ele está sempre com música brasileira. Mas quem promove essa música lá fora? Acho que tinha que ser uma pauta estratégica do governo. São pouquíssimos os artistas brasileiros que conseguem de fato ter uma carreira internacional — lamenta Diogo, que planeja levar o Universo Spanta em 2025 ou para Portugal ou para a Flórida, com 100% de música brasileira, embora em um formato menor.

Empreendedor que em 2011 fundou o Rio de Negócios (empresa de projetos que atua nos setores da economia criativa) e em 2016, sem nunca ter sido skatista (sua passagem pelo esporte foi como jogador de basquete no Corinthians), criou o Skate Total Urbe, a maior plataforma de skate do Brasil, hoje Diogo Castelão se vê realizado.

— O economista acadêmico, do mercado financeiro, virou um economista criativo — brinca ele, que, mesmo sem saber cantar ou tocar qualquer instrumento, participou da composição de vários sambas-enredos do Spanta. — Estou meio aposentado por falta de tempo, mas é uma ótima terapia para mim.

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