Recordista em vários departamentos em 2023, a cantora Taylor Swift bateu mais um recorde na noite de domingo no Grammy ao ganhar, das mãos da cantora Céline Dion, em aparição surpresa, o seu quarto prêmio de álbum do ano por “Midnights” (que ainda levou o prêmio de melhor álbum pop). Veja aqui a lista dos principais vencedores da noite.
— É o meu 13º Grammy e eu não sei se vocês sabem, 13 é o meu número da sorte — disse ela, ao receber o prêmio de melhor álbum pop, aproveitando para anunciar o lançamento de seu próximo álbum em 19 de abril, “The tortured peoets department”.
SZA, favoritíssima da noite, já tinha ganhado nas preliminares os prêmios de melhor álbum de R&B progressivo por “SOS” e o de melhor duo pop por “Ghost in the machine” (com Phoebe Bridgers, do boygenius). Ela brilhou na apresentação de “Kill bill”, com coreografias de artes marciais e muitos tons vermelhos. E recebeu da amiga Lizzo mais uma estetueta, a de melhor música de R&B (por “Snooze”)
Com um emocionante voz e piano (do irmão Phinneas), Billie Eilish, apresentou “What was I made for?”, do filme “Barbie”, que pouco antes ganhara o prêmio de melhor música para mídia visual. Quando ela também ganhou o de música do ano, Billie agradeceu ao irmão (“que me fez ser quem eu sou”) e a diretora de “Barbie”, Greta Gerwig (“que fez o filme do ano”).
Mariah Carey, homenageada, apresentou a primeira premiação principal da noite: Melhor performance pop solo, e a que ganhou foi “Flowers”, de Miley Cyrus. A cantora estava presa no trânsito e quase perdeu a hora de chegar.
— Eu podia ter perdido o prêmio, mas não podia ter perdido a Mariah Carey! — brincou Miley após receber o prêmio (e antes de apresentar a música, de sabor antiguinho mas definitivamente saborosa, no show). — Eu ganhei o meu primeiro Grammy! (ela ainda levaria o de gravação do ano, também por “Flowers”).
A cantora Victoria Monét, que tinha sete indicações, levou os prêmios de artista revelação e os de melhor álbum de R&B eo de engenharia de som por “Jaguar II”. Já Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus, o trio feminino boygenius, deram uma mostra do poder feminino na cerimônia preliminar, que aconteceu no começo da tarde de Los Angeles, no Peacock Theatre. Elas levaramas estatuetas de melhor performance e melhor música de rock e o de melhor álbum de música alternativa — aos quais agradeceram com a animação de colegiais. E Phoebe ainda levou o Grammy de melhor duo pop, por “Ghost in the machine”, com SZA.
O apresentador Trevor Noah deu o tom adequado de comédia à noite do Grammy, brincando com atriz Meryl Streep (que veio por causa da filha, Grace Gummer, que é casada com o produtor Mark Ronson) e Taylor Swift, que chegaram atrasadas. A noite abriu com disco classuda, com Dua Lipa mandando “Houdini”, com dançarinos e adereços. Um número de impacto que a deixou ofegante.
De vestido vermelho, Olivia Rodrigo (outra das muitas mulheres favoritas na noite) cantou o baladão ópera-rock “Vampire”, com bastante sangue no cenário. O astro country Luke Combs e Tracy Chapman (que não se apresentava em público há anos e voltou com a mesma voz de sempre) fizeram dueto em “Fast car”, versão da música dela, de 1988, que ele tinha transformado novamente em hit. E Karol G se destacou ao levar o prêmio de melhor álbum de música urbana por “Mañana será bonito”
— Viva os latinos! — comemorou ela.
O poder de Joni Mitchell
A “matriarca da imaginação” (nas palavras da cantora Brandi Carlile, que fez as apresentações), Joni Mitchell, 80, cantou pela primeira vez no Grammy, a bela “Both sides now”. Dua Lipa e Beyoncé podiam ser vistas visivelmente emocionadas, na plateia, com o show. Na cerimônia preliminar, Joni recebeu o Grammy de melhor álbum folk por “At Newport (Live)”, gravado no Newport Folk Festival de 2022, acompanhada por um grupo que incluiu Brandi Carlile, Wynonna Judd e Marcus Mumford. Aquela foi primeira apresentação pública da cantora desde que sofreu um aneurisma em 2015.
O Ídolo do rock, Billie Joel tocou seu primeiro single em 30 anos, “Turn the lights back on”. O U2 interpretou a nova e empolgante “Atomic city” na Sphere em Las Vegas. E o nigeriano Burna Boy levando os afrobeats pela primeira vez à cerimônia do Grammy (ao lado de 21 Savage e Brandy).
Na parte dedicada aos falecidos do último ano desde o Grammy de 2023, Stevie Wonder fez um dueto virtual com Tony Bennett em “For once in my life” (e depois seguiu com “The best is yet to come”). De cortar o coração foi o “Nothing compares 2 U” de Annie Lennox para Sinéad O’Connor. E tirou o povo das cadeiras a homenagem de Fantasia Barrino para Tina Turner com “Proud Mary”. Já as brasileiras Astrud Gilberto e Rita Lee, falecidas em 2023, foram lembradas no telão.
O rap, que teve seu ápice na festa com uma sombria e futurista apresentação de Travis Scott (cantando Ï know”e “Fein”), ganhou importância no momento em que Jay Z subiu ao palco para receber o Dr. Dre Global Impact Award junto com a filha Blue Ivy (a mulher, a estrela global e platinada Beyoncé, ficou na plateia). Ele fez um discurso duro, mas positivo (“quando eu fico nervoso, eu falo a verdade”), direcionado para os artistas negros sistematicamente ignorados pelo Grammy.
— Esqueça o Grammy, você precisa é marcar presença — disse Jay Z.
Mas o rap que causou no Grammy acabou sendo o de Killer Mike. Após passar o rodo nas categoria do rap (levando melhor música, performance e álbum), na cerimônia preliminar, ele saiu do teatro algemado e escoltado pela polícia, por supostamente ter se envolvido em uma discussão com um segurança.
Brasileiros: não foi desta vez
Para tristeza do país, nenhum dos brasileiros (Ivan Lins, Eliane Elias, Luciana Souza e Trio Corrente) que concorriam ao prêmio de melhor álbum de jazz latino levou a estatueta – o disco vencedor foi “El arte del bolero Vol. 2”, do saxofonista porto-riquenho Miguel Zenón com o pianista venezuelano Luis Perdomo.