Música
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Este ano, as indicações dos brasileiros ao Grammy – grande premiação da indústria americana da música cuja cerimônia acontece este domingo, em Los Angeles, na Crypto.com Arena – curiosamente se concentraram na categoria de melhor álbum de jazz latino. Entre os cinco discos indicados, estão os de Ivan Lins com a Tblisi Symphony Orchestra (“My heart speaks”, gravado na Geórgia, ex-república soviética), o da pianista Eliane Elias (“Quietude”) e o da cantora Luciana Souza & Trio Corrente (“Cometa”, gravado no começo de 2023 em São Paulo).

De Lisboa, Ivan, de 78 anos, diz feliz de estar concorrendo não só com compatriotas, mas com compatriotas mulheres:

— Ainda mais neste momento em que as mulheres estão reivindicando, precisando de justiça. Perder para uma mulher brasileira me deixaria muito feliz. Tomara que esse prêmio fique com o Brasil, para dar uma levantada depois de quatro anos de nuvens negras.

Um dos compositores brasileiros mais adorados pelos jazzistas americanos, Ivan Lins já havia concorrido ao Grammy de melhor disco de jazz latino por "The heart speaks" (1996), álbum do trompetistas americano Terence Blanchard, só com músicas suas e com sua participação nos vocais:

— Quando sou indicado, já me sinto 90% vitorioso, o Grammy dá uma visibilidade bacana. Mas é claro que, se você ganha, essa visibilidade fica duas, três vezes maior — analisa.

Segundo Ivan, o novo “My heart speaks” tem uma concepção “mais jazzística” do que de costume em seus discos. Ele foi gravado para a Resonance Records, selo de George Klabin, engenheiro de som que, quando jovem, trabalhou em importantes clubes de jazz e gravou muitos shows antológicos. O convite para gravar lá veio depois que o clarinetista Eddie Daniels fez “Night kisses”, um disco só com suas músicas. Ivan ficou encantado com o arranjador do disco, o alemão Kuno Schmid, que chamou para trabalhar em “My heart speaks”. Seria um disco só com cinco, seis músicos, até que veio a ideia de chamar uma orquestra:

— A gente começou a procurar uma orquestra no Leste Europeu, que fosse barata. E eu conhecia essa de Tblisi, na Geórgia, com a qual tinha feito um concerto maravilhoso, uns dois anos antes. E a gravação saiu praticamente de graça. Fizemos um concerto sem custo com eles, em troca de eles gravarem comigo.

O Grammy de melhor disco de jazz latino não é nenhum estranho para a pianista paulistana Eliane Elias, de 63 anos, que desde 1981 vive nos Estados Unidos, onde foi para estudar na prestigiosa Juilliard School of Music, em Nova York (cidade onde mora). Ela já ganhou dois, por “Mirror mirror” (em 2022) e “Made in Brazil” (em 2016). No total, Eliane foi indicada ao Grammy cinco vezes, também em outras categorias.

— Fico muito feliz de ver colegas queridos concorrendo, como a Luciana e o Ivan, que tem uma obra assim maravilhosa, ele é um compositor que tem coisas lindas e que merece um reconhecimento — defende a pianista, que fez de “Quietude” um disco de bossa nova, com mais ênfase no seu canto do que no seu piano. — Busquei aquela intimidade da relação entre a voz e do violão da bossa e escolhi canções que me marcaram muito. Depois que o João Gilberto faleceu, eu me dei conta de que praticamente todas elas tinham sido cantadas pelo João. “Quietude” traz um contraste em relação a “Mirror mirror”, que é um disco de duetos de piano.

Em 14 de junho, Eliane Elias lança mais um álbum autoral e “totalmente dos outros que fiz recentemente”. E vai sair em turnê.

— Tenho tocado nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia... tenho ido para tudo que é lugar: Indonésia, Índia, China, Japão, mas não o Brasil. O Brasil não me chamou, tá? (risos) — reclama ela, que se apresentou em Manaus e São Paulo no ano passado e no Rio, pela última vez em 2018, no Blue Note. — Nos meus shows eu explico as letras em português, mostro a nossa música e o Brasil não se dá conta. Acho que o Brasil ficaria muito felizes de escutar o meu trabalho, esse que eu tenho apresentado no mundo inteiro.

Residente em Los Angeles, Luciana Souza, de 57 anos, é, assim como Eliane Elias, uma artista paulistana cercada de elogios da imprensa jazzística americana, mas pouco conhecida dos brasileiros: filha de Walter Santos (cantor e violonista da bossa nova, que começou carreira com o amigo de infância João Gilberto), ela começou cantando jingles aos 3 anos em um estúdio de gravações administrado pelos seus pais.

Aos 17, Luciana foi morar nos EUA, mal sabendo falar inglês, para estudar composição de jazz no Berklee College of Music, em Boston. Ele mais tarde se tornou habituê da cena de jazz de Nova York, gravando seus discos de maneira independente e explorando a nova música erudita. Casada com o produtor americano Larry Klein, a cantora já tem um Grammy, de álbum do ano, pela participação no disco “River: The Joni Letters” (2007), do pianista e gigante do jazz Herbie Hancock. Agora ela entra na disputa com “Cometa”, um disco de samba-jazz gravado com paulistano Trio Corrente.

— A gente gravou tudo ao vivo, que é como eu gosto de gravar, porque o jazz tem isso, é um registro daquele momento — conta. — Cada um foi pensando o disco separadamente, eu aqui e eles em São Paulo, e aí, quando eu cheguei ao Brasil, a gente ensaiou um dia, passamos tudo e gravamos. Eu fiquei muito feliz de fazer um disco de samba, com as canções do Dorival Caymmi que eu cresci ouvindo meu pai cantar, com essa felicidade da natureza, da pessoa dançando.

“Cometa” rendeu a Luciana a primeira matéria de capa na revista “Downbeat”, a bíblia do jazz, e a possibilidade de fazer turnê americana de três semanas com o Trio Corrente, a partir de abril. E já esquematiza um giro pela Europa com o show, para depois.

— Eu sou professora aqui em três escolas, na época das aulas eu tenho que estar mais presente. Duas semanas, eu consigo sair. Mais que isso, fica complicado — diz ela, que conseguiu fazer alguns poucos shows de “Cometa” dezembro passado, em São Paulo. — Durante esse tempo todo, as pessoas reclamavam que eu nunca apostei no Brasil. É claro que eu tentei. Toquei algumas vezes aí, só que não consegui fazer tantos shows quanto fiz no Japão e na Europa porque foram me chamando para outros lugares.

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